MARCELO TORRES
Abro uma janela do portal informativo e tomo um susto quando leio uma manchete: “Sebastian Bach confirma que vem ao Brasil em outubro”. Num átimo de segundo, antes de ler a íntegra da matéria, um título como esse vira um prato cheio para nossa imaginação.
No voo do pensamento, primeiro acho que seja pegadinha de algum dos nossos eruditos sites de humor. Depois é que penso direito: se estamos vivendo um realismo mágico no Brasil, Bach pode estar numa fuga em ré menor, de sua tumba em Leipzig para uma apresentação no Maracanã.
Faz todo sentido, já que por aqui estão ocorrendo coisas fantásticas, como por exemplo o fim da corrupção e a devolução do Brasil aos brasileiros, não havendo motivo nenhum para se bater panela, pois agora temos presidente e ministros honestos, após tirarmos os malditos do poder.
Como o pensamento é coisa do diabo, e a gente não tem controle sobre ele, o tinhoso sopra no meu ouvido: “Bach vem ao Brasil para depor na CPI da Lei Rouanet e também ser ouvido pelo doutor Sérgio Moro, em Curitiba. Ele vai fazer uma delação premiada contra Wagner”.
O que o diabo não esclarece é se esse Wagner é o ex-ministro ou o compositor Wagner, nascido na mesma Leipzig onde Bach morreu, só que muitos anos depois – mas o que isso importa a essa altura do campeonato? O que vale é a luta contra a corrupção, que é o mal maior.
Graças a Deus, antes que o pensamento, essa coisa do diabo, vá ainda mais longe, abro a matéria e vejo – com uma ponta de alívio e uma certa frustração - que esse Sebastian Bach não é o ilustre alemão, mas um cantor de heavy metal, que também é famoso, muito famoso entre os fãs de rock pelo mundo, talvez mais cultuado que o Bach barroco.
Recorro ao Google para obter informações sobre o cidadão. Sebastião Philip Bierk é vocalista de heavy metal e hard rock, nasceu nas Bahamas e foi criado no Canadá. Trocou o sobrenome Bierk por Bach para ser associado ao compositor alemão. Ganhou fama por ter sido cantor de notórias bandas do rock mundial e por ter participado de um seriado televisivo.
Descubro agora que Bach já baixou com os costados no Brasil não-sei-quantas outras vezes, fato este que só confirma minha completa ignorância em relação ao hard e ao heavy. Em 2012, inclusive, na sua última passagem pelo país, ganhou dos fãs brasileiros um apelido carinhoso, estampado numa camiseta que recebeu de presente: “Tião”.
Ainda não se sabe a programação da nova turnê ao Brasil, o que se sabe é que Sebastian Bach, ou melhor, Tião, encontrará um outro país, agora com ordem e progresso, sem corrupção e, de quebra, com uma primeira-dama bela, recatada e do lar – que é o que importa. O patrocínio da Lei Rouanet? Bem, aí é outra conversa.
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