segunda-feira, 7 de abril de 2014

PAC, PAC, PAC..

por Mary Zaidan

As obras dos PAC 1 e 2 continuam empacadas, boa parte delas só existe no papel. Ainda assim, sem qualquer constrangimento, nem mesmo um leve rubor, a presidente Dilma Rousseff anunciou que lançará o PAC 3 em agosto, dois meses antes da eleição. Cumprindo à risca o cardápio dos marqueteiros de sua campanha, insiste na troça.
Depois de derrapar nos trilhos do trem-bala – prometido para antes da Copa 2014, quando ela foi alçada à categoria de “mãe do PAC” pelo ex Lula -, a presidente reincidiu na prática ilusionista. Desta vez com a promessa de incluir o contorno ferroviário de São José do Rio Preto no próximo PAC.
Lançado por Lula em 2007, com o nobre propósito de acelerar investimentos na escassa e sucateada infraestrutura nacional, o PAC mais atrasou do que avançou. Obras como o Arco Rodoviário do Rio de Janeiro ou a transposição do Rio São Francisco, previstas para quatro anos atrás, que o digam. Foram lançadas para as calendas.
Lançamento PAC2. Foto: Paulo H. Carvalho / Casa Civil - PR

Três anos mais tarde, o PAC mostrou a sua verdadeira vocação: ser o principal instrumento de campanha para a candidata que Lula inventou. Em março de 2010, quando o calendário eleitoral definiu o lançamento do PAC 2, apenas 11,3% do PAC original tinham sido executados; 54% estavam só no papel ou nem nele. Até Lula teve vergonha. “Eu não estou contente com o que fizemos até agora e acho que nenhum de vocês está contente”, disse o ex à época.
A reclamação de Lula foi só mais do mesmo: jogo de cena. Estava ruim e ruim continuou.
De acordo com levantamento do site Contas Abertas, publicado sexta-feira, dia 4, das 50 mil obras e empreendimentos do PAC 2, apenas 12% foram concluídas ou estão em operação. Mais da metade, 53,3%, não abandonou o papel. Pior. A maioria das obras estacionadas são as de que as pessoas mais necessitam: creches e unidades de saúde.
Tudo em torno do PAC parece ficção. Embora a dotação orçamentária de 2013 tenha sido de R$ 67 bilhões, foram desembolsados R$ 44,7 bilhões, mais da metade, R$ 25 bilhões, restos a pagar do ano anterior. Ou seja, em um ano, os recursos aplicados nas obras do PAC somaram menos da metade dos US$ 18 bilhões enterrados em Abreu e Lima (PE), negócio feito entre Lula e então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que até hoje não refina uma só gota de óleo.
o que parece, Dilma não se apoquenta com os resultados pífios do programa selado como de sua maternidade. Se uma obra não sai do lugar, promete-se outra e outra. Lança-se o PAC 3, quem sabe o PAC 4 ou quantos for preciso.
No palanque, vale tudo, faz-se o diabo, como a própria presidente antecipou. Resta saber até quando os eleitores vão crer nas histórias de carochinha que essa mãe conta.

Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas. Atualmente trabalha na agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa'. Escreve aqui aos domingos. Twitter: @maryzaidan, e-mail: maryzaidan@me.com

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