O abandono dos conventos franciscanos
Publicado em 27/11/2010 | FOLHAPRESS
São construções com mais de 400 anos e um acabamento riquíssimo. O Convento de São Francisco, em Salvador, tem o segundo maior conjunto de azulejos portugueses do mundo e tem a sua igreja coberta de ouro.
Boa parte dos conventos está em situação precária de conservação. Na Bahia, o de São Francisco do Conde tem áreas que ameaçam ruir. O de Cachoeira está em ruínas.Todos os 15 conventos são tombados individualmente pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Agora, o instituto pleiteia um tombamento do conjunto como patrimônio mundial pela Unesco. Segundo o órgão, isso poderia chamar a atenção para o valor artístico e histórico dos monumentos, atrair investimentos e remediar uma crise delineada nas últimas décadas.
A subutilização é uma regra. Os franciscanos não conseguem preenchê-los já que a ordem, que não é a mesma do Sudeste, tem apenas 161 missionários. A visitação turística na maioria deles é pequena. As obras de restauração são sempre bancadas pelo governo.
O convento de Salvador tem 70 quartos e 22 frades. Em 2006, seus painéis de azulejo foram cobertos com gaze porque a parte vitrificada ameaçava despregar. Na época, o técnico do Iphan pediu obras emergenciais em 90 dias. Nada foi feito.
Além de o restauro ser caro (neste caso, cerca de R$ 5 milhões só para os azulejos), é difícil conciliar os interesses do Iphan e dos religiosos. O instituto quer que os frades estimulem a ocupação turística dos templos, tornando-os autossustentáveis. “Os franciscanos têm de viver para os pobres. Não podem viver em função dos conventos’’, diz o frei Hugo Fragoso, historiador que pertence à ordem.
O Convento de Cairu, a 300 quilômetros de Salvador, está passando por um restauro que vai recuperar pintura, azulejos e douramento original. O custo da obra é de R$ 10 milhões. O Iphan queria fazer dali uma pousada, gerida pelos franciscanos, já que a falta de uso acelera a degradação do prédio. Mas a ideia não vingou. Hoje moram dois frades no convento com 12 quartos. Na semana passada, eles receberam 20 turistas. O ingresso custa R$ 2.
Os frades complementam sua renda criando galinhas.
Alguns conventos do mundo e até no Brasil (no estado de São Paulo, por exemplo), além do apoio governamental,as ordens eclesiásticas aproveitaram suas tradições e/ou espaços para comercializar gastronomia e/ ou transformar suas celas em apartamentos para turismo religioso (não necessariamente),como o de Campos de Jordão.
ResponderExcluirE não têm 400 anos, nem são de ouro ou de valor arquitetônico e histórico!
A questão no Nordeste é política mas também da cultura da indolência.
Concordo com você X 14!
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