sábado, 11 de fevereiro de 2012

Qual deles é seu centro histórico?


Salvador, sempre na liderança, possui três centros históricos.

O primeiro e mais evidente é aquele que as autoridades divulgam fartamente por todas as mídias, no consagrado bordão “Sorria, você está na Bahia”. Tudo lindo-maravilhoso, perfumado a cravo, dendê, canela e maresia. É festa permanente. Azul, ouro e miçangas.

 Um segundo centro, mais sombrio, aguarda o turista desprevenido. Monumentos desleixados, casarios mal sustentados por bengalas enferrujadas, crianças vagando com olhar vazio, de repente arrancando bolsas e câmeras para desaparecer becos abaixo. Não adianta assessores de secretarias anestesiadas afirmarem que “as obras estão em ritmo normal” quando é fácil verificar que os canteiros não têm viv´alma por dias e semanas, seja na luz do sol ou sob o brilho da lua, enquanto o resto da cidade fervilha como adolescente em fase de puberdade. Ritmo normal? Ratos, crack e lixo.

Um terceiro centro histórico, o piano, repousa sobre os ombros curvados de comerciantes e empresários que teimam em manter um sopro de vida nas artérias da velha cidade.
Suíços e belgas sabem que os chocolates da Marrom Marfim são de qualidade internacional e que os sorvetes Laporte são melhores que os do parisiense Bertillon.
O Mini-Cacique perpetua uma tradição culinária digna de sua fama, o Cafelier mantém seus encantos-mil, Glauber Rocha ficaria honrado com a programação da Praça Castro Alves e no Teatro XVIII a dinâmica é de fazer inveja a muitos espaços culturais pelo Brasil afora.
A Casa de Jorge Amado resiste a todas as secas e o Vavá Botelho vê, enfim, seu Balé Folclórico da Bahia reconhecido não só internacionalmente, mas também nacionalmente.
Os turistas avisados sabem que o Villa-Bahia e o Aram Yami têm requintes hoteleiros comparáveis a NY ou Roma e que na Pousada do Boqueirão encontrarão o Nordeste tão ausente dos dormitórios da orla marítima. Suor, coragem e teimosia.

É a iniciativa privada que segura a sobrevivência do bairro, longe do confuso labirinto de bananeiras elucubrações onde há muito tempo se perderam as autoridades.

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