UM ABANDONO CRIMINOSO

Já tinha escrito minha nova matéria para esta coluna. Aliás, para ser franco, uns três textos estavam prontos, quando acompanhei uma amiga para visitar, mais uma vez, o que muitos consideram a pérola de nosso patrimônio. O Convento de São Francisco.

Mais uma vez, saí de lá furioso, escandalizado com a incúria de todos os órgãos (ir)responsáveis pela salvaguarda de um monumento digno de figurar ao lado do Taj Mahal, do Machu Pichu e do Mont Saint-Michel. Vejo-me obrigado a denunciar, mais uma vez, tão vergonhosa omissão. Eis o resultado de elegermos, a cada dois anos, políticos destituídos de cultura, que em nada se importam com aquilo que nos diferencia dos animais: a História, a Memória, a Cultura. Quando falo da História, não estou pensando em Collor ou Dilma. Quando menciono a Memória, não me refiro ao último livro de Paulo Coelho. E quando escrevo a palavra Cultura, não é de Luan Santana ou de alguma novela da Globo que se trata. Que tal respeitarmos, vez ou outra, uma escala de valores mais académicos, isenta de modismos?

O estado dos azulejos barrocos do convento é assustador, como assustadora é a ameaça de desabar a galeria rodeando o pátio do convento. Como é assustador constatar o precioso forro da sala capitular perdendo suas pinturas. Como é espantoso observar a castração selvagem – ainda estamos na Inquisição? - dos anjinhos dos púlpitos da igreja. E nem quero saber do estado da biblioteca barroca escondida por cima do altar-mor!

Estes senhores da Odebrecht ou da OAS, ora presos, deveriam ter sido menos generosos com os parlamentares ou com projetos editoriais de questionável autoria e prezar o significado profundo da palavra “Mecenato”.  O Brasil poderia assim ostentar as verdadeiras riquezas, fruto de peculiar civilização e se contrapor aos pagode, fio dental, rebolado e cerveja de quinta categoria. Chegamos ao ponto de não mais se entender os critérios e omissões da UNESCO.

 AS COLUNAS NÃO SUSPENTÃO MAIS NADA!

 FILÓ PARA SEGURAR O ESMALTE DOS AZULEJOS

MAIS FILÓ!