sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A CULPA É DO PACIENTE

Secretário de Saúde do DF culpa pacientes por falhas no atendimento

Bom Dia Brasil percorreu hospitais públicos do Distrito Federal, de madrugada, quando pacientes passam horas em busca de um médico.

Quem recorre às emergências dos hospitais públicos durante a madrugada sabe como é a agonia de passar horas à espera de atendimento. Mas o que ninguém imagina é ouvir das autoridades de Saúde que a culpa é do paciente.

O descaso no atendimento à população nos hospitais públicos não é novidade. Agora, surpreendente é o secretário de Saúde do Distrito Federal dizer que a população tem o mau hábito de procurar hospital à noite, logo ele que deveria zelar para que o cidadão fosse bem atendido.
Era para ser uma emergência. Era para ter atendimento. Mas: “Não tem uma cama para o menino deitar, está em cima de uma cadeira porque não pode levantar porque a cabeça dele está doendo muito. Estou vendo a hora do meu filho morrer”, diz Francisca Rodrigues, dona de casa.
Em outro hospital mais descaso. Uma senhora desmaia no banheiro. A família pede socorro. Nenhum profissional aparece. As netas é que ajudam a socorrê-la. “Minha avó tem 76 anos, está com crise de hipertensão, acho isso um absurdo”, diz a neta da paciente.
As equipes do Bom Dia Brasil percorreram hospitais públicos do Distrito Federal, de madrugada, quando pacientes passam horas e horas a espera de um médico. Quadro de plantonistas incompleto é recorrente. “A gente morrendo de dor tem que esperar, mesmo com dor”, diz uma paciente.
Se não for caso de oftalmologia e otorrinolaringologia. Em um hospital, o aviso na parede diz que não há essas especialidades no pronto-socorro. E gente para dar informação? Também não. Recepcionistas sumiram.
Pai com criança tem aos montes. Agora, pediatra. “A gente não está aqui por brincadeira, a gente está por necessidade. Eu tenho meu filho aqui, tenho outra criança em casa, então, se eu estou numa hora dessa no hospital é porque eu preciso”, afirmou Flávia dos Santos, professora.
Ao ver os flagrantes, no estúdio do Bom Dia DF, o secretário de Saúde admitiu falhas, mas também culpou a população por procurar médico à noite. Apontou esse como um outro problema.
“O mau hábito da população de procurar hospital apenas à noite. É certo que as pessoas trabalham, que têm suas necessidades. Mas, você organizar um sistema como esse, na sua complexidade, também atendendo as necessidades de cada pessoa torna-se uma tarefa hercúlea de grande dificuldade”, destacou Elias Miziara, secretário de Saúde ao Bom Dia DF, nesta terça-feira (19).
Mas, durante o dia, o sistema também tem problemas. Assim que terminou a entrevista, as equipes voltaram aos hospitais. O que encontraram? A mesma situação da noite.
“Eu cheguei era mais ou menos umas sete horas, não tinha ninguém para atender”, diz um paciente.
“Hospital é emergência, então você vem independente da hora, não existe hora para você sentir uma dor e passar mal. Pode ser tanto de manhã, quanto de madrugada. Eu penso assim”, ressaltou Lidiane Pires, agente de vigilância.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que 4.463 médicos atuam na rede pública. Mas não soube informar a quantidade de profissionais por turno e nem o número de afastados.

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