JC Teixeira
Gomes
Israel recolheu
seus tanques, após arruinar Gaza. O mundo saiu diminuído e envergonhado de mais
essa escalada de destruição, que transformou famílias de palestinos em zumbis.Eis
o que disse à revista “IstoÉ” o cidadãoAymanNimer, moradordo centro de Gaza com
mulher e três filhas: “Sob as bombas, sem sono, vivo como um zumbi”.
Nesse novo episódio da crueldade humana,
tivemos, de um lado, um dos mais bem equipados exércitos de um Estado moderno,
Israel, governado por radicais, e, de outro,um grupo de ativistas, o Hamas, que
recorre ao terror porque o mundo não reconhece sua nacionalidade como pátria. A
Palestina não é um Estado, em intolerável descumprimento à resolução da ONU que
criou também o Estado de Israel em 1947, com o generoso apoio do Brasil.
A imprensa ocidental eIsrael caracterizam os
árabes como uma facção de degenerados. Vou tentar recompor as memórias,
lembrando coisas incômodas: o terrorismo é o recurso universal dos desesperados.
Não apenas de árabes.Há dias, separatistas russos derrubaram um jato da
Malásia. Bascos e irlandeses afirmam sua nacionalidade usando o terror contra
Espanha e Inglaterra.Grupos terroristas atuaramna década de 70 na Alemanha(Baader-Meinhof),
na Itália (Brigadas Vermelhas, caso Aldo Moro), no Peru (Sendero Luminoso), no
Uruguai (Tupamaros). Bem antes, no pós-guerra, os próprios judeus recorreram ao
terrorismo para apressar a criação de Israel. Entre várias ações, Menagen
Begin, que acabaria “premier”, comandou a explosão do hotel Rei David, em
Jerusalém, matando militares britânicos e civis. Em outra espantosa operação,
foium jovem judeu fanático que assassinou o grande líder Ithzaq Rabin, para
impedir, a mando da direita ultrarradical que domina o país, a consolidação do
Acordo de Oslo, assinado com Arafat. O crime inviabilizou o acordo.
Mas não pretendo usar meu irrisório espaço
para fazer a história do terrorismo. O preâmbulo acima é apenas para lembrar
que, quando Netanyahu, o premier ultradireitista de Israel, enfatiza a
periculosidade do Hamas, omite que esse grupo está reagindo contra uma séria de
fatos que inviabilizam a paz no Oriente Médio. Exemplos: a expansão dos
assentamentos judeus na Palestina, a construção do muro da vergonha na
Cisjordânia, a lembrança de carnificinas como as de Sabra e Shatila, coma cobertura
militar de Ariel Sharon, a prolongada ocupação militar israelense, a miserável
condição dos refugiados, a resistência do governo judaico à criação do Estado
palestino. Os foguetes do Hamas, provocação perigosa e condenável, mas sem eficácia
militar, não podem ser respondidos com o massacre e a destruição de Gaza,
cidade que é quase um gueto. Leio, espantado, que cerca de 400 crianças foram
assassinadas pelos bombardeios judeus.
Fotorecente publicada
por O Globo mostrava soldados israelenses, com metralhadoras, obrigando numerosos
jovens palestinos a ficarem acocorados no chão, de cuecas. Pensei comigo: um desses
jovens será amanhã o homem-bomba que destruirá um mercado em Tel-Aviv. Pois o
ódio adubado pela humilhação mergulha suas raízes no inferno.
Excelente artigo do Mestre J.C. Teixeira Gomes.Parabens,mais uma vez.
ResponderExcluirClimerio Andrade