sábado, 3 de novembro de 2012

A PRAÇA CASTRO ALVES IRRADIANDO CULTURA


ESCRITO EM AGOSTO DE 2010, 
ESTE TEXTO PARECE SER AINDA DE ATUALIDADE

Existem coisas que, de tão evidentes, passam sem ninguém notar. Exemplo? A praça Castro Alves e suas imediações, entrada do centro histórico.O Glauber Rocha, ex-Guarani, reformado, abriga, com patrocínio do Unibanco, um bem-sucedido conjunto de salas de cinema e uma boa livraria graças à teimosia do jovem cineasta Claudio Marques, após anos de burro-cracias. Na traseira, uma obra de Lina Bô Bardi, verdadeira Bela Adormecida, espera exposições e montagens teatrais. 
Amanhã, teremos, no imponente imóvel que já foi sede do jornal A Tarde, um hotel da cadeia paulista Fasano, cuja reputação de excelência é internacional. Em contrabaixo, a igreja da Barroquinha, finalmente restaurada, sonha numa programação compatível com a importância da reabilitação. Bastam alguns passos para entrar na rua da Ajuda, tradicional reduto de antiquários e chegar ao Museu Afro-brasileiro onde, no principio do ano, foi apresentada uma magnífica exposição sobre o Benin. 
No inicio da rua Carlos Gomes, está o excepcional Museu de Arte Sacra e a Caixa Cultural, cuja dinâmica é permanente. Incluindo a monumental igreja de São Bento, teremos então um conjunto de relevância única para a cultura soteropolitana.

 Por que não fazer uma comissão de responsáveis para uma política coerente e complementária? Já imaginou o que este conjunto deveria representar para a revitalização do centro histórico? 
Podemos ter ali, a baixo custo, um centro de culturas bem mais importante que o Dragão do Mar de Fortaleza ou até que o paulista Sesc Pompéia. É só sentarem a volta da mesma mesa, esquecerem divergências políticas e pessoais e propor a cidade do Salvador uma programação que agregue todas as opções, do erudito ao popular, do acadêmico ao conceitual, passando por todas as expressões da música, literatura, dança etc. 
A praça Castro Alves pode ser o espaço ideal para feiras de livros, duelos de repentistas, teatro de rua etc. 
Esta parte da cidade é bem servida em transportes públicos. Bastam 200 metros para ter acesso ao Comércio pelo elevador Lacerda. Muitos ônibus do Campo Grande, Barra, Ondina, Ribeira e Sussuarana param na praça. O vizinho terminal da Barroquinha – Liberdade, Cabula, Valéria - é um dos mais movimentados de Salvador.
Não estou propondo uma viajem na lua, mas uma opção possível e barata para dinamizar o centro histórico.

Dimitri Ganzelevitch

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