No elenco da peça “O Duelo”, em cartaz no Festival de Avignon, no sul da França, Camila Pitanga - uma das atrizes mais célebres da televisão brasileira - disputa com outros oito mil artistas a atenção do público no circuito paralelo do evento, o Avignon Off. Ela sai todos os dias para distribuir nas ruas folhetos do seu espetáculo, ajuda na montagem e desmontagem do cenário e se diz “orgulhosa” de poder trabalhar “como uma formiguinha".
Camila Pitanga faz parte da Mundana Companhia, um dos cinco grupos de teatro contemporâneo que apresentam esse ano em Avignon a Temporada de Teatro Brasileiro, patrocinada em parte pelo governo do Brasil. A companhia paulistana traz a Avignon uma adaptação da obra do dramaturgo russo Anton Tchekhov, com uma estética circense e elementos da cultura popular nordestina.
“Mostrar uma das várias facetas do teatro brasileiro”
Mas em Avignon ninguém conhece a Bebel da novela Paraíso Tropical, personagem que transformou Camila Pitanga numa celebridade no Brasil. Para atrair os espectadores à sua peça, a atriz e sua trupe têm que “brigar” com outras 1082 companhias de 25 países que apresentam nada menos do que 1307 espetáculos. As primeiras apresentações começam às 9h da manhã e as últimas varam a madrugada, nesse festival que é o maior evento de artes cênicas europeu.
A peça “O Duelo” já fez uma turnê de sucesso durante cerca de um ano no Brasil, mas o elenco vive agora em Avignon um desafio bem diferente, que é mostrar a um público estrangeiro “uma faceta” do teatro contemporâneo brasileiro, como explica Camila: “É uma aventura e nós sabíamos disso. Acho que temos um bom trabalho, de qualidade, que tem uma cara própria, uma singularidade. E nós viemos com o desejo de sermos vistos, de provocarmos uma discussão e abrirmos um espaço”.
Para Camila, o trabalho coletivo e múltiplo de um artista é comum nesse festival. “A atriz aqui atua, faz performances nas ruas, distribui panfletos, cola cartazes... Isso tudo é uma atitude teatral. Me orgulho de poder celebrar o teatro, de trabalhar como uma formiguinha mesmo...”, diz ela.
Do Cáucaso ao sertão do Ceará
O trabalho de criação desta adaptação teatral da obra do dramaturgo russo, feita por Vadim Nikitin e Aury Porto, foi também uma “aventura” que começou à beira do Mar Negro e prosseguiu no sertão do Ceará. A trama central de “O Duelo”, escrita por Tchekhov em 1891, é o embate entre dois homens nos confins do Cáucaso. Dois personagens com visões antagônicas do mundo: um herói romântico russo sem caráter e um cientista que prega o racionalismo e a planificação social. Como pano de fundo, o verão numa cidadezinha provinciana, calorenta e moralista.
Camila Pitanga, que também é produtora da peça, viajou com algumas pessoas da equipe primeiro para o Cáucaso, para se impregnar do ambiente desse lugar onde Tchekhov concebeu o texto e transmitir isso para toda a companhia. Em seguida, o grupo viajou para três cidades do sertão do Ceará, onde realizou workshops e começou o processo criativo. Daí alguns elementos sertanejos tanto no cenário quanto na música que pontua o espetáculo. “Sem dúvida, nessa adaptação há um diálogo entre o sertão e o Cáucaso, mas a trama se passa na Rússia”, explica a atriz.
“O Duelo” da Mundana Companhia fica em cartaz no Festival de Avignon até 27 de julho. A peça será apresentada no Festival de Edimburgo, na Escócia, de 5 a 23 de agosto.
Clique no icone acima para ouvir a entrevista de Camila Pitanga à RFI.
“Mostrar uma das várias facetas do teatro brasileiro”
Mas em Avignon ninguém conhece a Bebel da novela Paraíso Tropical, personagem que transformou Camila Pitanga numa celebridade no Brasil. Para atrair os espectadores à sua peça, a atriz e sua trupe têm que “brigar” com outras 1082 companhias de 25 países que apresentam nada menos do que 1307 espetáculos. As primeiras apresentações começam às 9h da manhã e as últimas varam a madrugada, nesse festival que é o maior evento de artes cênicas europeu.
A peça “O Duelo” já fez uma turnê de sucesso durante cerca de um ano no Brasil, mas o elenco vive agora em Avignon um desafio bem diferente, que é mostrar a um público estrangeiro “uma faceta” do teatro contemporâneo brasileiro, como explica Camila: “É uma aventura e nós sabíamos disso. Acho que temos um bom trabalho, de qualidade, que tem uma cara própria, uma singularidade. E nós viemos com o desejo de sermos vistos, de provocarmos uma discussão e abrirmos um espaço”.
Para Camila, o trabalho coletivo e múltiplo de um artista é comum nesse festival. “A atriz aqui atua, faz performances nas ruas, distribui panfletos, cola cartazes... Isso tudo é uma atitude teatral. Me orgulho de poder celebrar o teatro, de trabalhar como uma formiguinha mesmo...”, diz ela.
Do Cáucaso ao sertão do Ceará
O trabalho de criação desta adaptação teatral da obra do dramaturgo russo, feita por Vadim Nikitin e Aury Porto, foi também uma “aventura” que começou à beira do Mar Negro e prosseguiu no sertão do Ceará. A trama central de “O Duelo”, escrita por Tchekhov em 1891, é o embate entre dois homens nos confins do Cáucaso. Dois personagens com visões antagônicas do mundo: um herói romântico russo sem caráter e um cientista que prega o racionalismo e a planificação social. Como pano de fundo, o verão numa cidadezinha provinciana, calorenta e moralista.
Camila Pitanga, que também é produtora da peça, viajou com algumas pessoas da equipe primeiro para o Cáucaso, para se impregnar do ambiente desse lugar onde Tchekhov concebeu o texto e transmitir isso para toda a companhia. Em seguida, o grupo viajou para três cidades do sertão do Ceará, onde realizou workshops e começou o processo criativo. Daí alguns elementos sertanejos tanto no cenário quanto na música que pontua o espetáculo. “Sem dúvida, nessa adaptação há um diálogo entre o sertão e o Cáucaso, mas a trama se passa na Rússia”, explica a atriz.
“O Duelo” da Mundana Companhia fica em cartaz no Festival de Avignon até 27 de julho. A peça será apresentada no Festival de Edimburgo, na Escócia, de 5 a 23 de agosto.
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