De acordo com IBGE, 2,4 milhões de baianos, ou 17,7% da população do estado, vivem com uma renda mensal per capita de até R$ 70.
Não há, em todo o Brasil, nenhum estado com mais miseráveis que a Bahia. Esse amargo título foi constatado por dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, divulgados no último sábado. De acordo com o Instituto, 2,4 milhões de baianos, ou 17,7% da população do estado, vivem com uma renda mensal per capita de até R$ 70.
Isso significa que nada menos que 14,8% dos miseráveis do país estão na Bahia. No entanto, não é só aqui que os números são alarmantes. Em números proporcionais, o campeão da miséria é o Maranhão: um em cada quatro moradores é considerado extremamente pobre, o que corresponde a 1,7 milhões de pessoas. Os dados também mostram que 58% dessa população de miseráveis se concentram em apenas seis estados: Pará, Pernambuco, Ceará e São Paulo, além da Bahia e do Maranhão. Juntos, eles concentram 9,4 milhões de miseráveis.
Por ser o estado mais populoso do país, o número de miseráveis em São Paulo também é grande: 1,084 milhão de pessoas. Em números proporcionais, no entanto, isso representa apenas 2,6% da população total.
CRITÉRIOS
Para calcular a renda média das famílias extremamente pobres, o IBGE levou em conta apenas as que têm algum tipo de rendimento, entre R$ 1 e R$ 70. Essa população tem renda familiar média de R$ 40,70 mensais - uma longa distância de quase R$ 30 para, segundo os critérios do governo, passar de miserável a pobre (renda familiar per capita de R$ 71 a R$ 140 mensais).
Além da baixíssima renda, os extremamente pobres têm em comum o fato de viverem em domicílios com pelo menos um tipo de carência por serviços básicos, como energia elétrica, abastecimento de água, rede de saneamento ou coleta de lixo.
Em 3 de maio, o governo federal lançou o programa Brasil sem miséria, que promete erradicar a miséria no Brasil em quatro anos. A secretária extraordinária para Superação da Extrema Pobreza do Ministério do Desenvolvimento Social, Ana Fonseca, considerou a população com renda familiar de até R$ 39 mensais por pessoa “o núcleo duro da extrema pobreza”, mas diz que os dados só levam em conta a renda monetária. “A agricultura de subsistência não é levada em consideração”, observa.
10,5 milhões vivem com R$ 39 por mês
No Brasil, é contabilizado um total de 16,267 milhões de miseráveis - quase a população do Chile. Destes, 5,7 milhões moram em domicílios com rendimento de R$ 1 a R$ 39 mensais. Somados aos 4,8 milhões que não têm nenhuma renda, são 10,5 milhões de pessoas, o equivalente à população do estado do Paraná, vivendo com até R$ 39 por mês. O Censo de 2010 aponta 4 milhões de domicílios miseráveis no País: 1,62 milhão deles sem renda, e outros 1,19 mil, com renda de R$ 1 a R$ 39.
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