Alguém,
alguma vez, viu algum cartaz no aeroporto de Orly mostrando os ouros do
Convento de São Francisco ou no Kennedy Airport um cartaz seduzindo o turista
eventual com os tesouros do Museu de Arte Sacra?
E a sacristia da catedral, já
foi motivo de atração? As jóias de escravas do Costa Pinto? Alguém, ao chegar
ao aeroporto de Salvador encontrou um folheto com a programação do TCA? Existe
um só turista informado sobre a existência de nossa orquestra sinfônica?
Quando
é divulgado no youtube um vídeo sobre o Mercado Modelo e o Bonfim, por acaso
menciona a fascinante feira de São Joaquim? Alguém, alguma vez chegou a folhear
uma publicação desvendando a riqueza de nossa cultura popular, fora dos
costumeiros chavões?
Nossos edis sempre
arrotaram satisfação por um punhado de milhares de estrangeiros que passam duas
ou três noites, convencidos de que, depois de fotografar o Largo do Pelourinho e
o farol da Barra entre seis vendedores de fitinhas e quatro baianas de
receptivo, já viram tudo o que Salvador podia oferecer.
Que me
perdoem a ousadia, mas acho que as riquezas de Salvador são muito mal vendidas.
Por quê? Simplesmente porque não se dá a devida importância à cultura e à
memória que, no entanto, são exatamente o que os visitantes estrangeiros
procuram.
Ninguém vem para uma cidade de três milhões de habitantes – quase
todos morando em favelas sem água encanada nem esgoto – para ir à praia. Não. A
maioria esmagadora dos turistas compra a passagem aérea para conhecer nossas
várias formas de cultura e não para se deslumbrar com os banalíssimos centros
comerciais dos quais tanto nos orgulhamos ou os edifícios da Pituba desprovidos
da mínima criatividade.
Na verdade o baiano não gosta de sua cultura, de sua
memória. Muitos têm até vergonha – vejam só – de seu excepcional centro
histórico, tendo as mediocridades de
Miami como parâmetro e Disneyland como o paroxismo da cultura.
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO
O jornal A Tarde achou por bem acrescentar "e a Disney" ao título orginal. Fica aqui meu protesto.
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO
O jornal A Tarde achou por bem acrescentar "e a Disney" ao título orginal. Fica aqui meu protesto.
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