sábado, 10 de outubro de 2015

HERANÇAS


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Roberto C. Rodrigues

(facebook)


Em Banco da Vitória, na década de oitenta do século passado, um vizinho nosso morreu. O morto tinha sido um fazendeiro de cacau. Na hora de sepultamento, nenhum filho ou filha acompanhou o féretro. 

Ficaram no quarto do morto tomando conta do cofre e esperando a viúva chegar com o segredo do baú de metal. Sabendo da esperteza da filharada, a viúva já tinha esvaziado o cofre dias antes do passamento do velho marido. 


Quando a viúva entregou aos filhos o papel com os dados do segredo, o cacete comeu no quarto e quase derrubaram a casa brigando para ver quem seria o primeiro a abrir o cofre. 

Quando isso ocorreu, quase duas horas depois, os filhos afoitos encontraram no cofre quatro enxadas enferrujadas e três canetas BIc. e um Bilhete que descrevia: "Para os mais trabalhadores deixo essas enxadas. Para os mais letrados, deixo as canetas. Para os preguiçosos deixo a bênção de Deus. Quem quer herança, que a construa." Assinado: O Morto. 

Dizem as más línguas locais que a viúva fez o que o velho marido mandou e não deixou um só centavo para sua prole. Ao morrer, tantos anos depois, a velha deixou a fortuna do marido para Cúria. 

No dia de Finados, ninguém visita os túmulos dos dois. Nem o padre nem o bispo da diocese, nem os filhos e filhas que até hoje acreditam que foram paridos pelos ventos.

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