sábado, 12 de outubro de 2013

NOITE DE SÁBADO


A chuva deu uma trégua. O asfalto brilha. O trânsito se fez raro, silencioso. Um gato mia. Por trás de meu monitor, uma libélula inebriada pela luz, voa e, repetidamente, se choca contra o abat-jour. 
Ao longe, umas vozes alegres devem falar de festa, de amizades. Vão se aproximando. Uma sanfona, um violão, alguém que canta.
O grupo parou debaixo de minha janela. 
Abro. Meia dúzia de homens, na faixa dos cinquenta.  Não conheço a canção. Deve falar de amor. 
Na noite húmida e quente, noto as camisetas listradas. Com certeza saíram de algum sarau. A sanfona continua seu monólogo nostálgico que o violão reforça. 
Duas moças de cabelo solto dançam sem muita atenção, quase indiferentes. Seus longos vestidos de ouro, prata, rosa e azul, voam lentamente com a brisa. 
Do outro lado da rua, as luzes apagaram. Ninguém se debruçou na janela para ver o grupo passar. Já estarão dormindo.
Interrompem a música, conversam. Alguém ri. Recomeçam a andar, a tocar, a cantar. Viram a esquina. 
Por um momento seguirei seus passos pelo som da sanfona.
No meu bairro ainda existem momentos singelos mágicos...





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