A Escola Estadual Marquês de Abrantes não foi fechada por
falta de alunos. Qualquer visitante do bairro de Santo Antônio poderá sem
dificuldade encontrar, perambulando pelas praças e ruelas, crianças e
adolescentes totalmente analfabetos.
Mas toda demagogia, seja ela azul ou
vermelha, se apóia em duas bengalas: voto obrigatório e ignorância. Da educação
nasce a formação cívica e de sua conseqüência, a cultura, nasce o
questionamento. Ambas perigosas para qualquer governo.
O casarão colonial ficou fechado por um ano ou dois, até
que, um belo dia, pedreiros e pintores vieram dar um semblante de restauro.
Apesar da lentidão, era visível a leviandade da obra. Finalmente, com pompas e
discursos, foi inaugurado o CETAD.
É incontestável
o trabalho do professor Antônio Nery com quem divido humildemente a filosofia.
Estranhando, porém, a escolha do lugar, logo no início tive uma conversa
esclarecedora com uma das responsáveis. “Porque este endereço? Porque foi a
única casa oferecida pelo governo. Não tivemos nenhuma outra opção”. Mais uma
vez ficou evidente o lamentável desconhecimento e a total indiferença dos
governantes às idiossincrasias da área.
O Santo Antônio é, antes de tudo, um bairro residencial, com
forte incidência de hotelaria orientada para o turismo cultural. Para moradores
e turistas, obrigados a se afastar do passeio ocupado por uma boa dúzia – ou
mais – de homens e mulheres sujos e brigões quando não embrutecidos pela droga
à volta da igreja do Boqueirão, o constrangedor espetáculo é visto como verdadeira
agressão ambiental.
De lá a conclusão de eles serem a causa de todos os atuais
distúrbios em via pública. Violências, roubos e assaltos, não há hoje nada que
não lhes seja atribuído – às vezes com razão - esquecendo que sempre houve
problemas de segurança no bairro, como de resto em toda a cidade.
Resta a pergunta: por que se colocou este centro num bairro
tido geralmente como pacato, quando o problema é muito mais premente e urgente
na Ladeira da Poeira/Desterro, no Pelourinho, no Gravatá ou até no Porto da
Barra?
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