sábado, 10 de outubro de 2015

INDÚSTRIA DA MULTA OU DA MORTE?




VALCI BARRETO*


Resumo este texto à cidade de Salvador, onde vivo.
Sempre que os órgãos competentes começam a exercer maior fiscalização no transito de veículos, notadamente aplicando multas e apreendendo veículos que não observam as normas , há uma grita , uma inquietação e ações judiciais contra o que chamam de INDUSTRIA DA MULTA.
Alguns políticos, entidades de classe, legitimamente exercendo seus mandatos, vêm se manifestando contra atos da Prefeitura Municipal de Salvador que vem aplicando multas a infratores do transito e contra instalação de câmeras nas ruas da capital baiana.
Nossos motoristas, de um modo geral, não querem de forma alguma cumprirem as normas de transito: estacionam em locais proibidos, em cima de passeios, desenvolvem altas velocidades, fumam , bebem, usam celulares e até cochilam dirigindo.E só obedecem a sinais de transito se tiverem a certeza de que serão multados.


Se o nosso motorista souber que não haverá multa, os sinais de redução de velocidade , faixa de pedestre, portões de serão simplesmente ignorados.
Cada dia que passa a população vem sendo menos tolerante com a agressividade dos nossos motoristas. Afinal, nosso transito é um dos que mais matam no mundo. As mortes por acidentes de transito no Brasil, resultantes de excesso de bebedeiras, sono, excesso de velocidade, são mais numerosas do que as provocadas por muitas guerras que ocupam as páginas dos jornais do mundo.
O carro vem perdendo seu glamour, sua capacidade de humilhar, render pessoas , sobretudo pelos excessos cometidos por condutores de veículos, os quais têm provocado elevados índices de mortes , mutilações e dramas familiares irreparáveis.
Por isto mesmo, as campanhas contra a INDUSTRIA DA MULTA, não tem obtido acolhida por boa parte da população. 
Quem me estimulou a escrever este texto foi um taxista que me conduziu por um bom tempo hoje em Salvador e que, pelo caminho, afirmou convicto que há mais de dez anos são sofreu uma multa sequer; que mesmo no carnaval, jamais cobrou fora do que registra o seu taxímetro; que nunca recusou corrida pequena, nem mesmos em grandes festas como Carnaval e e festejos do Senhor do Bonfim; e que não estava entendendo o ex prefeito João Henrique, em um programa de rádio, bradar contra as multas e os guinchos usados contra motoristas infratores. 
Não tendo qualquer dúvida da sinceridade do taxista, anotei seu fone e nome para uma conversa futura que pretendo postar nas redes sociais. Terminada a corrida, disse-lhe: candidate-se que votarei em você. 
A minha sincera declaração deve-se ao fato de estar ali , ao meu lado, personagem quase impossível de cahar: taxista que não rejeita corrida pequena oue que nao cobre "no tiro", como se chamava antigamente a a cobrança fora do que registra o taximetro.
Ciclistas e pedestres, possuindo ou não veículos, não deveriam apoiar anistia de multas aplicadas a motoristas infratores, nem se oporem a instalações de câmeras em nossas ruas . A final, são eles , ciclistas e pedestres ,as vítimas maiores da brutalidade de boa parte dos nossos condutores de veículos.
Acredito ser crescente o número de pessoas que optaram pela INDUSTRIA DA MULTA E DOS GUINCHOS , única arma capaz de vencer , ou pelo menos amenizar, a INDUSTRIA DA MORTE dos nossos motoristas.


*VALCI BARRETO É ADVOGADO, 
JORNALISTA 
E INCENTIVADOR DO USO DA BICICLETA

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