Você se lembra dos lambe-lambe da Praça da Piedade? E dos engraxates do Terreiro do Jesus com seus tronos forrados de retalhos coloridos? Até os carros de cafezinhos – organizei 12 concursos em 20 anos – estão desaparecendo. Nas ruas, os pregões de vendedores de frutas, peixe ou mugunzá silenciaram.
Os trios nordestinos foram expulsos do centro histórico e da feira de São Joaquim. Os cordelistas perderam de forma truculenta – obrigado prefeito! - seu ponto de venda na Praça Cairu. Desde o Carneiro Exterminador do Futuro, Salvador vai chorando seu suntuoso calçamento de pedras portuguesas. Em troca, placas de concreto emolduradas por tiras de granito. Haja impermeabilização e microclima! É a estética da tecnocracia. Cultura, sensibilidade, referências históricas? Caretice.
Os casarões tombados pela UNESCO, também são tombados pela
prefeitura com benção do IPHAN. Em poucos meses 31 despareceram e parece que,
na ladeira da Poeira, a famigerada parceria tenciona “tombar” mais alguns. Ao
longo da orla, desaparecem as árvores, vítimas da motosserra municipal. São
substituídas por curiosos arranjos de palmeiras asfixiadas em potes de
concreto. A deprimente moda contagiou a Baixa dos Sapateiros.
Entram novos
atores com simplórias ideias renovadoras. O improvável casamento de posto de
gasolina com módulo policial sonha melhorar os quiosques de praia. Você não
gostava dos antigos, bem simples, redondos, com palha de coqueiros lembrando a
África? Agora tem mais vidraça que aquário e desde já compadeço com quem
trabalhará nestes micro-ondas. Aliás, esteja certo, amigo leitor, que as
cervejarias vão entrar em peso.
Os antigos proprietários que se danem. Água de
coco? Tás brincando!
E por falar em micro-ondas, agora também temos um no
bairro de Santo Antônio: o Plano Inclinado do Pilar. Um requinte de tortura para
quem é obrigado a usar, e pior ainda para quem lá trabalha.
Roubaram-me a Bahia de Dorival Caymmi e Ary Barroso.
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