Venha cá...
Lembra aquela vez que você não criou raízes na sala de espera do médico? Que
foi atendido no raro prazo de dez/quinze minutos? Aposto que nem vai lembrar!
Com a idade
virei mobília de consultório. Dos labirintos do Hospital Caritas* sei de cada
corredor, cada elevador. As recepcionistas me conhecem, me tratam pelo nome: “Tudo
bem, Seu Dimitri?” pergunta a qual respondo sempre “Se estivesse tudo bem não
estaria aqui!”. Ora... pergunta mais boba! Mas com sorriso, a gente nem liga.
Ao
princípio, levava um jornal, uma revista. Agora, entendi. Levou um volume da
Enciclopédia Larousse-Delta. Terei todo o tempo de ler cada página e mergulhar detalhadamente
em mapas e gráficos. O Dr. Raposo me fez esperar mais de uma boa hora. Até que,
irritado, peguei minha papelada de volta e foi embora sem fazer a tal
ultrassonografia. Marcada outra consulta, desta vez com o Dr. Alcides, minha
saúde dependendo deste exame, acabei obrigado a esperar exatos 100 minutos de
relógio, espumando de raiva! Raiva também é ruim para a saúde. Leva á úlcera.
Quanto
à razão proposta por uma atendente constrangida “É que o doutor teve uma emergência”
já tá mais de que manjada. De que emergência se trata? Um almoço no Paraíso Tropical?
Um aniversário no condomínio de algum colega? Uma sestinha na rede? Sim porque
não me queiram convencer que todos os atrasos são devidos a dramas repentinos
em outros hospitais ou a beira da estrada que o levava ao consultório.
E você acha
que alguma vez algum destes senhores pedirá desculpa dando uma explicação
plausível por lhe ter deixado mofar no gelo do ar condicionado boa parte da
manhã ou da tarde? Que nada! Ainda é você que terá que agradecer!
Será que não
existe limite a esta mania do médico considerar que o tempo do paciente vale
bem menos que o tempo dele?
Á versão do juramento de Hipócrates assinada
em 1983, deveriam ter acrescentado a pontualidade como virtude elementar,
baseado no princípio evidente que o tempo do paciente é tão importante quanto o
do médico.
* Na sua delicadeza costumeira, a censura do jornal A Tarde, achou mais prudente retirar a palavra Caritas que poderia lembrar o Hospital Santa Isabel.
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