ESCRITO EM AGOSTO DE 2010,
ESTE TEXTO PARECE SER AINDA DE ATUALIDADE
Existem coisas que, de tão evidentes, passam sem ninguém
notar. Exemplo? A praça Castro Alves e suas imediações, entrada do centro
histórico.O Glauber Rocha, ex-Guarani, reformado, abriga, com patrocínio do
Unibanco, um bem-sucedido conjunto de salas de cinema e uma boa livraria graças
à teimosia do jovem cineasta Claudio Marques, após anos de burro-cracias. Na
traseira, uma obra de Lina Bô Bardi, verdadeira Bela Adormecida, espera
exposições e montagens teatrais.
Amanhã, teremos, no imponente imóvel que já
foi sede do jornal A Tarde, um hotel da cadeia paulista Fasano, cuja reputação
de excelência é internacional. Em contrabaixo, a igreja da Barroquinha, finalmente
restaurada, sonha numa programação compatível com a importância da reabilitação.
Bastam alguns passos para entrar na rua da Ajuda, tradicional reduto de
antiquários e chegar ao Museu Afro-brasileiro onde, no principio do ano, foi apresentada
uma magnífica exposição sobre o Benin.
No inicio da rua Carlos Gomes, está o excepcional
Museu de Arte Sacra e a Caixa Cultural, cuja dinâmica é permanente. Incluindo a
monumental igreja de São Bento, teremos então um conjunto de relevância única para
a cultura soteropolitana.
Por que não fazer uma
comissão de responsáveis para uma política coerente e complementária? Já
imaginou o que este conjunto deveria representar para a revitalização do centro
histórico?
Podemos ter ali, a baixo custo, um centro de culturas bem mais importante
que o Dragão do Mar de Fortaleza ou até que o paulista Sesc Pompéia. É só
sentarem a volta da mesma mesa, esquecerem divergências políticas e pessoais e
propor a cidade do Salvador uma programação que agregue todas as opções, do
erudito ao popular, do acadêmico ao conceitual, passando por todas as
expressões da música, literatura, dança etc.
A praça Castro Alves pode ser o
espaço ideal para feiras de livros, duelos de repentistas, teatro de rua etc.
Esta
parte da cidade é bem servida em transportes públicos. Bastam 200 metros para ter
acesso ao Comércio pelo elevador Lacerda. Muitos ônibus do Campo Grande, Barra,
Ondina, Ribeira e Sussuarana param na praça. O vizinho terminal da Barroquinha
– Liberdade, Cabula, Valéria - é um dos mais movimentados de Salvador.
Não estou propondo uma viajem na lua, mas uma opção possível
e barata para dinamizar o centro histórico.
Dimitri Ganzelevitch
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