sábado, 23 de março de 2013

VERSALHES É AQUI E AGORA



A Bahia vive um momento muito especial. O que era para ser democracia é hoje simultaneidade de monarquias absolutas.
 Na torre de marfim do Iphan, Luís XVI não concede audiência a embaixadores. Somente a outras majestades. 
Na Conder, Francisco I, na falta de um Delorme (autor do castelo de Chambord), se contenta com muito pouco, haja vista a berrante coloração do Pelô e os projetos de pavimentação da Praça Castro Alves e do Largo Dois de Julho, mais para burlesco que para Burle Marx. 


Na Secretaria Estadual de Cultura, Luis XV “Aprés moi le déluge” se preocupa muito com a Copa do Mundo e pouco em afirmar discordâncias com Luís XIV, digo com o teimoso secretário de Turismo. 
Este invade territórios onde nunca foi convidado para impor caras e inúteis interferências, non obstante o parecer de arquitetos e urbanistas. Quer porque quer construir uma sauna de granito chamada de arena para uma programação cultural incerta e um público mais incerto ainda.
Cada mês, realezas lançam novos projetos para o centro histórico. Alguns são inaugurados, e, quando o são, feitos nas coxas.
 Exemplos? A requalificação das três praças criadas em 1992 suscitou um concurso nacional com mega divulgação. O paulista Artur Casas ganhou em março de 2012. Mas até agora... nada. 
Restaurar um imóvel na Rua do Tesouro obrigou (!) a Dra Beatriz Lima a viajar para Sevilha. Olé! Até hoje não se mexeu em um só tijolo. 

A restauração da Igreja do Rosário dos Pretos foi assunto nacional, mas o gradil, retorcido por um caminhão, retorcido continua e com portão nada barroco de madeirite! 
Ninguém esqueceu o primeiro surto de estrelismo do outro secretário de Cultura quando inaugurou seu reinado na lama da Rocinha da Rua Alfredo Brito, prometendo uma milagrosa Vila Nova Esperança. Setenta e cinco meses já passaram, a esperança continua. 
O palco móvel do Pasqualino Magnavita, criativa solução para evitar o constante monte-desmonte de palcos predadores e onerosos no Largo do Pelourinho, ainda é um deprimente terreno baldio.
Cada monarca declarando “L´État, c´est moi!”.

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