...SERÁ QUE AS NOVAS LEIS VÃO PERSEGUIR O ANTIGO COSTUME DOS ÍNDIOS MATIS?
Onipresentes nos discursos dirigidos às crianças, os mariwin são ancestrais genéricos (impessoais) cujo papel consiste em bater nas crianças com o objetivo de endurecer, disciplinar e torná-las mais ativas e vigorosas.
Muitas vezes, chegam na aldeia adultos adornados com máscaras, representando os espíritos ancestrais, munidos de varas, mexendo-se, curvando-se e grunhindo de modo assustador. As crianças são levadas a eles. A menos que consigam escapar, todos são açoitados, dos mais jovens aos pré-adolescentes.
Os golpes não são dados para fazer mal, mas para insuflar o tônus. Os chicotes do mariwin são feitos de talo da palmeira daratsintuk, e cada talo, quebrado ou não, só pode ser utilizado uma vez. Assim, nota-se a natureza individualizada da ligação entre a palmeira e cada criança, sugerindo que, assim como as plantas medicinais e as agulhas do tatuador que são usadas uma única vez , os golpes dados pelos mariwin tenham um valor propriamente terapêutico e preparatório.
Bater faz crescer: no caso de escassez de vegetais, se os legumes começam a faltar, os Matis, para encurtar o período de entre-safra, põem suas vestes e ornamentos cerimoniais e batem nas plantas de seu jardim a fim de incitar o seu desenvolvimento.As crianças são também açoitadas e picadas na gengiva desde a idade de dois ou três anos. Tais golpes antecipam aquilo que virá em seguida, inauguram uma vida marcada por fustigação e picadas “terapêuticas”, entre as quais se destacam as perfurações ornamentais, as tatuagens, e a ação dos mariwin, marca dos rituais de açoitamento.
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