sexta-feira, 20 de maio de 2011

Tornado no Alabama

Trecho de uma carta mandada pela pianista Maria-Tereza Gondim. É um interessante testemunho de um casal de baianos que viveu dias de angústia durante um dos  desastres naturais  tão freqüentes nesta parte dos EU.

Estamos bem, graças a Deus.
O tornado foi inclemente com a cidade. Afetou muitas áreas, numa grande extensão, atingindo todo tipo de gente.
O incrível é ver como as pessoas tem sido solidárias. A comunidade toda tem se mobilizado para ajudar como pode. Muita gente tem saído para as ruas para cortar árvores, limpar os entulhos, consertar telhados, tudo voluntariamente e anonimamente. Tem gente que leva água e comida em mochilas, e distribui pelas ruas. Tem vários postos de doações de comida, roupas, móveis, e tudo mais espalhados pela cidade.
Nós recebemos inúmeras ofertas de ajuda - casa para morar, ajuda com a mudança, etc, e até flautas para Tota! Um amigo dele já tinha separado algumas flautas para ele, no caso dele ter perdido as deles. Mas tudo nosso foi salvo.
Uma grande parte da cidade ficou sem luz elétrica, água, telefone, e internet. Nós inclusive. Em muitos lugares o serviço ainda não foi restabelecido. Muita gente ainda está sem telefone em casa. Ainda bem que os celulares funcionam. O bom foi que o tornado não atingiu o campus universitário, e foi num horário em que todo mundo estava em aula, na penúltima semana de aulas. A ordem geral foi que todos descessem para os porões das unidades, que são abrigos feitos para isso. Na escola de teatro e
dança, onde eu estava, o subsolo foi construído para servir de abrigo anti bombas. Tota estava na escola de música, que tem um abrigo super seguro, mas quando as aulas foram suspensas com o aviso de tornado, ele preferiu ir pra casa, pois não sabia onde eu estava.
Nós tivemos uma sorte muito grande mesmo, e não paro de agradecer por termos escapado com vida e sem danos materiais. Passei meia hora chorando quando encontrei ele vivinho da Silva!!! Nós morávamos em um dos bairros atingidos, e apesar da nossa casa ter ficado em pé, tivemos que nos mudar. Todas as árvores do bairro caíram, e muitas casas foram destruídas. Nossa casa ficou exatamente no limite de onde o tornado passou. A uns 50m da gente ficou tudo no chão. Pegamos os ventos periféricos, com toda sorte de coisas passando voando, mas felizmente nada grande nos atingiu. Tinha uma estrutura de ferro enorme presa numa das árvores do quintal a dez passos da porta,
e uma árvore caiu paralela à nossa casa na frente. Fomos realmente poupados.
Nosso prédio tem o andar térreo onde morávamos, e mais um andar superior. Uma das árvores caiu no telhado sobre a sala do apartamento de cima, e o vento destelhou parte do telhado sobre o quarto de dormir. Como morávamos em baixo, só tivemos um pouco da água da chuva infiltrando pelo teto, que segurou a onda! Tivemos sorte por só ter
molhado um pequeno móvel na sala, e um pedacinho da cama. O edredom e um forro de espuma impediram a água de molhar nosso colchão.
Quase todas as nossas janelas foram quebradas, e a porta da sala foi arrombada por um galho de árvore. Todas as janelas são de vidro  (30 X 20). O apartamento ficou cheio de vidro e destroços de coisas que vieram com o vento, mas não perdemos absolutamente nada das nossas coisas.
Tota estava em casa, dentro da dispensa, e ficou bem protegido. Ele teve o cuidado de fechar todas as portas internas da casa, o que ajudou bastante, embora o vento tenha conseguido abrir algumas, e manteve consigo ferramentas, no caso de ficar preso e ter que abrir caminho para fora. Ele disse que o barulho foi impressionante, mas que
tudo aconteceu em menos de 15 segundos. Foi difícil acreditar na destruição que viu depois de tão pouco tempo. Mais incrível ainda foi ver que na nossa vizinhança, ninguém morreu. Os vizinhos iam saindo das casas aos poucos, e todos preocupados em ver se os outros estavam bem. Muita gente não estava em casa, o que ajudou muito.
Nosso carro também sofreu, mas muito pouco se comparado com os outros
carros da vizinhança. Teve apenas uma janela quebrada, os retrovisores, e os vidros da frente e de trás rachados. Estava parado na única vaga possível de ter escapado sem maiores danos. Foi uma sorte imensa. O seguro vai cobrir as despesas com o conserto, sem nem precisarmos de papelada nenhuma.
Agora estamos morando em outro apartamento da mesma empresa. Todos
os serviços já foram instalados, e a vida está voltando ao normal. Nosso telefone e a internet começaram a funcionar há poucos dias. Estávamos usando os serviços da universidade. (...)

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