Quando resolvi ceder minha cadeira a outro, no comitê da Aliança Francesa de Salvador, mais disponível, recebi da delegação geral, em agradecimento, o conjunto dos prêmios literários parisienses daquele ano. Goucourt, Femina, Académie Française, Médicis... Em vão tentei me envolver na leitura dos ditos livros. Após meia dúzia de páginas, sonolento, abandonava a fastidiosa caminhada. Hoje nenhum dos laureados é mais lembrado pelos lados de Saint-Germain des Prés.
Assim vão 90 % dos prêmios, sejam literários, artísticos, esportivos ou científicos. Começam com altos propósitos e ética acima de qualquer suspeita, mas a maioria acabará manipulada por forças políticas e/ou empresariais que encontram nesta consagração uma luz passageira no fim do túnel da mediocridade.
Para conseguir esta momentânea glória, muitas armas são usadas, nem todas legítimas, sempre debaixo do manto da idoneidade.
Cartas anônimas, plágios, omissão de referências, sabotagem, anabolizantes ou simples desprezo pela autoria original da obra são a marca de muitas premiações e vitórias. Nada afugenta quem está determinado a triunfar. “All about Eve” constantemente revisitada.
Entre tantos casos, bastará lembrar – bem longe das susceptibilidades tupiniquins – o caso do filme “O banheiro do Papa”, produção franco-brasileiro-uruguaia de 2007, que conheceu uma excelente acolhida de crítica e, conseqüente, de bilheteria. No entanto, em 1991, o escritor pelotense Aldir Garcia Schlee publicara uma crônica sobre o mesmíssimo tema com o título “O dia em que o Papa foi a Melo”. Mera coincidência? O escritor, pouco hábil em defender seus direitos, ainda aguarda o reconhecimento de sua obra. A poderosa indústria cinematográfica nunca se manifestou.
Adivinho, como se minhas fossem, a frustração e a mágoa de ver a obra parida com amor e dificuldade, abocanhada pela multidão de alguma megalópole de loucas vaidades e impiedosas intrigas.
Coitados dos pachorrentos jabutis... Asfixiados e esmagados por inescrupulosas sucuris, sempre serão vítimas.
Para conseguir esta momentânea glória, muitas armas são usadas, nem todas legítimas, sempre debaixo do manto da idoneidade.
Cartas anônimas, plágios, omissão de referências, sabotagem, anabolizantes ou simples desprezo pela autoria original da obra são a marca de muitas premiações e vitórias. Nada afugenta quem está determinado a triunfar. “All about Eve” constantemente revisitada.
Entre tantos casos, bastará lembrar – bem longe das susceptibilidades tupiniquins – o caso do filme “O banheiro do Papa”, produção franco-brasileiro-uruguaia de 2007, que conheceu uma excelente acolhida de crítica e, conseqüente, de bilheteria. No entanto, em 1991, o escritor pelotense Aldir Garcia Schlee publicara uma crônica sobre o mesmíssimo tema com o título “O dia em que o Papa foi a Melo”. Mera coincidência? O escritor, pouco hábil em defender seus direitos, ainda aguarda o reconhecimento de sua obra. A poderosa indústria cinematográfica nunca se manifestou.
Adivinho, como se minhas fossem, a frustração e a mágoa de ver a obra parida com amor e dificuldade, abocanhada pela multidão de alguma megalópole de loucas vaidades e impiedosas intrigas.
Coitados dos pachorrentos jabutis... Asfixiados e esmagados por inescrupulosas sucuris, sempre serão vítimas.
Sábado 25 de dezembro de 2010
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