ricardo noblat
O que o PT tem a dizer sobre a roubalheira na Petrobras? Afinal, ele sempre disse que a Petrobras seria privatizada se o PSDB, um dia, conseguisse voltar ao poder.
Pois a empresa foi corrompida pelo PT, desmoralizada pelo PT e empurrada buraco a baixo pelo PT.
Hoje, o PT é uma camiseta puída com cheiro de suor, uma estrela guardada no fundo de uma gaveta, uma bandeira vermelha coberta de vergonha.
Na Petrobras, é fato, o roubo existe desde meados do governo José Sarney nos anos 80 do século passado.
Atravessou os governos Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Mas foi no governo Luiz Inácio Lula da Silva que alcançou uma escala gigantesca, segundo investigação da Polícia Federal.
Surpreso com a herança maldita, caberia ao governo Dilma livrar-se dela. Certo? Errado.
Você é ingênuo o bastante a ponto de acreditar que Dilma ignorava o que se passava com a Petrobras?
Dilma foi ministra das Minas e Energia. A Petrobras era subordinada a ela.
Foi chefe da Casa Civil da presidência da República, o segundo posto mais importante do governo. Acumulou o cargo com a presidência do Conselho de Administração da Petrobras.
Nada se fez ou se faz na Petrobras sem a aprovação do Conselho. Da compra de uma refinaria, como a de Pasadena, por exemplo, a aditivos a contratos bilionários.
A Petrobras é a empresa campeã no Brasil em contratos firmados sem licitação.
Comprada a um grupo belga, Passadena representou um prejuízo enorme para a Petrobras. Para os belgas foi o “negócio do século”. Encheram as burras de dinheiro.
Uma vez eleita para suceder Lula, Dilma nomeou para o Ministério das Minas e Energia um nome indicado por Sarney – o do senador Edison Lobão. E para a presidência da Petrobras uma de suas amigas de fé, irmãs, camaradas, Graça Foster.
Lobão foi ministro de faz de conta – quem mandava no ministério era Dilma. Quanto a Graça... Mandou na Petrobras consultando Dilma para tudo.
Em depoimento à CPI da Petrobras em junho último, Graça afirmou que jamais ouvira falar antes de corrupção na empresa.
“Só com a suspeita, nós ficamos muito envergonhados”, disse, e em seguida choramingou. Comovente! Mas pura lorota como se sabe hoje.
Graça ouvira falar de corrupção, sim. E, no mínimo, três vezes. Vamos a elas.
Pouco antes de comparecer à CPI, Graça fora informada pelo Ministério Público Holandês sobre propinas pagas pela empresa holandesa SBM na venda à Petrobras de um navio-plataforma.
A SBM ainda recebeu US$ 25 milhões extras pela antecipação da entrega do navio. Lula queria inaugurá-lo às vésperas da possível eleição de Dilma para presidente em 2010. E assim foi.
No final de 2009, em e-mail enviado a Graça, Venina Fonseca, então gerente da Petrobras, alertou-a sobre o aumento de gastos com a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
De US$ 4 bilhões, o negócio passara a custar US$ 18 bilhões.
Em outro e-mail de 2011, Venina confessou a Graça que o “imenso orgulho” que tinha de trabalhar na Petrobras dera lugar à “vergonha”. Ofereceu-se para lhe contar o que sabia. Não obteve resposta.
Demitir ou não demitir Graça?
Eis a questão que tira o sono de Dilma desde que o Procurador Geral da República cobrou a demissão da diretoria da Petrobras.
A empresa perdeu 80% do seu valor entre dezembro de 2004 e dezembro deste ano.
Graça serve à Dilma de escudo contra o mar de lama que se acumula ao pé da rampa do Palácio do Planalto. Se ele sair do meio, Dilma ficará face a face com a lama.
Lula entregou a cabeça de José Dirceu e salvou a sua, ameaçada em 2005 pelo escândalo do mensalão. Deu certo.
Dilma acabará entregando a cabeça de Graça. Resta ver se dará certo.
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