Florisvaldo Mattos
Polvo serán, mas polvo enamorado.
(Pó hão de ser, mas pó enamorado.)
(Francisco de Quevedo, Sonetos de amor)
A vida passa e estou enamorado
Da jovem que trafega nos meus dias,
Capaz de despertar idolatrias
Em Páris ou Enéias – cisne ousado!
Pensei em convidá-la para orgias
Em lugares submersos no passado;
Mas sei que não aceita, que sombrias
Águas redemoinham seu cuidado.
Hoje louçã, no resplendor da idade,
Se, como Helena, vá por corredores,
Cercada de mesuras, quando velha,
E desapareça a brutalidade
Em que se afoga o rol de suas dores,
Levarei comigo a última centelha.
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