andrea redondo
blog urbe CaRioca
UtilitáRio
Calçada da Avenida Atlântica, Leme
e Copacabana, Rio de Janeiro
Picasa Web Albuns
Falar
sobre pedras portuguesas no Rio de Janeiro é atrair polêmica, na certa. Há quem
as odeie e quem as defenda.
O Urbe CaRioca está
no segundo grupo: é apaixonado pelas calçadas do Rio revestidas depedras portuguesas, sejam lisas ou formando lindos desenhos. São
herança da terrinha, de lá onde estão as nossas raízes lusitanas. Vieram depois
do calçamento pé-de-moleque e do calçamento português constituído de pedras
gigantescas de granito rejuntadas com pedras menores, que ainda existem
em alguns bairros.
Antiga Rua da Ajuda, início do século XX. Proximidades
do Teatro Municipal,
Centro, Rio de Janeiro
É possível observar as calçadas revestidas com grandes pedras de
granito
Há muitas
vantagens no calçamento de pedras portuguesas. Entre elas, o fato de ser
revestimento permeável, qualidade necessária para a absorção parcial das águas
de chuva nesse Rio tropical de tantas enchentes e alagamentos, cada vez mais
presentes função das mudanças climáticas, diz-se.
Outro
aspecto importante é a facilidade da retirada e colocação para mudanças e
consertos na confusa rede de instalações subterrânea. As diferenças de
coloração que surgem nos trechos refeitos logo desaparecem com a ação do tempo,
garantindo a uniformidade do conjunto das calçadas.
Praça Carlos Alberto, Porto, Portugal
Blog Porto Sentido
Calçada de Pedra
Portuguesa, Lisboa
Blog Portal da Cidadania
Para isso, entretanto, há uma condição fundamental. O serviço
deve ser bem-feito. Infelizmente, não é o que ocorre na Cidade do Rio de
Janeiro. Em Portugal, ao contrário, as calçadas são lisinhas, as pedras
encaixadas à perfeição, quase não há espaço para rejunte entre elas.
Existem
diferentes "malhas" - técnicas de assentamento da pedra. As mais
conhecidos e utilizadas são:
"Meia - esquadria":
assentamento da pedra mais ou menos rectangular é efectuado na diagonal do
pavimento em dois sentidos. É esta a malha mais comum.
"Assentamento direito":
pedra assenta-se paralelamente à beira do pavimento, não utilizados
"cantos" ou triângulos da pedra na beira da calçada. Encontra-se mais
no norte do Portugal ou nas zonas de extracção do granito. Também é utilizada
para sinalizar passagem dos peoes.
"Leque": assentamento em forma de leque .
Encontra-se com mais frequência no norte da Europa.
"Sextavado": A pedra tem forma do hexaedro, e
assenta-se como em favo. Encontra-se nos trabalhos mais antigos.
"Malhéte" ou "calçada portuguesa": a
pedra não tem corte regular, assente-se em modo irregular, com objetivo de
encostár ao máximo.
Monumento ao Calceteiro, Lisboa
Foto: Dias dos Reis
Fonte: www.calçadaportuguesa.blogspot.com.br
O historiador Milton Teixeira nos conta que:
“No Rio
de Janeiro, a decisão de introduzir esse tipo de calçamento partiu do Prefeito
Pereira Passos durante seu profícuo mandato, tendo no ano de 1904 contratado em
Portugal 33 calceteiros e comprado lotes de pedras portuguesas para aplicar nos
novos logradouros que estava reformando ou abrindo na velha urbe carioca. Pouco
depois, ele mandou vir mais 170 homens de Lisboa.
Entretanto,
nenhuma calçada de pedra portuguesa foi realizada antes de novembro de 1905,
quando a primeira de todas foi inaugurada na avenida Central (desde 1912
avenida Rio Branco), próximo à atual praça Mauá.
Calçamento
caro, importado e de difícil execução, intentou o Prefeito Passos cobrar em
maio de 1905 uma taxa de 25% sobre o imposto predial dos edifícios que dessem
frente para tais calçadas, mas a reação popular pela imprensa foi contrária e
violenta, sendo revogada a medida”.
O texto
integral está em AS CALÇADAS EM
MOSAICO DE PEDRAS PORTUGUESAS DO RIO DE JANEIRO publicado no
Jornal Copacabana.
Como se
vê, há 100 anos calceteiros portugueses são trazidos para ensinar aos
administradores cariocas como assentar as pedrinhas. Um século de aulas e a
maioria das calçadas permanece em estado deplorável. Incompreensível!
O problema, na visão do Blog, não é a dificuldade de aprendizado,
mas, a falta de ensinamento geral: aqui os responsáveis pela manutenção das
calçadas são os proprietários das construções lindeiras. Ou seja, as casas ou
condomínios defronte aos passeio públicos. Aos gestores da cidade fica a tarefa
de manter as calçadas da orla e em frente aos prédios públicos, e canteiros
centrais, infelizmente, pouco exemplares...
Ao exigir a conservação das calçadas, nada mais lógico do que
municipalidade executar as que são de sua responsabilidade à perfeição, e
conservá-las.
Aos
demais, explicar como fazê-lo antes de notificar o cidadão exigindo reparos.
Sr. Sérgio, um Calceteiro CaRioca, Leblon, Maio 2012
Acervo Urbe Carioca
Os materiais brasileiros: soquete, pá, carrinho de mão,
garfo, enxada, colher
de pedreiro, martelo de pedra,
martelete,cimento, areia, saibro
e pedras portuguesas.
O Blog foi ao local conferir o trabalho e considerou-o
bem feito, dentro do padrão observado pela cidade.
O Blog
propõe-se a colaborar com a segunda premissa. Aos proprietários e síndicos, os
caminhos a serem trilhados em busca de uma calçada bonita e regular, sem os
buracos, murundus e depressões que causam tantos tombos e machucados aos
pedestres cariocas estão nos textos indicados abaixo, que reúnem história e
opiniões sobre as famosas pedras portuguesas e seus mosaicos.
No item 1, de um site da “terrinha” consta receita para a colocação
perfeita desse belo calçamento, que pode durar muitas e muitas vidas!
Boa leitura!
1. Colégio São Miguel, Portugal – Calçada à Portuguesa. Além
de um belo histórico, nos links APLICAÇÕES e ASSENTAMENTOS constam as medidas
ideais das pedras conforme o uso do pavimento, e o método de colocação.
5. Pela absolvição da pedra portuguesanas nossas cidades –
Cristóvão Duarte. Maio, 2009.
6. Portal de
Cidadania - Vamos manter e preservar as calçadas de pedras portuguesas.Maio,
2009.
7. Cantando Pedra -
Cora Rónai, O Globo. Maio, 2009.
8. Do
blog Curiosidades Cariocas - História e
Estórias do Rio de Janeiro - PedrasPortuguesas. Outubro, 2008.
andrea redondo
Calçada da Avenida Atlântica, Leme
e Copacabana, Rio de Janeiro
Picasa Web Albuns |
Falar sobre pedras portuguesas no Rio de Janeiro é atrair polêmica, na certa. Há quem as odeie e quem as defenda.
Antiga Rua da Ajuda, início do século XX. Proximidades
do Teatro Municipal, Centro, Rio de Janeiro É possível observar as calçadas revestidas com grandes pedras de granito |
Há muitas vantagens no calçamento de pedras portuguesas. Entre elas, o fato de ser revestimento permeável, qualidade necessária para a absorção parcial das águas de chuva nesse Rio tropical de tantas enchentes e alagamentos, cada vez mais presentes função das mudanças climáticas, diz-se.
Outro aspecto importante é a facilidade da retirada e colocação para mudanças e consertos na confusa rede de instalações subterrânea. As diferenças de coloração que surgem nos trechos refeitos logo desaparecem com a ação do tempo, garantindo a uniformidade do conjunto das calçadas.
Praça Carlos Alberto, Porto, Portugal
Blog Porto Sentido |
Calçada de Pedra
Portuguesa, Lisboa Blog Portal da Cidadania |
Existem diferentes "malhas" - técnicas de assentamento da pedra. As mais conhecidos e utilizadas são:
Monumento ao Calceteiro, Lisboa
Foto: Dias dos Reis Fonte: www.calçadaportuguesa.blogspot.com.br |
“No Rio de Janeiro, a decisão de introduzir esse tipo de calçamento partiu do Prefeito Pereira Passos durante seu profícuo mandato, tendo no ano de 1904 contratado em Portugal 33 calceteiros e comprado lotes de pedras portuguesas para aplicar nos novos logradouros que estava reformando ou abrindo na velha urbe carioca. Pouco depois, ele mandou vir mais 170 homens de Lisboa.
Entretanto, nenhuma calçada de pedra portuguesa foi realizada antes de novembro de 1905, quando a primeira de todas foi inaugurada na avenida Central (desde 1912 avenida Rio Branco), próximo à atual praça Mauá.
Calçamento caro, importado e de difícil execução, intentou o Prefeito Passos cobrar em maio de 1905 uma taxa de 25% sobre o imposto predial dos edifícios que dessem frente para tais calçadas, mas a reação popular pela imprensa foi contrária e violenta, sendo revogada a medida”.
O texto integral está em AS CALÇADAS EM MOSAICO DE PEDRAS PORTUGUESAS DO RIO DE JANEIRO publicado no Jornal Copacabana.
Como se vê, há 100 anos calceteiros portugueses são trazidos para ensinar aos administradores cariocas como assentar as pedrinhas. Um século de aulas e a maioria das calçadas permanece em estado deplorável. Incompreensível!
Aos demais, explicar como fazê-lo antes de notificar o cidadão exigindo reparos.
Sr. Sérgio, um Calceteiro CaRioca, Leblon, Maio 2012
Acervo Urbe Carioca |
Os materiais brasileiros: soquete, pá, carrinho de mão,
garfo, enxada, colher de pedreiro, martelo de pedra, martelete,cimento, areia, saibro e pedras portuguesas. O Blog foi ao local conferir o trabalho e considerou-o bem feito, dentro do padrão observado pela cidade. |
O Blog propõe-se a colaborar com a segunda premissa. Aos proprietários e síndicos, os caminhos a serem trilhados em busca de uma calçada bonita e regular, sem os buracos, murundus e depressões que causam tantos tombos e machucados aos pedestres cariocas estão nos textos indicados abaixo, que reúnem história e opiniões sobre as famosas pedras portuguesas e seus mosaicos.
6. Portal de Cidadania - Vamos manter e preservar as calçadas de pedras portuguesas.Maio, 2009.
7. Cantando Pedra - Cora Rónai, O Globo. Maio, 2009.
8. Do blog Curiosidades Cariocas - História e Estórias do Rio de Janeiro - PedrasPortuguesas. Outubro, 2008.
Parabéns!!!
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluirPrezado sr. Dimitri,
ResponderExcluirObrigada por divulgar meu artigo em seu blog. Estranhei apenas não haver referência ao meu nome nem ao Blog Urbe CaRioca, tampouco o link para a postagem que preparei após observações do cotidiano sobre as calçadas no Rio de Janeiro e pesquisa sobre a origem e técnicas de calçamento. Peço que o sr. inclua essas informações no seu post.
Grata.
Andréa Redondo
Prezada Andrea.
ExcluirNão foi por mal. Achei que Utilitá-Rio era suficiente, já que a autoria não era muito visível. Mas já coloquei seu nome no cabeçalho. Parabéns por seu artigo, tão importante para a causa que defendemos. Espero poder continuar com esta colaboração!
Aqui em Salvador, os sucessivos prefeitoos parecem ter ódio a pedra portuguesa.
E o IPHAN não se manifesta!
Obrigada, Dimitri. Ficarei mais atenta e quando os textos forem meus - a maioria no blog - vou deixar mais claro. Quanoo os artigos são de amigos, colegas e colaboradores sempre fica em destaque. Um abraço e parabéns pelo seu trabalho. No Rio a polêmica continua. No blog tem outro artigo que é É UMA PEDRA PORTUGUESA, COM CERTEZA. Talvez também goste.
ResponderExcluirAndréa