quarta-feira, 21 de outubro de 2015

ISRAEL: LUZ NO FIM DO TÚNEL

Rede global de judeus lança manifesto contra a ocupação israelense na Palestina

Grupo conta com participantes de 16 países e representa 15 organizações; ação vem em meio à onda de violência na região

Uma nova rede internacional de judeus lançou, neste final de semana, um manifesto contra a ocupação israelense na Palestina. O grupo, que ainda não tem nome, conta com participantes de 16 países (do Brasil à Austrália, da Suíça à África do Sul) e representa quinze organizações.

No documento, os autores lembram os recentes episódios de violência que têm acontecido em Israel, sobretudo contra palestinos, e cobram dos judeus de todo o mundo que se posicionem contra a repressão militar israelense e pressionem o governo do país para que ouça sua demanda.

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“Décadas de desapropriação, ocupação e discriminação são a principal razão da resistência palestina. Mais repressão militar israelense e a contínua ocupação e cerco nunca cessarão o desejo palestino por liberdade e tampouco tocarão as reais causas da violência. Pelo contrário, as atuais ações do governo e do exército de Israel criarão mais violência, destruição, e o entrincheiramento dessa divisão. Apenas justiça e igualdade a todxs trarão paz e tranquilidade axs habitantes da Palestina e de Israel”, diz uma parte do texto.

Abaixo, confira o manifesto na íntegra:

CHEGA DE MORTES – PELO FIM DA OCUPAÇÃO

Nós, membrxs de comunidades judaicas ao redor do mundo, estamos horrorizadxs pela violência que tem varrido as ruas da Palestina/Israel, custando a vida de mais de 30 pessoas, tanto palestinos como israelenses, nas últimas duas semanas. Uma menina de dois anos em Gaza foi a mais jovem das quatro crianças palestinas mortas nesse período. Um garoto israelense de treze anos está em situação crítica após levar doze facadas. Mais de mil pessoas foram feridas neste período. O medo tomou por completo as ruas de Jerusalém, centro de toda essa violência. Israelenses atirando em manifestantes palestinos em Jerusalém Oriental e seus arredores. Palestinxs esfaqueando e atirando em civis e policiais israelenses nas ruas. Forças israelenses matando palestinxs suspeitos em crimes sem julgamento prévio, mesmo quando elxs claramente não representam uma ameaça. Palestinxs jogando pedras em carros. Gangues de israelenses batendo em palestinxs, ou pedindo à polícia que atire nelxs. Palestinxs sujeitadxs a revistas humilhantes nas ruas – tudo isso tem se tornado rotineiro na cidade onde fomos educadxs a rezar pela paz, assim como em outros lugares de Israel, Gaza e Cisjordânia.

Enquanto a violência é visível nas ruas, ela também ocupa os corações e mentes de todxs. O medo está revelando o pior das pessoas, demandando mais derramamento de sangue, como se isso fosse reparar o dano feito. O medo e a retórica racista estão escalonando a situação. Mais uma vez, o governo israelense responde com o poder militar: centenas de pessoas foram detidas; o acesso palestino à Esplanada das Mesquitas, onde se encontra a Mesquita de Al-Aqsa, foi restringido; o acesso à parte do bairro muçulmano da cidade velha de Jerusalém foi proibido axs palestinxs; regras de abrir fogo foram alteradas para permitir que franco atiradorxs abram fogo contra crianças; foi estabelecida uma sentença mínima para aquelxs que atirassem pedras, afetando mais de 150 crianças que foram presas somente em Jerusalém Oriental nessas últimas semanas; e já existem propostas para impor um toque de recolher, ou mesmo o cerco à Jerusalém Oriental.

Tudo isso constitui uma punição coletiva à população palestina de Jerusalém Oriental, mais de  300.000 habitantes. No passado, medidas como estas provaram-se ineficazes em dar fim à violência. Décadas de desapropriação, ocupação e discriminação são a principal razão da resistência palestina. Mais repressão militar israelense e a contínua ocupação e cerco nunca cessarão o desejo palestino por liberdade e tampouco tocarão as reais causas da violência. Pelo contrário, as atuais ações do governo e do exército de Israel criarão mais violência, destruição, e o entrincheiramento dessa divisão. Apenas justiça e igualdade a todxs trarão paz e tranquilidade axs habitantes da Palestina e de Israel.

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