Caro Dimitri,
Que bom vê-lo na discussão musical.
Interessado pelo seu post (e até compreensivo quanto à menção sobre minha cabeleira vindo de um careca, o que me tornarei também em breve) fui interpelado pela sua preocupação sobre o repertório executado pela OSBA.
Essa preocupação é apenas uma das inúmeras que tive enquanto gestor artístico da orquestra. Justamente por isso tentei mudar o modelo de gestão para algo equivalente ao que acontece hoje com a OSESP ou a Filarmônica de Minas, para citar as mais bem sucedidas. A OSB e a Petrobrás também são outras orquestras com sucesso e que também não são estatais. Rapidamente me dei conta de que pela administração direta a OSBA não ia a lugar nenhum.
Fiz trocentas reuniões com os músicos, SAEB e SECULT, trouxe grandes especialistas na área para discutir o assunto com os músicos, convidei consultores para estudar o caso, enfim procurei a inédita via do diálogo para realizar na OSBA essa mudança e enfim conseguir transformá-la numa entidade respeitada nacionalmente, com uma programação moderna e com uma gestão que respeita seus músicos, funcionários e artistas convidados. Para voce ter uma idéia do meu cotidiano de gestor artístico, já fui até ameaçado pessoalmente de denuncia na Interpol por um solista japonês que, passados meses, não tinha recebido seu cachê...
Tenho histórias incríveis, todas documentadas, de como é impossível trabalhar com a OSBA/FUNCEB/SECULT no modelo de gestão atual mantendo um padrão de qualidade que respeite todos, músicos, funcionários, artistas convidados e sobretudo seu público.
Como não consegui realizar essa mudança fundamental, por razões que em momento oportuno publicarei, decidi não renovar meu contrato que termina dia 31 de janeiro. Entregarei ao Governo, com cópia para o arquivo da OSBA, um inédito Relatório de Gestão com os números e realizações dos últimos 4 anos. Algo que adoraria ter encontrado quando assumi.
Será um prazer me sentar com você para falar desse e outros assuntos.
Aproveito para lhe enviar meus melhores votos para 2011.
Abraço,
Ricardo Castro
Salvador, 25 de dezembro de 2010
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