sábado, 6 de abril de 2013

O PONTO DE ENCONTRO




A Escola Estadual Marquês de Abrantes não foi fechada por falta de alunos. Qualquer visitante do bairro de Santo Antônio poderá sem dificuldade encontrar, perambulando pelas praças e ruelas, crianças e adolescentes totalmente analfabetos. 

Mas toda demagogia, seja ela azul ou vermelha, se apóia em duas bengalas: voto obrigatório e ignorância. Da educação nasce a formação cívica e de sua conseqüência, a cultura, nasce o questionamento. Ambas perigosas para qualquer governo.

O casarão colonial ficou fechado por um ano ou dois, até que, um belo dia, pedreiros e pintores vieram dar um semblante de restauro. Apesar da lentidão, era visível a leviandade da obra. Finalmente, com pompas e discursos, foi inaugurado o CETAD. 

É incontestável o trabalho do professor Antônio Nery com quem divido humildemente a filosofia. Estranhando, porém, a escolha do lugar, logo no início tive uma conversa esclarecedora com uma das responsáveis. “Porque este endereço? Porque foi a única casa oferecida pelo governo. Não tivemos nenhuma outra opção”. Mais uma vez ficou evidente o lamentável desconhecimento e a total indiferença dos governantes às idiossincrasias da área.

O Santo Antônio é, antes de tudo, um bairro residencial, com forte incidência de hotelaria orientada para o turismo cultural. Para moradores e turistas, obrigados a se afastar do passeio ocupado por uma boa dúzia – ou mais – de homens e mulheres sujos e brigões quando não embrutecidos pela droga à volta da igreja do Boqueirão, o constrangedor espetáculo é visto como verdadeira agressão ambiental. 
De lá a conclusão de eles serem a causa de todos os atuais distúrbios em via pública. Violências, roubos e assaltos, não há hoje nada que não lhes seja atribuído – às vezes com razão - esquecendo que sempre houve problemas de segurança no bairro, como de resto em toda a cidade.

Resta a pergunta: por que se colocou este centro num bairro tido geralmente como pacato, quando o problema é muito mais premente e urgente na Ladeira da Poeira/Desterro, no Pelourinho, no Gravatá ou até no Porto da Barra?
   

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