quinta-feira, 1 de outubro de 2015

POEMAS COLORIDOS

Infância


Ilha que brilha
num mar de alegria,
ciranda de cores,
maré cheia.
Soprando a vela,
o verde é ternura,
o branco no céu
compõe o carrossel.
Pintando a criança
- peixinho dentro d’água -,
o azul silencioso.
E esse sol que escorre
em minha lágrima.

***

Aquarela

Tons de rosa e castanho,
devaneio e pintura, a paisagem fascina.
Com ternura, moldura uma lua serena:
asa de borboleta,
uma tela tão fina, tua pele, morena,
teu sorriso, menina, esses teus seios,
teus lábios, teu olhar de encantos cheios,
são rimas das mais puras e cantantes.
E essas formas divinas, juntas,
vão compondo ante os meus olhos delirantes
o mais belo poema da Criação.

***
Tela pálida

Ludibriando o tom do negro
que aprecia a cor do cobre,
o vermelho, sem vergonha,
é de um branco pouco nobre.
***
Cor-de-rosa
No teu claro olhar castanho,
fruto que sai de uma flor
multicor e sem tamanho,
logo após o sol se pôr,
outro olhar  se desmantela.
Numa nova aquarela,
de tal  forma carinhosa,
o Amor, em verso e prosa,
se bronzeia ao  descrevê-la,
contemplando um par de estrelas
no teu rosto cor-de-rosa. 

***
Vernissage hodierna

O barman da abertura desabafa:
- Olhos vermelhos, fundo de garrafa,
esses contemporâneos, ninho de artrópodos,
só não desconstruíram o O com o copo

***
Rosa

Colorindo com encanto as flores da campina,
a rosa menina para  o nosso deleite
e graça do bem-me-quer,
pétala por pétala, eis a rosa mulher.
Na fina flor da idade,
descrevê-la no verso e reverso que aflora,
lírio colírio, tantas flores de retórica.
Vermelha, amarela, violeta, branca,
ela é a fragrância da flor que reflete o sol.
Quando floresce, cresce  tua graça meiga e singela,
a graça do amor que seduz o beija-flor,
que beija essa rosa mimosa,
mulher e menina,
linda  de todos os lados ainda.
***

Fechando a tela com dois poemas do mais lúdico dos sátiros da Bahia, Geração Prefácio, Verba Pública e Privada: Cacetinho de Florença, que se diz descendente direto de Divino Scaldaferri, este, fruto de Vênus com Midas, desceu à Terra com o papel  de transformar o feio em belo.
Pintando com as letrinhas

Lágrima por lágrima
a tinta e se espalha.
Qual uma pluma
pincel flutua sobre a tela,
branca toalha que acolhe
o corpo da mulher amada...
Pintar agora está ao seu alcance:
gota por gota,
pegue na minha e balance!
 ***
Pinto vermelho

Procurou, não achou,
refletiu no espelho!
O seu pinto sumiu,
só ficou o pentelho.

Bernardo Linhares, Porto da Barra, 30 de setembro de 2015.


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