Data de nascimento: 12 de dezembro de 1942
Naturalidade: Salvador, Bahia
Profissão: Jornalista, Poeta e Professor da UFBA
Naturalidade: Salvador, Bahia
Profissão: Jornalista, Poeta e Professor da UFBA
Jornalista e poeta, mestre em Ciências Sociais, professor adjunto de Letras Vernáculas na UFBA. Publicou: Heléboro, Julgado do Vento, As sombras luminosas, Morte secreta e poesia anterior, Antologia breve, Antologia poética, Memória da chuva, Sob o último sol de fevereiro, O vento no tamarineiro, O Rei Artur vai à guerra, Ângelo Sobral desce aos infernos, O fantasma da delegacia, Os quatro mosqueteiros eram três, Últimos temos heróicos em Manacá da Serra, O Nordeste e o negro na poesia de Jorge de Lima e Poesia Reunida.
Poemas do confrade Ruy Espinheira Filho, do livro Poesia Reunida e inéditos, Editora Record, 2a. Edição, 1988:
Inéditos:
ESSA MULHER
A que nunca amei e me ama pensa em mim à noite
Antes de dormir, e nos escombros do sono
Vê o meu rosto suave, arrogante, de há muitos anos
E sente uma mão fria empunhar-lhe o coração.
Antes de dormir, e nos escombros do sono
Vê o meu rosto suave, arrogante, de há muitos anos
E sente uma mão fria empunhar-lhe o coração.
É bela a que nunca amei e me ama, cada vez mais bela
Com seus cabelos soltos ao sopro da memória,
Com uma voz onde sonham luas que jamais iluminaram
Um caminho que me levasse à que nunca amei e me ama.
Com seus cabelos soltos ao sopro da memória,
Com uma voz onde sonham luas que jamais iluminaram
Um caminho que me levasse à que nunca amei e me ama.
É doce essa mulher que acorda e diz o meu nome
Com unção. Seus olhos me fitam do longínquo
E doem em mim como dói nessa mulher que me ama
Amar quem nunca amou, disperso em seus enganos.
Com unção. Seus olhos me fitam do longínquo
E doem em mim como dói nessa mulher que me ama
Amar quem nunca amou, disperso em seus enganos.
A que nunca amei e me ama acaricia a minha ausência
Com pena de mim, que teria sido feliz, bem sabe,
Se a tivesse amado; a ela, que me ama e nunca amei
E nunca hei de amar, como até hoje, amargamente.
Com pena de mim, que teria sido feliz, bem sabe,
Se a tivesse amado; a ela, que me ama e nunca amei
E nunca hei de amar, como até hoje, amargamente.
CANÇÃO DA LUA DE AGOSTO
Última lua de agosto
Sonhando na noite alta.
Ele a contempla, contempla-a
Até a alma iluminar-se.
Sonhando na noite alta.
Ele a contempla, contempla-a
Até a alma iluminar-se.
Que tece a trama da vida
Pelos lados de setembro?
Ah, que o que for seja como
Esta lua e seu silêncio
Pelos lados de setembro?
Ah, que o que for seja como
Esta lua e seu silêncio
Branco, em que, suavemente
Agosto se vai embora
- enquanto ele a mira, mira
como o menino de Lorca.
Agosto se vai embora
- enquanto ele a mira, mira
como o menino de Lorca.
Bibliografia
Obra poética:
Heléboro (parceria com Antônio Brasileiro)
Julgado do Vento (1979)
As Sombras Luminosas (1981)
Morte secreta e poesia anterior (1984)
A guerra do gato (infantil, 1987)
A canção de Beatriz e outros poemas (1990)
Antologia breve (col de poesia da UERJ, 1995)
Antologia poética (1997)
Memória da chuva (1997)
Ficção:
Julgado do Vento (1979)
As Sombras Luminosas (1981)
Morte secreta e poesia anterior (1984)
A guerra do gato (infantil, 1987)
A canção de Beatriz e outros poemas (1990)
Antologia breve (col de poesia da UERJ, 1995)
Antologia poética (1997)
Memória da chuva (1997)
Ficção:
Sob o último sol de fevereiro (crônicas, 1975)
O vento no tamarindeiro (contos, 1981)
Ângelo Sobral desce aos infernos (romance, 1986)
O Rei Arthur vai à guerra (novela, 1989)
Últimos tempos heróicos em Manacá da Serra (romance, 1991)
Ensaio:
O vento no tamarindeiro (contos, 1981)
Ângelo Sobral desce aos infernos (romance, 1986)
O Rei Arthur vai à guerra (novela, 1989)
Últimos tempos heróicos em Manacá da Serra (romance, 1991)
Ensaio:
O Nordeste e o negro na poesia de Jorge de Lima (1990)
Contato
Contato
Endereço: Cond. Jardim dos Pássaros, Quadra 07, Lote 12, Lauro de Freitas, Bahia
Telefone: 71 3378 0255, 71 9973 8711
Email: refpoeta@terra.com.br
Telefone: 71 3378 0255, 71 9973 8711
Email: refpoeta@terra.com.br
Fonte: Academia de Letras de Jequié
Ruy Espinheira Filho nasceu em Salvador, Bahia, em 1942. Jornalista, mestre em Ciências Sociais, doutor em Letras, professor de Literatura Brasileira, publicou vários livros de poemas. Estreou-se na década de 70, com Heléboro(1974). Reuniu a sua poesia em 1998. Tem ainda publicados livros em prosa, de ensaio, crónicas, contos, novelas e dois romances.
VESTIDOS
Dos vossos vestidos brancos
é que me nascia o dia
aos domingos, e a alma nítida
de uma inquieta alegria.
é que me nascia o dia
aos domingos, e a alma nítida
de uma inquieta alegria.
Dos vossos vestidos brancos
vinha uma luz que esplendia
e desfazia o que era
sombra da noite vazia.
vinha uma luz que esplendia
e desfazia o que era
sombra da noite vazia.
(Ou pior: noite habitada
de ânsias, melancolia,
desejos da carne, assombros,
e outros charcos de agonia.)
de ânsias, melancolia,
desejos da carne, assombros,
e outros charcos de agonia.)
Em vossos vestidos brancos
fremia uma melodia
de anjos de tranças brandas
em que meu tremor vivia.
fremia uma melodia
de anjos de tranças brandas
em que meu tremor vivia.
Dos vossos vestidos brancos
me vem o que, neste dia,
aquece o que ainda me resta
de escombros de poesia.
me vem o que, neste dia,
aquece o que ainda me resta
de escombros de poesia.
CIRCO
Raia o sol, suspende a lua,
o palhaço está na rua.
o palhaço está na rua.
Tremula a lona da praça,
tempos de assombro e de graça.
tempos de assombro e de graça.
Ah, que gente tão risonha
nessa cidade que sonha
nessa cidade que sonha
tigres, grifos, leões de oiro
e mulheres em vôo loiro,
e mulheres em vôo loiro,
vindas de rússias e franças
- e acima das esperanças...
- e acima das esperanças...
Nunca além de uma semana
permanece essa profana
permanece essa profana
prova de que Deus existe
e nem sempre a vida é triste.
e nem sempre a vida é triste.
Baixa o sol, se esconde a lua,
não há mais nada na rua,
não há mais nada na rua,
caminho de pó e vento,
formigas, cão sonolento...
formigas, cão sonolento...
Porém já nada é tristonho,
- infenso a tempo e distância -
a nos sonhar essa infância.
a nos sonhar essa infância.
SONETO DO ANJO DE MAIO
Então, em maio, um Anjo incendiou-me.
Em seu olhar azul havia um dia
claro como os da infância. E a alegria
entrou em mim e em sua luz tomou-me
Em seu olhar azul havia um dia
claro como os da infância. E a alegria
entrou em mim e em sua luz tomou-me
o coração. Depois, suave, guiou-me
para mim mesmo, para o que morria,
em meu peito, de olvido. E a noite, fria,
fez-se cálida - e mágoa desertou-me.
para mim mesmo, para o que morria,
em meu peito, de olvido. E a noite, fria,
fez-se cálida - e mágoa desertou-me.
Já não eram as cinzas sobre o Nada,
mas rios, e ventos, e árvores, e flamas,
e montes, e horizontes sem ter fim!
mas rios, e ventos, e árvores, e flamas,
e montes, e horizontes sem ter fim!
Era a vida de volta, resgatada,
e nova, e para sempre, pelas chamas
desse Anjo de maio que arde em mim!
e nova, e para sempre, pelas chamas
desse Anjo de maio que arde em mim!
Extraídos do livro A Cidade e os Sonhos / Livro de Sonetos.Salvador, Bahia: Edições Cidade da Bahia, 2003. 115 p. ilus.
Ruy Espinheira Filho celebra 39 anos de poesia e 70 de idade do baiano
O escritor e jornalista tem toda sua obra poética reunida no livro Estação Infinita e Outras Estações
Ana Cristina Pereira - 15/12/2012
(ana.pereira@redebahia.com.br)
(ana.pereira@redebahia.com.br)
O leitor pode abrir em qualquer uma das 13 partes de Estação Infinita e Outras Estações (Betrand Brasil/R$ 59/588 págs.), do escritor Ruy Espinheira Filho. Terá uma boa ideia da poética do baiano, um dos nomes mais celebrados de sua geração, com mais de 20 livros e vários prêmios no currículo.
Mas, se quiser ao mesmo tempo conferir um belo exemplar de sua poesia e entender o seu estado de ânimo aos 70 anos - completados quarta-feira - pode pular para a última página, onde está o poema 70 Anos, do livro que nomeia a publicação. Nele, o escritor brinca com a chegada à idade e pede a Cronos que deixe tudo como está. E ainda diz que chegou aqui repleto e suave.
Ainda incompleto, o último livro da obra reunida tem apenas dois poemas: o já citado e Visita em Abril, ambos escritos este ano. "Espero que seja o ponto de partida para um futuro livro", afirma Ruy. Quando começou a pensar no aniversário, surgiu a expressão ’estação infinita’, para falar de tempo e memória, temas recorrentes no conjunto de sua obra. Este é o quinto livro de Ruy Espinheira pela Bertrand Brasil.
O escritor e jornalista Ruy Espinheira Filho tem toda sua obra poética, iniciada nos anos 60, reunida no livro Estação Infinita e Outras Estações
E a intenção, diz, foi realmente fazer algo comemorativo. "Depois de algum tempo, os livros se esgotam e fica difícil encontrá-los. Uma obra reunida traz toda a história da pessoa".
Além do lançamento, a data, brinca o escritor, teve uma grande comemoração na internet. "Foi tudo espontâneo, porque uma coisa é Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque. Eu sou apenas um poeta nordestino", contemporiza.
Tradição Lírica
Com apresentação do escritor e crítico literário Miguel Sanches Neto, o livro reúne poemas escritos por Ruy a partir de 1966. Seu primeiro livro publicado foi Heléboro, em 1973. Bueno destaca que Estação Infinita apresenta "a trajetória de um dos mais importantes poetas líricos brasileiros da modernidade". E traduz uma poesia "com dimensão biográfica e histórica, contrária à ideia de que o universo poético deve ser uma realidade paralela, onde flutuam linguagens marcadas pelo vácuo semântico", anota.
Com apresentação do escritor e crítico literário Miguel Sanches Neto, o livro reúne poemas escritos por Ruy a partir de 1966. Seu primeiro livro publicado foi Heléboro, em 1973. Bueno destaca que Estação Infinita apresenta "a trajetória de um dos mais importantes poetas líricos brasileiros da modernidade". E traduz uma poesia "com dimensão biográfica e histórica, contrária à ideia de que o universo poético deve ser uma realidade paralela, onde flutuam linguagens marcadas pelo vácuo semântico", anota.
Nesses 39 anos de poesia - e também de muita prosa - vieram trabalhos como Julgado do Vento (1976), As Sombras Luminosas (1980) e Memória da Chuva (1996). E prêmios como o Cruz e Souza, o Jabuti e o da Academia Brasileira de Letras. O último livro foi a antologia Melhores Poemas, lançada em maio pela Global.
Refletindo sobre sua trajetória, o poeta filia-se à linhagem de nomes como Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), Cecília Meirelles (1901-1964) e Manuel Bandeira (1886-1968). "É a continuidades da poesia lírica ocidental. O meu caminho é este", afirma.
O conjunto traz trabalhos bissextos na escrita de Ruy, como o infantil A Guerra do Gato (1987) e o Romance do Sapo Seco: Uma História de Assombros (2005), inspirado na literatura de cordel e num fato real. Ambos são estruturados como longos poemas narrativos.
No caso do infantil, recorda Ruy, o poema nasceu depois que ele encontrou um gatinho na porta de casa e festejou a aparição com os filhos. Já o segundo é uma dessas histórias de realismo fantástico interiorana, do assassino Generino, um homem assombrado pelo demônio. No júri, estava o pai de Ruy, que era advogado. "É um cordel a meu modo. Acho os poemas narrativos muito importantes. Tenho vários em minha obra", contextualiza.
Por enquanto, Estação Infinita e Outras Estações ainda não tem um lançamento programado para Salvador. Espinheira diz que o Verão por aqui é bem confuso, com muita bagunça e pouco propício à literatura. Por isso, brinca, vai esperar uma estação melhor para autografar o trabalho para amigos e fãs.
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