"Lampião não era bicha, era bichona", diz biógrafo
Ana Cláudia Barros
Autor de Lampião - o Mata Sete, cuja publicação e comercialização foram proibidas em caráter liminar, o juiz aposentado Pedro de Morais conta a Terra Magazine que ficou surpreso com a repercussão do caso. Antes mesmo de ser lançada, a obra vem provocando polêmica e revolta por levantar a suposta homossexualidade de Virgulino Ferreira da Silva e apontá-lo como um dos vértices de um triângulo amoroso, formado ainda por Maria Bonita, sua companheira, e o cangaceiro Luiz Pedro. A ação judicial foi movida por familiares de Lampião junto à 7ª Vara Cível de Aracaju (SE). Morais já apresentou recurso.
Ele diz que a conduta homossexual de Lampião foi mencionada por outros autores e que se ateve apenas a fatos históricos.
- O livro não trata exatamente da homossexualidade de Lampião. Eu apenas mostro que ele era homossexual, mas não com força pejorativa. Eu não tenho absolutamente nada contra os homossexuais nem a favor. Eu relato um fato histórico. Aliás, não sou o primeiro a escrever sobre isso e nem o vigésimo.
O magistrado aposentado, que informou pesquisar sobre o tema desde a década de 1960, critica o que chama de "deificação reprovável e intolerável" em torno da imagem do "rei do cangaço" e enfatiza que uma das propostas da obra, escrita durante aproximadamente seis anos, é "mostrar um lampião desmitificado".
- Construíram esse monumento em bases flácidas, mentirosas. Ele era ladrão, safado, perverso, canalha e, o que não é má qualidade, bicha. Aliás, uma bichona. Frederico Pernambucano de Mello (autor do livro Estrelas de couro: a estética do cangaço, Escrituras Editora), um dos mais inteligentes sociólogos e antropólogos do Nordeste, diz que Lampião tinha os adereços e a conduta da cultura homossexual.
Para o membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, Alcino Alves da Costa, autor das obrasO Sertão de Lampião, Lampião Além da Versão e Lampião em Sergipe, a afirmação de Morais é "uma verdadeira aberração".
- Não existia homossexualismo no meio do cangaço, não. Isso é uma aberração sem tamanho. É polêmica pela polêmica. Uma afronta ao homem sertanejo. Se Lampião fosse homossexual, fosse viado... - diz irritado, acrescentando que estuda o cangaço "praticamente desde que nasceu"."Sou de Poço Rendondo, onde deu mais de 35 moças e rapazes para o cangaço. Eu me criei no meio dessa gente. Zabelê, Manuel Marques da Silva, era meu tio, irmão de minha mãe".
As discordâncias só cessam quando o assunto é a fama de justiceiro que alguns atribuem a Virgulino. Ambos refutam o rótulo.
-Sobre esse ângulo da história, ele (Morais) tem razão. Lampião jamais foi um justiceiro. Era realmente um bandido, um cangaceiro de atitudes monstruosas, mas tinha um lado heróico. O cangaço era um fenômeno social do Nordeste. Ele nasceu das intrigas de famílias. Lampião conseguiu ser, entre todos os cangaceiros, a maior estrela, lutando, por praticamente 20 anos, contra as forças de sete estados do Nordeste. Não se pode tirar esse lado heroico dele. Ele se tornou o coronel dos coronéis. Todos os poderosos do Nordeste o temiam. O cordel, os repentistas fizeram dele o mito que é hoje. Agora, só porque quer tirar essa aura de herói, chama de viado. Aí, é sacanagem.
Para o juiz aposentado, entretanto, Lampião foi "um dos piores homens que a natureza produziu".
- Foi um facínora, um bandido, um calhorda. Não registrei nenhum feito heroico desse homem. Minha senhora, veja só... na história do cangaço - e eu já li muito, pouca gente leu tanto sobre Lampião quanto eu - não se encontra uma virtude desse infame. Até o período do governo militar, os nomes mais leves usados para Lampião eram calhorda, ladrão, safado. A esquerda, durante o regime militar, tinha artistas, compositores, poetas, grandes cantores, mas não tinha um mito, um herói e criaram Lampião. Ele passou a ser o herói da esquerda. Muita coisa tem sido escrita sobre ele. Há quem o compare a Jesus Cristo. Um homem que matou em torno de 1.200 pessoas. Acho essas comparações abjetas, mas engraçadas. Graças a Deus, o povo está lendo pouco...- ironiza..
Triângulo amoroso
Um dos pontos que mais causaram barulho no livro de Pedro de Morais foi o triângulo amoroso entre Lampião, Maria Bonita e Luiz Pedro.
- Desde 1960, estudo sobre Lampião. Estudo e fui a lugares por onde ele andou. Tenho depoimentos de remanescentes, de parentes de Maria Bonita, de Lampião. Que ela era adúltera, está em todos os livros. O que eu digo e mostro é que havia no cangaço um trio amoroso, envolvendo Lampião, Maria Bonita e Luiz Pedro, o amor dos dois. Luiz Pedro era um cangaceiro, namorado de Lampião, e trocaram juras de amor eterno. Certa vez, Luiz Pedro matou o irmão de Lampião, que era a coisa que Lampião mais queria bem, e, em troca, Lampião, que nunca foi de clemência, absolveu Luiz Pedro, exigindo dele juras de que jamais se separariam. Isso não me parece coisa de macho.
O integrante da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço rechaça a afirmação do magistrado aposentado.
- Nunca teve isso, não! O Luiz Pedro tinha uma companheira. A Mulher dele se chamava Neném. Ela foi morta na fazenda Mucambo, em Sergipe. Era de Raso de Catarina, Paulo Afonso, na Bahia. Essa monstruosidade chamada triângulo amoroso entre Lampião, Maria Bonita e Luiz Pedro é tudo safadeza.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
POEMA DA QUECA
ATENÇÃO! DE AUTOR ANÔNIMO, ESTE É UM POEMA PROIBIDO PARA MENORES DE 15 ANOS, BEATAS E BOLSONAROS
Neste Portugal imenso
Quando chega o verão,
não há um ser humano
Que não fique com tesão.
É uma terra danada,
Um paraíso perdido.
Onde todo mundo fode,
Onde todo mundo é fodido..
Fodem moscas e mosquitos,
Fodem aranha e escorpião,
Fodem pulgas e carrapatos,
Fodem empregadas com patrão.
Os brancos fodem os negros
Com grande desprendimento,
Os noivos fodem as noivas
Muito antes do casamento.
General fode Tenente,
Coronel fode Capitão.
E o presidente da República
Vive fodendo a nação.
Os Frades fodem as freiras,
O padre fode o sacristão,
Até na igreja de crente
O pastor fode o irmão..
Todos fodem neste mundo
Num capricho derradeiro.
E o danado do Dentista
Fode a mulher do Padeiro.
Passos, depois de eleito,
se tornou um fodedor
Não fode o Cavaco,
mas fode o trabalhador,
O Ministro fode o deputado
Que fode o eleitor.
Parece que a natureza
Vem a todos nos dizer,
Que vivemos neste mundo
Somente para foder.
E você, meu nobre amigo
Que agora está a se entreter,
Se não gostou da poesia
Levante-se e vá-se foder!
Autor Desconhecido -
Também, pudera...
se fosse conhecido, tava fodido!
Neste Portugal imenso
Quando chega o verão,
não há um ser humano
Que não fique com tesão.
É uma terra danada,
Um paraíso perdido.
Onde todo mundo fode,
Onde todo mundo é fodido..
Fodem moscas e mosquitos,
Fodem aranha e escorpião,
Fodem pulgas e carrapatos,
Fodem empregadas com patrão.
Os brancos fodem os negros
Com grande desprendimento,
Os noivos fodem as noivas
Muito antes do casamento.
General fode Tenente,
Coronel fode Capitão.
E o presidente da República
Vive fodendo a nação.
Os Frades fodem as freiras,
O padre fode o sacristão,
Até na igreja de crente
O pastor fode o irmão..
Todos fodem neste mundo
Num capricho derradeiro.
E o danado do Dentista
Fode a mulher do Padeiro.
Passos, depois de eleito,
se tornou um fodedor
Não fode o Cavaco,
mas fode o trabalhador,
O Ministro fode o deputado
Que fode o eleitor.
Parece que a natureza
Vem a todos nos dizer,
Que vivemos neste mundo
Somente para foder.
E você, meu nobre amigo
Que agora está a se entreter,
Se não gostou da poesia
Levante-se e vá-se foder!
Autor Desconhecido -
Também, pudera...
se fosse conhecido, tava fodido!
MAIS SOBRE BELO MONTE
Encaminho aos meus amigos este texto escrito por uma das maiores autoridades internacionais em hidro mecânica. Trata-se de um engenheiro brasileiro, autor de um livro sobre o assunto com edições em português e inglês e que viaja continuamente projetando e resolvendo os problemas mais complicados em hidroelétricas por todo mundo. Recentemente uma revista especializada européia o elegeu como uma das 10 mais importantes personalidades mundiais neste assunto.
BELO MONTE
Você ainda acredita em Papai Noel? Se a resposta é sim, é provável que você não saiba de onde vem a água que sai das torneiras nem como se acende a lâmpada do quarto quando você aperta o interruptor. Se a resposta é sim, é provável que você também acredite que a solução definitiva do problema de energia de um grande país em desenvolvimento passa por alternativas como a energia eólica, a energia solar, a energia........, bem, acabaram as soluções.
Pergunte a um dos artistas da Globo que falam contra Belo Monte se ele mora no Leblon ou embaixo de uma turbina eólica. Como ele mora na zona sul do Rio, certamente não saberá que essas turbinas são altamente prejudiciais à saúde dos habitantes e que as vacas deixam de produzir leite por causa do ruído de baixa freqüência emitido pela turbina. Muito menos, que os pequenos granjeiros europeus não mais permitem que turbinas eólicas sejam instaladas em suas terras por causa desses problemas. Ainda por esse motivo, as turbinas eólicas são predominantemente instaladas no mar, próximo à costa, ou em terra, em lugares absolutamente desertos.
A maior turbina eólica já fabricada tem capacidade em torno de 5 MW. A usina de Itaipu tem uma capacidade instalada de 12.000MW, equivalente a 2.400 das maiores eólicas já fabricadas. Belo Monte terá uma capacidade de 11.300 MW, equivalente a 2.250 das maiores eólicas. Onde implantar isso? Na cabeça dos índios ou nas fazendas? Alguém sugere algo?
OK, tentemos então substituir as turbinas hidráulicas de Belo Monte por painéis de energia solar. Alguém que saiba o custo do kwh da eletricidade produzida por painéis solares poderia me orientar? Uma grande dúvida me assalta a respeito disso: se a solução solar parece-me tão boa e não poluente, por que até hoje não decolou em nenhum país do mundo, a não ser como isoladas experiências científicas de pequeno porte?
Os índios, ah, os índios, sempre inocentes e pobre-coitados! Logo eles, que estão dando ao mundo exemplos de eficiência no gerenciamento de suas terras, como na reserva Raposa do Sol, impedindo a entrada dos homens brancos, exceto madeireiros, garimpeiros, religiosos e participantes de ONG’s dominadas por estrangeiros. Os “globais” dizem que índios não participaram do processo de analise do projeto de Belo Monte, o que se trata de uma deslavada mentira – consultem os sites do projeto e procurem pelos tristes detalhes da reunião em que os índios se retiraram pois um grupo de “brancos” presentes impedia com apitos e apupos o correto andamento da exposição dos detalhes do empreendimento.
Os índios e os ambientalistas de ocasião dizem que o rio Xingu vai secar na região da grande curva. O que eles não dizem e não sabem é que a barragem vai regularizar a vazão do rio, principalmente na região da grande curva, permitindo que passe eternamente por ali uma vazão correspondente à vazão média definida pela Mãe Natureza ao longo da existência da Terra. Com isso, deixarão de ocorrer naquela região as enchentes que destroem as plantações dos índios e invadem suas casas. Não parece uma coisa boa?
Um dos especialistas que aparecem no vídeo mostra como um absurdo o fato de que a usina só operará durante alguns meses por ano, e isso é a mais pura verdade. Ora, essa gente se espanta porque não fez o dever de casa corretamente – basta analisar o regime hidrológico do rio para saber que a Mãe Natureza estabeleceu a milhares de anos que o rio Xingu teria seis meses de cheias e seis meses de vazante. Como modificar isso? Por decreto ou por uma ação social através do Twitter ou do Facebook? Ora, os projetistas de Belo Monte levaram essa característica hidrológica em consideração ao dimensionar a usina e chegaram à conclusão de a obra seria viável. O empreendimento se comprovou rentável, caso contrário os empresários e o governo não colocariam um único centavo no negócio, não é verdade?
No mesmo vídeo, outros “iluminados” perguntam quem vai pagar pela construção de Belo Monte. A resposta é simples, cara pálida: todos nós, nem poderia ser diferente. Até onde sei, não há almoço grátis no “mundo aqui fora”. Toda e qualquer obra e/ou grande programa de ação social levado a efeito em um país é sempre pago pelo povo – vejam os exemplos de Itaipu (pagamos até hoje, inclusive pelos paraguaios...), a construção de Brasília, a CPMF, a ponte Rio-Niterói, os metrôs brasileiros, os programas oficiais do governo (bolsas famílias e similares), etc, etc.
Essas ações de combate às usinas hidrelétricas costumam ser chamadas de “celebrities diplomacy”, com bastante propriedade. Os artistas que tentam comandar essas ações ganham grande espaço na mídia – vide a presença constante no Brasil do famoso diretor John Cameron, responsável por filmes importantes como Titanic e Avatar. Isso também nos faz lembrar as várias visitas ao nosso país do cantor Sting, em suas performances ao lado dos índios. Não tenha dúvida, amigo, isso faz parte do jogo. Todos querem tirar proveito de uma situação, embora nada entendam do assunto.
Com respeito a isso, queria propor um pacto a esses artistas que desconhecem como funciona a área de produção e transmissão de energia elétrica em nosso país: parar de dar palpites. Eu, como engenheiro mecânico não me pronuncio mais sobre qualquer assunto de TV, teatro ou cinema. Em compensação, eles param de falar besteiras sobre energia elétrica. Chega de amadorismo. Creio que é uma proposição justa.
Paulo Erbisti
Carta contestando as colocações do engenheiro Paulo Erbisti:
Este engenhiero muito agressivo nao chega a me convencer.
Os artistas da Globo podem ser ingenuos, eles levantam varias perguntas que tem a ver com a preservaçao do meio ambiente, questao que esta se tornando uma desafio fundamental para o futuro da humanidade, para a sua sobrevivência.
Ele faz parte do lobby que acredita cegamente que qualquer progresso técnico é bom para a humanidade. Veja um so exemplo : a energia nuclear...!
Os argumentos dele consistem em ridiculizar os inteletuais. Claro, para ele, inteletuais e artistas sao considerados como, antes de mais nada, superfluos ou mesmo inuteis. Por isso os odeia como odeia os extrangeiros (Sting). A maneira da qual fala dos indios mostra o desprezo que ele tem para essas comunidades que representam um obstaculo ao "PROGRESSO".
Sera que a unica prova de progresso é consumo, consumo e sempre mais consumo. Ou seja o capitalismo. Li recentemente uma definiçao do capitalismo : "sistema que coage os individuos a comprar com o dinheiro qua nao tem, milhares de coisas que na precisam".
Nao podemos continuar atacando, combatendo a natureza sem que haja consequencias. Veja o que acontece nestes ultimos anos a um ritmo nunca conhecido anteriormente : enchentes, secas, incêndios, aquecimento global, elevaçao do nivel dos mares, etc., sem falar nos terremotos e tsunamis.
Continuo torcendo para o respeito da floresta, dos indios, dos equilibrios naturais, dos artistas, do meio ambiente, e contra o consumismo desencadeado.
André Jolly
André Jolly foi fundador da Aliança Francesa de Salvador em 1974 e seu primeiro diretor. Homem muito empreendedor, passou por vários postos culturais importantes até ser diretor do Centro Cultural Francês em Cotonu, Benin. Foi tambem co-curador, com Emanuel Araujo, da memoravel exposição sobre o Benin, que esteve em Salvador em 2010.
BELO MONTE
Você ainda acredita em Papai Noel? Se a resposta é sim, é provável que você não saiba de onde vem a água que sai das torneiras nem como se acende a lâmpada do quarto quando você aperta o interruptor. Se a resposta é sim, é provável que você também acredite que a solução definitiva do problema de energia de um grande país em desenvolvimento passa por alternativas como a energia eólica, a energia solar, a energia........, bem, acabaram as soluções.
Pergunte a um dos artistas da Globo que falam contra Belo Monte se ele mora no Leblon ou embaixo de uma turbina eólica. Como ele mora na zona sul do Rio, certamente não saberá que essas turbinas são altamente prejudiciais à saúde dos habitantes e que as vacas deixam de produzir leite por causa do ruído de baixa freqüência emitido pela turbina. Muito menos, que os pequenos granjeiros europeus não mais permitem que turbinas eólicas sejam instaladas em suas terras por causa desses problemas. Ainda por esse motivo, as turbinas eólicas são predominantemente instaladas no mar, próximo à costa, ou em terra, em lugares absolutamente desertos.
A maior turbina eólica já fabricada tem capacidade em torno de 5 MW. A usina de Itaipu tem uma capacidade instalada de 12.000MW, equivalente a 2.400 das maiores eólicas já fabricadas. Belo Monte terá uma capacidade de 11.300 MW, equivalente a 2.250 das maiores eólicas. Onde implantar isso? Na cabeça dos índios ou nas fazendas? Alguém sugere algo?
OK, tentemos então substituir as turbinas hidráulicas de Belo Monte por painéis de energia solar. Alguém que saiba o custo do kwh da eletricidade produzida por painéis solares poderia me orientar? Uma grande dúvida me assalta a respeito disso: se a solução solar parece-me tão boa e não poluente, por que até hoje não decolou em nenhum país do mundo, a não ser como isoladas experiências científicas de pequeno porte?
Os índios, ah, os índios, sempre inocentes e pobre-coitados! Logo eles, que estão dando ao mundo exemplos de eficiência no gerenciamento de suas terras, como na reserva Raposa do Sol, impedindo a entrada dos homens brancos, exceto madeireiros, garimpeiros, religiosos e participantes de ONG’s dominadas por estrangeiros. Os “globais” dizem que índios não participaram do processo de analise do projeto de Belo Monte, o que se trata de uma deslavada mentira – consultem os sites do projeto e procurem pelos tristes detalhes da reunião em que os índios se retiraram pois um grupo de “brancos” presentes impedia com apitos e apupos o correto andamento da exposição dos detalhes do empreendimento.
Os índios e os ambientalistas de ocasião dizem que o rio Xingu vai secar na região da grande curva. O que eles não dizem e não sabem é que a barragem vai regularizar a vazão do rio, principalmente na região da grande curva, permitindo que passe eternamente por ali uma vazão correspondente à vazão média definida pela Mãe Natureza ao longo da existência da Terra. Com isso, deixarão de ocorrer naquela região as enchentes que destroem as plantações dos índios e invadem suas casas. Não parece uma coisa boa?
Um dos especialistas que aparecem no vídeo mostra como um absurdo o fato de que a usina só operará durante alguns meses por ano, e isso é a mais pura verdade. Ora, essa gente se espanta porque não fez o dever de casa corretamente – basta analisar o regime hidrológico do rio para saber que a Mãe Natureza estabeleceu a milhares de anos que o rio Xingu teria seis meses de cheias e seis meses de vazante. Como modificar isso? Por decreto ou por uma ação social através do Twitter ou do Facebook? Ora, os projetistas de Belo Monte levaram essa característica hidrológica em consideração ao dimensionar a usina e chegaram à conclusão de a obra seria viável. O empreendimento se comprovou rentável, caso contrário os empresários e o governo não colocariam um único centavo no negócio, não é verdade?
No mesmo vídeo, outros “iluminados” perguntam quem vai pagar pela construção de Belo Monte. A resposta é simples, cara pálida: todos nós, nem poderia ser diferente. Até onde sei, não há almoço grátis no “mundo aqui fora”. Toda e qualquer obra e/ou grande programa de ação social levado a efeito em um país é sempre pago pelo povo – vejam os exemplos de Itaipu (pagamos até hoje, inclusive pelos paraguaios...), a construção de Brasília, a CPMF, a ponte Rio-Niterói, os metrôs brasileiros, os programas oficiais do governo (bolsas famílias e similares), etc, etc.
Essas ações de combate às usinas hidrelétricas costumam ser chamadas de “celebrities diplomacy”, com bastante propriedade. Os artistas que tentam comandar essas ações ganham grande espaço na mídia – vide a presença constante no Brasil do famoso diretor John Cameron, responsável por filmes importantes como Titanic e Avatar. Isso também nos faz lembrar as várias visitas ao nosso país do cantor Sting, em suas performances ao lado dos índios. Não tenha dúvida, amigo, isso faz parte do jogo. Todos querem tirar proveito de uma situação, embora nada entendam do assunto.
Com respeito a isso, queria propor um pacto a esses artistas que desconhecem como funciona a área de produção e transmissão de energia elétrica em nosso país: parar de dar palpites. Eu, como engenheiro mecânico não me pronuncio mais sobre qualquer assunto de TV, teatro ou cinema. Em compensação, eles param de falar besteiras sobre energia elétrica. Chega de amadorismo. Creio que é uma proposição justa.
Paulo Erbisti
Carta contestando as colocações do engenheiro Paulo Erbisti:
Este engenhiero muito agressivo nao chega a me convencer.
Os artistas da Globo podem ser ingenuos, eles levantam varias perguntas que tem a ver com a preservaçao do meio ambiente, questao que esta se tornando uma desafio fundamental para o futuro da humanidade, para a sua sobrevivência.
Ele faz parte do lobby que acredita cegamente que qualquer progresso técnico é bom para a humanidade. Veja um so exemplo : a energia nuclear...!
Os argumentos dele consistem em ridiculizar os inteletuais. Claro, para ele, inteletuais e artistas sao considerados como, antes de mais nada, superfluos ou mesmo inuteis. Por isso os odeia como odeia os extrangeiros (Sting). A maneira da qual fala dos indios mostra o desprezo que ele tem para essas comunidades que representam um obstaculo ao "PROGRESSO".
Sera que a unica prova de progresso é consumo, consumo e sempre mais consumo. Ou seja o capitalismo. Li recentemente uma definiçao do capitalismo : "sistema que coage os individuos a comprar com o dinheiro qua nao tem, milhares de coisas que na precisam".
Nao podemos continuar atacando, combatendo a natureza sem que haja consequencias. Veja o que acontece nestes ultimos anos a um ritmo nunca conhecido anteriormente : enchentes, secas, incêndios, aquecimento global, elevaçao do nivel dos mares, etc., sem falar nos terremotos e tsunamis.
Continuo torcendo para o respeito da floresta, dos indios, dos equilibrios naturais, dos artistas, do meio ambiente, e contra o consumismo desencadeado.
André Jolly
André Jolly foi fundador da Aliança Francesa de Salvador em 1974 e seu primeiro diretor. Homem muito empreendedor, passou por vários postos culturais importantes até ser diretor do Centro Cultural Francês em Cotonu, Benin. Foi tambem co-curador, com Emanuel Araujo, da memoravel exposição sobre o Benin, que esteve em Salvador em 2010.
terça-feira, 29 de novembro de 2011
O carnaval de Barranquilla (Colombia)
Pode não ser o maior carnaval do mundo,
dura somente quatro dias,
mas foi tombado pela Unesco
dura somente quatro dias,
mas foi tombado pela Unesco
como Património Imaterial da Humanidade.
Vejam a riqueza deste folclore e admirem a manutenção das várias expressões.
Poderão tambem reconhecer várias similitudes com nosso folclore nordestino.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
DESAFINADAS
O Brasil é um país engraçado. Tem taxas incríveis de analfabetismo infantil e juvenil, o que diz que a ribanceira da educação não pode ser atribuída apenas ao passado, mas governantes vivem fazendo festas institucionais e publicitárias quando consegue alfabetizar uma velhinha de 90 anos, levando-se à hipótese de que talvez deixar crianças analfabetas seja uma inovadora reserva de mercado de alfabetização na quarta ou quinta idade. Do mesmo modo, distribuem-se cartões de crédito com limites acima do compreensível e depois que todo mundo está encalacrado realiza-se uma baciada de almas endividadas para serem perdoadas em praça pública como num batismo num rio Jordão do consumo que purifica de novo para o ingresso no reino do shopping. E para dar sentido a tudo isso às vésperas do Natal, os telejornais locais criaram até uma editoria nova: a da inauguração de decoração de Natal de shopping center. Todos os dias há na TV um coral de criancinhas desafinadas ou de senhorinhas felizes gritando que agora é Natal. Sim, agora é Natal e no ano que vem tem mais feirão de endividados.
Malu Fontes A Tarde. 27/11/11
Malu Fontes A Tarde. 27/11/11
Brasil tem monumento na lista mundial
dos que precisam de restauração da WMF
Nova York - Monumentos históricos de 67 países e territórios fazem parte da lista dos locais que correm o risco de deterioração, entre estes um no Brasil, anunciou nesta quarta-feira a organização World Monuments Fund (WMF).
A região em perigo no Brasil é o centro histórico de Salvador, capital da Bahia.
Incluídos no rol ainda bairro histórico de Cabanyal-Canyamelar em Valencia, a cidade de La Plata, na Argentina, e o Jardim Botânico de Lisboa, em Portugal.
"Todos esses locais podem ser salvos, e achamos que é possível alcançar esse objetivo", afirmou nesta quarta-feira a presidente da WMF, Bonnie Burnham, durante entrevista coletiva em Nova York.
Em particular, o WMF ressaltou que neste ano decidiu incluir os mais de 700 locais afetados pelo terremoto e posterior tsunami que assolou em março o nordeste do Japão como um único item, além de agregar outros monumentos como o complexo de casas Machiya em Kioto e o palácio Denchu Hirakushi em Tóquio.
Sobre as Lineas de Nazca, Bonnie disse que é "um dos monumentos mais conhecidos no mundo todo" e que é urgente a necessidade de "regular o turismo diante do aumento das chuvas causadas pelo fenômeno El Niño".
"Há um plano governamental em andamento, mas é preciso maior cooperação institucional, ao qual deve-se incentivar antes que seja demais tarde", acrescentou a presidente da WMF.
Nova York - Monumentos históricos de 67 países e territórios fazem parte da lista dos locais que correm o risco de deterioração, entre estes um no Brasil, anunciou nesta quarta-feira a organização World Monuments Fund (WMF).
A região em perigo no Brasil é o centro histórico de Salvador, capital da Bahia.
Incluídos no rol ainda bairro histórico de Cabanyal-Canyamelar em Valencia, a cidade de La Plata, na Argentina, e o Jardim Botânico de Lisboa, em Portugal.
"Todos esses locais podem ser salvos, e achamos que é possível alcançar esse objetivo", afirmou nesta quarta-feira a presidente da WMF, Bonnie Burnham, durante entrevista coletiva em Nova York.
Em particular, o WMF ressaltou que neste ano decidiu incluir os mais de 700 locais afetados pelo terremoto e posterior tsunami que assolou em março o nordeste do Japão como um único item, além de agregar outros monumentos como o complexo de casas Machiya em Kioto e o palácio Denchu Hirakushi em Tóquio.
Sobre as Lineas de Nazca, Bonnie disse que é "um dos monumentos mais conhecidos no mundo todo" e que é urgente a necessidade de "regular o turismo diante do aumento das chuvas causadas pelo fenômeno El Niño".
"Há um plano governamental em andamento, mas é preciso maior cooperação institucional, ao qual deve-se incentivar antes que seja demais tarde", acrescentou a presidente da WMF.
Nosso único consolo é não estarmos sozinhos nesta lista negra...
domingo, 27 de novembro de 2011
Miriam Makeba - Malaika (1969)
Passeando pelo youtube, descobri esta pérola de 1969, quando a jovem e bela Miriam Makeba canta Malaika, hoje um clássico da música popular da África do Sul.
Angelique Kidjo canta no Benin
Angélique Kidjo é com certeza uma das vozes mais poderosas da África.
Nascida em Cotonou, Benin, mora com o marido francês Jean em Nova-Iorque.
Ja esteve três vezes na Bahia, duas delas se hospedando em minha casa.
É provavel que ela volte em Fevereiro de 2112, mais uma vez em minha casa, no bairro de Santo Antônio.
Grande parte de sua carreira foi baseada na World Music. Mas confesso preferir suas interpretações de cantos africanos, quando ela lembra sua madrinha artística, a sul-africana Miriam Makeba.
sábado, 26 de novembro de 2011
UM PRESENTE PARA O DEPUTADO JAIRO BOLSONARO
PEÇO ENCARECIDAMENTE PARA QUE QUEM FOR AMIGO DELE, MANDE ESTE BELO CALENDÁRIO. VAI A-DO-RAR!
Calendrier_2012_pour_dames_et_hommes.pps795K Exibir como HTML Baixar
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Piratas da Somália
Asistam este video e me digam se estes russos não deveriam passar pelo Tribunal Internacional da Haya por desrespeitar os Direitos Humanos? E se alguem achar que é uma ação de legítima defesa, que abra neste mesmo blog o video (em "Documentos") sobre "Os piratas da Somália". Chegará a conclusão que os verdadeiros criminosos são os "civilizados" ocidentais...
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
TODOS OS REMÉDIOS
Aos meus amigos, aí vai algo muito útil. Basta digitar o nome do remédio desejado no site abaixo, e você terá também os genéricos e os similares de todas as marcas, com os respectivos preços em todo o Território Nacional..
Como tudo que é bom não é divulgado,
peço-lhes que divulguem aos seus parentes e conhecidos.
Façam bom uso!!!
http://www.consultaremedios.com.br/>
Como tudo que é bom não é divulgado,
peço-lhes que divulguem aos seus parentes e conhecidos.
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UMA BOMBA!
CANSADO DE ASSISTIR AOS DESMANDOS E OUTRAS IRREGULARIDADES QUE ENVOLVEM A EXAGERADAMENTE LONGA RESTAURAÇÃO DA IGREJA E CONVENTO DE SÃO FRANCISCO EM CAIRU, O FREI LUCAS DOLLE, COM MUITA CORAGEM, RESOLVEU DENUNCIAR OS ABSURDOS A PRESIDENTE DA REPÚBLICA, DILMA ROUSSEFF.
LEIA ESTE DOCUMENTO EXCLUSIVO!
Cairu – BA, 1º de Novembro de 2011 (Dia de Todos os Santos).
A Sua Excelência
A Doutora Dilma Rousseff
Presidente da República Federativa do Brasil
Palácio do Planalto
Brasília – DF
URGENTE
Referência: pedido de socorro para salvar monumento nacional imerso em irregularidades relativas a obras paralisadas que, promissoramente, estão sob apuração do Ministério Público.
Excelentíssima Senhora Presidente da República,
Há quase 2.000 (dois mil) dias assistimos a ampliação das incertezas referentes à restauração e revitalização do monumento nacional denominado de “Igreja e Convento de Cairu” na Bahia. Imóvel da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil com projeto de resgate aprovado pelo IPHAN e patrocinado pela Petrobrás. Assim, os religiosos e o povo do único município-arquipélago do país desejam uma solução definitiva para essa agonia que, hoje, resulta na suposta aplicação de muitos milhões de reais. Tudo sem que a proporcional realização de obras seja testemunhada pelos cairuenses e por milhares de turistas que nos visitam todos os meses.
Existem, sem dúvida, problemas de gestão da construtora, omissão severa da organização proponente do mecenato e conflito intenso entre esses agentes privados. Eles receberam um voto de confiança dos seus auxiliares de governo, na área da cultura, para realizar esta intervenção de relevante envergadura para a memória do Brasil e, como poderá apurar Vossa Excelência, não souberam honrar tal missão. Existem, também, ações trabalhistas contra os executores das obras, muitas denúncias de ex-trabalhadores e flagrante falta de fiscalização do IPHAN e da Petrobrás que, inclusive, admitem a continuidade de serviços embargados (bens artísticos). Neste contexto absolutamente adverso, surgiu um Inquérito Civil aberto pelo Ministério Público Federal através de Portaria n.11 de 19/05/2011 em Ilhéus – BA (Processo n.1.14.001.000222/2010-5). Procedimento que merece toda a nossa atenção.
Pedimos, então, Presidente Dilma, que nos socorra com a máxima urgência mandando apurar as irregularidades, punido os culpados e determinando que uma nova ordem técnica e administrativa substitua aquela que hoje lá existe. Arranjo exaurido por má gestão que agoniza sem que ninguém possa entender os fatos, a intermitência das obras ou obter transparência para a aplicação de tanto dinheiro público. Condições que afrontam tudo que podemos admitir como razoável, tolerável e legal.
Enviamos esta mensagem com cópia para a Ministra da Cultura, o presidente da Petrobrás, o presidente do IPHAN, o procurador Eduardo Ribeiro Gomes El-Hage e todos os amigos que possam colaborar na ratificação dos pedidos acima formalizados. Permanecemos confiantes e estimulados pelos exemplos de combate aos maus feitos que tem a senhora empreendido na sua gestão.
Respeitosamente, Paz e Bem,
UM LEITOR RESPONDE: "Há muito que circula no meio cultural a informação de que as obras de restauro da Igreja e do Convento franciscano de Cairu estavam servindo para patrocinar a campanha éleitoral de determinado candidato da situação. Essa carta vai certamente dirigir o foco das atenções para isso, e quem sabe, não acredito, gerar investigação e punição dos corruptos. Na Bahia há muito que descobriram o filão das obras de restauro para o descaminho do dinheiro público. A primeira medida tomada para facilitar esse desvio é contratar empresas e profissionais sem qualificação para um restauro sério, responsável e científico. Com essa prática ficam comprometidos o tão defenestrado erário público e o patrimônio que sofre uma destruição, uma descaracterização pelo mau restauro, para não dizer pelos "armengues".
UM LEITOR RESPONDE: "Há muito que circula no meio cultural a informação de que as obras de restauro da Igreja e do Convento franciscano de Cairu estavam servindo para patrocinar a campanha éleitoral de determinado candidato da situação. Essa carta vai certamente dirigir o foco das atenções para isso, e quem sabe, não acredito, gerar investigação e punição dos corruptos. Na Bahia há muito que descobriram o filão das obras de restauro para o descaminho do dinheiro público. A primeira medida tomada para facilitar esse desvio é contratar empresas e profissionais sem qualificação para um restauro sério, responsável e científico. Com essa prática ficam comprometidos o tão defenestrado erário público e o patrimônio que sofre uma destruição, uma descaracterização pelo mau restauro, para não dizer pelos "armengues".
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
LEMBRANÇA DE FAMÍLIA
Annette, já vos falei dela, já conhecem.
Convencida de suas privilegiadas origens, sempre olhou seus interlocutores com lente analítica, pesando-lhes o valor social. É rápida na catalogação. Sem piedade. Pouco menciona sua ascendência, mas, gentalhas, fiquem sabendo.
Neta do poeta inglês Henry Moore, hoje mais lembrado por ter sido amigão de Lord Byron, minha avó era filha de elegante dentista parisiense. Afinal, no dia de seu nascimento, a própria rainha Victoria não mandara um xale á jovem mãe? Lembro ter visto em Tanger o “manton de Manila” cobrindo artisticamente parte do piano de cauda. Desapareceu, devorado pelas traças. O piano também.
No fim do século XIX, só se fala em Paris do barão Haussman que derrubou toda aquela velharia gótica para cortar a capital com magníficas perspectivas. Rue de Rivoli, Avenue de l´Opéra e Boulevard des Capucines onde meu bisavô tem opulento gabinete, pouco distante da Avenue d´Iéna, preto do Trocadero, onde mora, são endereços dos happy fews.
Agora eu pergunto: como ser requintado dentista num tempo onde fio dental, anestésicos e um bocado de outros apetrechos ainda não foram inventados e a cadeira do paciente lembra as delícias da Inquisição.? Não dá para minha cabecinha entender. Nem mesmo a palavra “odontologia” ainda existe!
Da tia-avó Jane se fala pouco e a boca fechada. Terei que esperar 2006 para ter a chave de tanta discrição. As conversas familiares mencionam o feitio difícil de ambas as irmãs, ambas sendo mandonas e donas da Razão. Mas Jane não foi favorecida pela natureza. Maciça, pesada, pragmática, nunca casou, coitada, enquanto Annette, pelo contrário, mesmo baixinha e franzina, sem ser nenhum prêmio de beleza, transpira charme, espírito, sedução, elegância. Costuma ser a rainha das rodas sociais, sabe receber, decide quem é freqüentável e quem não é. Tem evidente lado bostoniano.
Recuemos no tempo. Na véspera da revolução bolchevique, Yasha encontra Annette algures na Suíça. Esqueci de mencionar que também temos um ramo suíço do lado maternal, dos chocolateiros Peter e Caillé, mais tarde Nestlé. A donzela acaba de vencer um prêmio de piano no Conservatório de Paris onde foi colega de ninguém menos que o genial Alfred Cortot.
Uma jovem “comme il faut” não pode ganhar a vida tocando piano, mas pode dar concertos de beneficência. Numa sala que suponho modesta, dois russos sentam na primeira fila. Após a primeira valsa de Chopin – ou será um noturno? – um bigodudo vira para o outro e sussurra-lhe no ouvido. “Esta mulher será minha esposa”.
Mal acaba o concerto, sobe no pequeno palco e convida a jovem, nem tão ruborizada como exigiria a situação, a tomar chá o dia seguinte. Ela – que ousadia! –aceita sem pestanejar. E assim, numa tarde que supomos de muito frio, o armário siberiano e a cristaleira britânica levantam um dedinho sofisticado ao beber uma delicada xícara de Earl Grey indiano. Com duas gotas de creme de leite, s´il vous plait.
Só que para Yasha isto não é comida. Encomenda illico dois ovos fritos “A senhorita tem a certeza que não quer?” Mas onde já se viu tomar ovos fritos no tea time?
Para o resto da vida Annette lamentará não ter aceitado. Cheiravam tão bem…
Como continua o romanesco romance? Opiniões divergem, mas à luz das cartas encontradas meio-século mais tarde, o escândalo recebe os atrasados holofotes.
Annette e Yasha não casam, fogem. De quê, de quem? Nunca saberemos. Fogem para bem longe. Escorregam pelas neves prateadas dos Alpes, voam nas asas de brancos alazães por Castilha e Andaluzia ouvindo a “Habanera” de Bizet, embarcam numa leve fragata de velas azuladas que será com certeza perseguida por sanguinários piratas e chegam, exaustos, mas salvos, a Tanger, porta do conturbado reinado de Marrakesh.
A intenção é ir até a Cidade Vermelha. Mas são duas semanas de caravana, montados em mareantes camelos, com a real ameaça de razzias beduínas. Além do mais, Annette está com tonturas e vômitos. Wladimir, meu pai, não tardará a reclamar na britânica barriga. Melhor ficar por aqui e refazer a vida, já que o Czar Nicolai foi fuzilado e as portas da Rússia fecharam para muito tempo.
E é assim que meu avô empreende os primeiros edifícios europeus da cidade, fora da parte antiga, e constrói as primeiras estradas e pontes de Tanger a Azilah. Guardo as fotos para conferência. Quantos filhos têm quando resolvem “regularizar a situação”? Ainda não fiz as contas. Outra carta revela: atravessaram o estreito para casar de papel passado em Gibraltar. Discretamente.
E a tia-avó Jane? Pois é. Ela continua esquecida, escondida nas gavetas poeirentas das lembranças familiares. Deve ser alguém com notável força, já que, desde 1900 e pouco, ela trabalha em banco, chegando ao posto invejado de diretora. E o feminismo ainda não fora inventado! Hoje, seria ministro das Finanças.
O tempo passa… Já fui criança, servi exército, vivi, atravessei o Atlântico para morar na Bahia. Jane faleceu, como meus avós, pai, mãe, amigos queridos…
Resta-me uma velha irmã do pai, Nadia, morando em Tanger, sozinha numa casa estilo Bauhaus, grande demais. Aproveita uma visita, meses atrás – ou foi o ano passado? – para me dar velhas fotos de família. Um monte, um Himalaia de fotos.
Vou vasculhando, anotando prováveis nomes e datas no verso. Uma foto retém a atenção. Pode ter sido tirada por volta de 1910.
“E quem é este curioso par?”
- Ah! Pois é a tia Jane, com uma amiga”
- Porque ela está vestida assim?
- Não sei, algum baile a fantasia…
Prefiro o silêncio.
A tão misteriosa tia-avó está encostada ao corrimão de uma escada, vestida com smoking de homem. Bem cortado, o smoking. Borboleta certinha, sapatos lustrados. Cabelo farto cortado curto, tipo George Sand. Seu olhar é o de feliz vencedora. No meio da escada, uma moça, lindo perfil, mais nova, fina e frágil no seu vestido longo e seu chapéu inclinado, um cachorrinho nos braços, sorri para ela com imensa ternura…
Dimitri Ganzelevitch
Salvador, 22 de dezembro de 2007.
Salvador, 22 de dezembro de 2007.
PARLAMENTARES NA MIRA DO IBAMA
Deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA)
Foi multado por exploração em área de manejo florestal em período de chuvas, vetado por lei
Senador Jayme Campos (DEM-MT)
Recebeu multa de R$ 5 milhões, por desmatar em Área de Proteção Permanente (APP)
Deputado Reinaldo Azambuja (PSDB-MS)
Autuado por alterar curso de rio para captação de água e por contaminar recursos hídricos
Deputado Paulo César Quartiero (DEM-RR)
Recebeu multa de R$ 56 milhões por destruir a vegetação nativa em área de 6,2 mil hectares
Senador Ivo Cassol (PP-RO)
Acusado de desmatar reserva legal sem autorização e de destruir vegetação nativa em Rondônia
Deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP)
Relator do projeto que agrada aos ruralistas por abrir brecha para desmatamento
Apesar do amplo apoio que o governo Dilma Rousseff tem no Congresso, um grupo de parlamentares tentou aprovar a toque de caixa, na semana passada, o projeto do novo Código Florestal brasileiro. Não conseguiu. Na quarta-feira 4, a bancada governista fez prevalecer sua força e a discussão foi adiada para a próxima semana. Por trás da pressa de alguns parlamentares, porém, não existia propriamente o interesse por um Brasil mais verde e sustentável. Reportagem de ISTOÉ apurou que pelo menos 27 deputados e senadores defendiam seu próprio bolso e estavam legislando em causa própria (abaixo, cinco casos exemplares). Todos eles já foram punidos pelo Ibama por agressão ao meio ambiente e o novo código que queriam aprovar a toque de caixa prevê anistia para multas impostas a desmatadores. O benefício se estenderia também a empresas e empresários do agronegócio que, nas eleições do ano passado, fizeram pesadas doações a esse bloco parlamentar ligado à produção rural.
“O adiamento é inevitável. É muito difícil analisar uma coisa que não tem rosto, cara. Essa, na verdade, é uma disputa entre Aldo e o PT ”, comentou o deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP) no início da noite da quarta-feira. Ele se referia ao relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que começava a ser criticado por ministros de Dilma. O grupo que exigia a imediata aprovação sabia muito bem o que tinha a ganhar ou perder, ao contrário de boa parte do plenário. O deputado Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR) é um exemplo típico. Campeão de infrações, ele foi multado em R$ 56 milhões por eliminar 2,7 mil hectares de vegetação sem autorização em Pacaraima (RR), destruir outros 323 hectares de vegetação nativa e impedir a regeneração em mais 3,5 mil hectares. Foram duas infrações em 2005 e mais duas em 2009. Uma de suas fazendas, de cinco mil hectares, chegou a ser proibida de produzir. Quartiero afirma que sofreu perseguição política porque foi um dos líderes dos arrozeiros na região da reserva indígena Raposa Serra do Sol: “O governo fez acusações para provocar a nossa saída da área”, reclama. Ele vendeu o que restou das suas terras e benfeitorias e comprou 11 mil hectares na Ilha de Marajó (PA) para criar gado e plantar arroz.
A alegação de retaliações partidárias é corriqueira entre os infratores. O senador Ivo Cassol (PP-RO) também sofreu multas pesadas entre 2007 e 2009, período em que era governador de Rondônia. Foi acusado de desmatar 160 hectares em reserva legal sem autorização, destruir 352 hectares de floresta nativa e ainda efetuar “corte raso” em 2,5 hectares em Área de Proteção Permanente (APP). Mas fala em caça às bruxas: “Isso foi perseguição do pessoal do PT, pois minhas fazendas têm 50% de preservação. O setor produtivo não pode ser tratado como bandido.” Cassol nega que esteja procurando o amparo da anistia, ao apoiar o texto de Rebelo. “Não quero isenção de multa. Vou ganhar na Justiça.”O senador e fazendeiro Jayme Campos (DEM-MT) é outro que se inclui na turma dos acossados. Foi multado em R$ 5 milhões por quatro infrações impostas em 2004 e 2005, todas já arquivadas. É acusado também de promover desmatamento em APPs às margens de córregos de uma fazenda, a Santa Amália. “Quando cheguei lá tudo já estava assim, tinha sido desmatado em 84, 85 e 86”, diz ele. Campos alega que as multas foram anunciadas depois de declarações que ele fez contra “a truculência” de fiscais.
RAZÃO
O deputado Tripoli: contra a votação às pressas
O Ibama também pegou o deputado Irajá Abreu (DEM-TO), filho da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura e uma das principais lideranças dos ruralistas no Congresso. Multado no ano passado por promover desmatamento em uma propriedade que recebeu de herança em Tocantins, ele afirma que a fazenda “já tinha sido aberta” em 1978, enquanto a legislação sobre o tema só foi aprovada em 1989: “Era um ato jurídico perfeito, que se aplicava na época. Por isso, eu agora defendo a consolidação das áreas.” Ele se refere a um dos pontos mais polêmicos do novo Código Florestal: o fim da exigência de recuperação de florestas em áreas já utilizadas para plantio. O relator Aldo Rebelo prevê a manutenção da área como estava em julho de 2008, quando o projeto foi apresentado.
As multas do Ibama não dizem respeito apenas a infrações cometidas no campo. O deputado Ângelo Agnolin (PDT-TO), por exemplo, construiu um quiosque numa área de APP, às margens do lago que banha a capital Palmas. A multa de R$ 5 mil acabou sendo anistiada num termo de acordo, mas ele não escapou do prejuízo com a demolição do bar de 190 metros quadrados. Casado com a vice-prefeita de Palmas, Edna Agnolin, ele afirma que “tudo é uma questão de interpretação”, pois “o lago é artificial”. Já o deputado Marcos Medrado (PDT-BA) foi multado em 2009 por construir um viveiro de peixes de espécies nativas. Medrado explica que comprou no Pará 50 alevinos de pirarucu registrados, mas não conseguiu apresentar a documentação a tempo. Foi multado em R$ 100 mil.
Fora as pendengas pessoais, o bloco ruralista tende a defender seus financiadores de campanha. Empresas ligadas ao agronegócio doaram pelo menos R$ 45,5 milhões para deputados e senadores nas eleições do ano passado. O levantamento foi feito a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mais de 300 parlamentares receberam doações do setor, mas um grupo de 176 foi privilegiado com doações acima de R$ 100 mil. Sete grandes empresas que doaram um total de R$ 25 milhões têm infrações e multas impostas pelo Ibama. O estoque de autuações nesta área parece interminável. Na prestação de contas do governo federal feita no ano passado, consta a aplicação de R$ 14,6 bilhões em multas entre 2005 e 2009. A maior parte é resultante de desmatamento na Amazônia. No entanto, muito pouco desse montante retornou aos cofres públicos. Nos últimos dez anos, foram arrecadados apenas R$ 278 milhões, segundo dados do Siafi apurados pela ONG Contas Abertas. Caso aprovada, a anistia de Rebelo beneficiará infrações cometidas até julho de 2008.
Embora conheça o poder de fogo dos ruralistas, o governo demorou a reagir ao relatório de Aldo Rebelo. Quando percebeu que havia muito contrabando embutido no texto, a presidente Dilma Rousseff pediu aos ministros do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, e da Agricultura, Wagner Rossi, que fossem ao Congresso para tentar um acordo. E fez uma recomendação especial: os dois ministros, apesar de suas diferenças, deveriam expressar uma posição única, que representasse o governo. Assim foi feito. Mas, naquela noite, o governo perceberia outra verdade: as bancadas ruralista e governista estavam misturadas. O PT votaria com o governo, mas as dissidências no PMDB seriam consideráveis.
Na manhã da quarta-feira 4, o presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, Moreira Mendes (PPS-RO), acompanhou a bancada estadual de Rondônia até o gabinete de Rebelo, para entregar-lhe uma comenda da Assembleia Legislativa. À vontade entre os ruralistas, Rebelo puxou uma enorme faca de cozinha, com cabo de madeira, e começou a picar o seu fumo em rama. Em seguida, entre baforadas, mostrou que era um aliado. “Acontece um tsunami no Japão e querem culpar o agricultor que planta café, cacau, e cria gado em Rondônia.” Ele vê uma conspiração mundial contra o País: “Querem bloquear as possibilidades de uso do nosso solo, subsolo, recursos hídricos, em benefício do nosso desenvolvimento. Como diz certo autor, ‘não existe lugar para os pobres no banquete da natureza’”, filosofou o comunista Aldo Rebelo.
Foi multado por exploração em área de manejo florestal em período de chuvas, vetado por lei
Senador Jayme Campos (DEM-MT)
Recebeu multa de R$ 5 milhões, por desmatar em Área de Proteção Permanente (APP)
Deputado Reinaldo Azambuja (PSDB-MS)
Autuado por alterar curso de rio para captação de água e por contaminar recursos hídricos
Deputado Paulo César Quartiero (DEM-RR)
Recebeu multa de R$ 56 milhões por destruir a vegetação nativa em área de 6,2 mil hectares
Senador Ivo Cassol (PP-RO)
Acusado de desmatar reserva legal sem autorização e de destruir vegetação nativa em Rondônia
Deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP)
Relator do projeto que agrada aos ruralistas por abrir brecha para desmatamento
Apesar do amplo apoio que o governo Dilma Rousseff tem no Congresso, um grupo de parlamentares tentou aprovar a toque de caixa, na semana passada, o projeto do novo Código Florestal brasileiro. Não conseguiu. Na quarta-feira 4, a bancada governista fez prevalecer sua força e a discussão foi adiada para a próxima semana. Por trás da pressa de alguns parlamentares, porém, não existia propriamente o interesse por um Brasil mais verde e sustentável. Reportagem de ISTOÉ apurou que pelo menos 27 deputados e senadores defendiam seu próprio bolso e estavam legislando em causa própria (abaixo, cinco casos exemplares). Todos eles já foram punidos pelo Ibama por agressão ao meio ambiente e o novo código que queriam aprovar a toque de caixa prevê anistia para multas impostas a desmatadores. O benefício se estenderia também a empresas e empresários do agronegócio que, nas eleições do ano passado, fizeram pesadas doações a esse bloco parlamentar ligado à produção rural.
“O adiamento é inevitável. É muito difícil analisar uma coisa que não tem rosto, cara. Essa, na verdade, é uma disputa entre Aldo e o PT ”, comentou o deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP) no início da noite da quarta-feira. Ele se referia ao relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que começava a ser criticado por ministros de Dilma. O grupo que exigia a imediata aprovação sabia muito bem o que tinha a ganhar ou perder, ao contrário de boa parte do plenário. O deputado Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR) é um exemplo típico. Campeão de infrações, ele foi multado em R$ 56 milhões por eliminar 2,7 mil hectares de vegetação sem autorização em Pacaraima (RR), destruir outros 323 hectares de vegetação nativa e impedir a regeneração em mais 3,5 mil hectares. Foram duas infrações em 2005 e mais duas em 2009. Uma de suas fazendas, de cinco mil hectares, chegou a ser proibida de produzir. Quartiero afirma que sofreu perseguição política porque foi um dos líderes dos arrozeiros na região da reserva indígena Raposa Serra do Sol: “O governo fez acusações para provocar a nossa saída da área”, reclama. Ele vendeu o que restou das suas terras e benfeitorias e comprou 11 mil hectares na Ilha de Marajó (PA) para criar gado e plantar arroz.
A alegação de retaliações partidárias é corriqueira entre os infratores. O senador Ivo Cassol (PP-RO) também sofreu multas pesadas entre 2007 e 2009, período em que era governador de Rondônia. Foi acusado de desmatar 160 hectares em reserva legal sem autorização, destruir 352 hectares de floresta nativa e ainda efetuar “corte raso” em 2,5 hectares em Área de Proteção Permanente (APP). Mas fala em caça às bruxas: “Isso foi perseguição do pessoal do PT, pois minhas fazendas têm 50% de preservação. O setor produtivo não pode ser tratado como bandido.” Cassol nega que esteja procurando o amparo da anistia, ao apoiar o texto de Rebelo. “Não quero isenção de multa. Vou ganhar na Justiça.”O senador e fazendeiro Jayme Campos (DEM-MT) é outro que se inclui na turma dos acossados. Foi multado em R$ 5 milhões por quatro infrações impostas em 2004 e 2005, todas já arquivadas. É acusado também de promover desmatamento em APPs às margens de córregos de uma fazenda, a Santa Amália. “Quando cheguei lá tudo já estava assim, tinha sido desmatado em 84, 85 e 86”, diz ele. Campos alega que as multas foram anunciadas depois de declarações que ele fez contra “a truculência” de fiscais.
RAZÃO
O deputado Tripoli: contra a votação às pressas
O Ibama também pegou o deputado Irajá Abreu (DEM-TO), filho da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura e uma das principais lideranças dos ruralistas no Congresso. Multado no ano passado por promover desmatamento em uma propriedade que recebeu de herança em Tocantins, ele afirma que a fazenda “já tinha sido aberta” em 1978, enquanto a legislação sobre o tema só foi aprovada em 1989: “Era um ato jurídico perfeito, que se aplicava na época. Por isso, eu agora defendo a consolidação das áreas.” Ele se refere a um dos pontos mais polêmicos do novo Código Florestal: o fim da exigência de recuperação de florestas em áreas já utilizadas para plantio. O relator Aldo Rebelo prevê a manutenção da área como estava em julho de 2008, quando o projeto foi apresentado.
As multas do Ibama não dizem respeito apenas a infrações cometidas no campo. O deputado Ângelo Agnolin (PDT-TO), por exemplo, construiu um quiosque numa área de APP, às margens do lago que banha a capital Palmas. A multa de R$ 5 mil acabou sendo anistiada num termo de acordo, mas ele não escapou do prejuízo com a demolição do bar de 190 metros quadrados. Casado com a vice-prefeita de Palmas, Edna Agnolin, ele afirma que “tudo é uma questão de interpretação”, pois “o lago é artificial”. Já o deputado Marcos Medrado (PDT-BA) foi multado em 2009 por construir um viveiro de peixes de espécies nativas. Medrado explica que comprou no Pará 50 alevinos de pirarucu registrados, mas não conseguiu apresentar a documentação a tempo. Foi multado em R$ 100 mil.
Fora as pendengas pessoais, o bloco ruralista tende a defender seus financiadores de campanha. Empresas ligadas ao agronegócio doaram pelo menos R$ 45,5 milhões para deputados e senadores nas eleições do ano passado. O levantamento foi feito a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mais de 300 parlamentares receberam doações do setor, mas um grupo de 176 foi privilegiado com doações acima de R$ 100 mil. Sete grandes empresas que doaram um total de R$ 25 milhões têm infrações e multas impostas pelo Ibama. O estoque de autuações nesta área parece interminável. Na prestação de contas do governo federal feita no ano passado, consta a aplicação de R$ 14,6 bilhões em multas entre 2005 e 2009. A maior parte é resultante de desmatamento na Amazônia. No entanto, muito pouco desse montante retornou aos cofres públicos. Nos últimos dez anos, foram arrecadados apenas R$ 278 milhões, segundo dados do Siafi apurados pela ONG Contas Abertas. Caso aprovada, a anistia de Rebelo beneficiará infrações cometidas até julho de 2008.
Embora conheça o poder de fogo dos ruralistas, o governo demorou a reagir ao relatório de Aldo Rebelo. Quando percebeu que havia muito contrabando embutido no texto, a presidente Dilma Rousseff pediu aos ministros do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, e da Agricultura, Wagner Rossi, que fossem ao Congresso para tentar um acordo. E fez uma recomendação especial: os dois ministros, apesar de suas diferenças, deveriam expressar uma posição única, que representasse o governo. Assim foi feito. Mas, naquela noite, o governo perceberia outra verdade: as bancadas ruralista e governista estavam misturadas. O PT votaria com o governo, mas as dissidências no PMDB seriam consideráveis.
Na manhã da quarta-feira 4, o presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, Moreira Mendes (PPS-RO), acompanhou a bancada estadual de Rondônia até o gabinete de Rebelo, para entregar-lhe uma comenda da Assembleia Legislativa. À vontade entre os ruralistas, Rebelo puxou uma enorme faca de cozinha, com cabo de madeira, e começou a picar o seu fumo em rama. Em seguida, entre baforadas, mostrou que era um aliado. “Acontece um tsunami no Japão e querem culpar o agricultor que planta café, cacau, e cria gado em Rondônia.” Ele vê uma conspiração mundial contra o País: “Querem bloquear as possibilidades de uso do nosso solo, subsolo, recursos hídricos, em benefício do nosso desenvolvimento. Como diz certo autor, ‘não existe lugar para os pobres no banquete da natureza’”, filosofou o comunista Aldo Rebelo.
MANDATO DA RAÇA NEGRA
CAPITULO DO LIVRO O ABOLICIONISMO
Joaquim Nabuco
III. O MANDATO DA RAÇA NEGRA Se a inteligência nativa e a independência dos bretões não conseguem sobreviver no clima insalubre e adverso da escravidão pessoal, como se poderia esperar que os pobres africanos, sem o apoio de nenhum sentimento de dignidade pessoal ou de direitos civis, não cedessem às influências malignas a que há tanto tempo estão sujeitos e não ficassem deprimidos mesmo abaixo do nível da espécie humana?William Wilbeforce
O mandato abolicionista é uma dupla delegação, inconsciente da parte dos que a fazem, mas, em ambos os casos, interpretada pelos que a aceitam como um mandato a que não se pode renunciar. Nesse sentido, deve-se dizer que o abolicionista é o advogado gratuito de duas classes sociais que, de outra forma, não teriam meios de reivindicar os seus direitos, nem consciência deles. Essas classes são: os escravos e os ingênuos. Os motivos pelos quais essa procuração tácita impõem-nos uma obrigação irrenunciável não são puramente - para muitos não são mesmo principalmente - motivos de humanidade, compaixão e defesa generosa do fraco e do oprimido.
Em outros países, a propaganda da emancipação foi um movimento religioso, pregado do púlpito, sustentando com fervor pelas diferentes igrejas e comunhões religiosas. Entre nós, o movimento abolicionista nada deve, infelizmente, à Igreja do Estado; pelo contrário, a posse de homens e mulheres pelos conventos e por todo o clero secular desmoralizou inteiramente o sentimento religiosos de senhores e escravos. No sacerdote, estes não viam senão um homem que os podia comprar, e aqueles a última pessoa que se lembraria de acusá-los. A deserção, pelo nosso clero, do posto que o Evangelho lhe marcou, foi a mais vergonhosa possível: ninguém o viu tomar a parte dos escravos, fazer uso da religião para suavizar-lhes o cativeiro, e para dizer a verdade moral aos senhores. Nenhum padre tentou, nunca, impedir um leilão de escravos, nem condenou o regime religiosos das senzalas. A Igreja Católica, apesar do seu imenso poderio em um país ainda em grande parte fanatizado por ela, nunca elevou no Brasil a voz em favor da emancipação.
Se o que dá força ao abolicionismo não é principalmente o sentimento religioso, o qual não é a alavanca de progresso que poderia ser, por ter sido desnaturado pelo próprio clero, também não é o espírito de caridade ou filantropia. A guerra contra a escravidão foi, na Inglaterra, um movimento religioso e filantrópico, determinado por sentimentos que nada tinham de político, senão no sentido em que se pode chamar política à moral social do Evangelho. No Brasil, porém, o abolicionismo é antes de tudo um movimento político, para o qual, sem dúvida, poderosamente concorre o interesse pelos escravos e a compaixão pela sua sorte, mas que nasce de um pensamento diverso: o de reconstruir o Brasil sobre o trabalho livre e a união das raças na liberdade.
Nos outros países o abolicionismo não tinha esse caráter de reforma política primordial, porque não se queria a raça negra para elemento permanente de população, nem como parte homogênea da sociedade. O negro, libertado, ficaria nas colônias, não seria nunca um fator eleitoral na própria Inglaterra, ou França. Nos Estados Unidos os acontecimentos marcharam com tanta rapidez e desenharam-se por tal forma, que o Congresso se viu forçado a fazer dos antigos escravos do Sul, de um dia para o outro, cidadãos americanos, com os mesmos direitos que os demais; mas esse foi um dos resultados imprevistos da guerra. A abolição não tinha, até o momento da Emenda constitucional, tão amplo sentido, e ninguém sonhara para o negro ao mesmo tempo a alforria e o voto.
No Brasil, a questão não é, como nas colônias européias, um movimento de generosidade em favor de uma classe de homens vítimas de uma opressão injusta a grande distância das nossas praias. A raça negra não é, tampouco, para nós, uma raça inferior, alheia à comunhão, ou isolada desta, e cujo bem estar nos afete como o de qualquer tribo indígena maltratada pelos invasores europeus. Para nós, a raça negra é um elemento de considerável importância nacional, estreitamente ligada por infinitas relações orgânicas à nossa constituição, parte integrante do povo brasileiro. Por outro lado, a emancipação não significa tão somente a termo da injustiça de que o escravo é mártir, mas também a eliminação simultânea dos dois tipos contrários, e no fundo os mesmos: o escravo e o senhor.
É esse ponto de vista, da importância fundamental da emancipação, que nos faz sub-rogar-nos nos direitos de que os escravos e os seus filhos - chamados ingênuos por uma aplicação restrita da palavra, a qual mostra bem o valor das ficções que contrastam com a realidade - não podem ter consciência, ou, tendo-a, não podem reclamar, pela morte civil a que estão sujeitos. Aceitamos esse mandato como homens políticos, por motivos políticos, e assim representamos os escravos e os ingênuos na qualidade de brasileiros que julgam o seu título de cidadão diminuído enquanto houver brasileiros escravos, isto é, no interesse de todo o país e no nosso próprio interesse.
Quem pode dizer que a raça negra não tem direito e protestar perante o mundo e perante a história contra o procedimento do Brasil? A esse direito de acusação, entretanto, ela própria renunciou; ela não apela para o mundo, mas tão somente para a generosidade do país que a escravidão lhe deu por pátria. Não é já tempo que os brasileiros prestem ouvidos a esse apelo?
Em primeiro lugar, a parte da população nacional que descende de escravos é, pelo menos, tão numerosa como a parte que descende exclusivamente de senhores; a raça negra nos deu um povo. Em segundo lugar, o que existe até hoje sobre o vasto território que se chama Brasil foi levantado ou cultivado por aquela raça; ela construiu o nosso país. Há trezentos anos que o africano tem sido o principal instrumento da ocupação e da manutenção do nosso território pelo europeu, e que os seus descendentes se misturam com o nosso povo. Onde ele não chegou ainda, o país apresenta o aspecto com que surpreendeu os seus primeiros descobridores. Tudo o que significa luta do homem com a natureza, conquista do solo para a habitação e cultura, estradas e edifícios, canaviais e cafezais, a casa do senhor e a senzala dos escravos, igrejas e escolas, alfândegas e correios, telégrafos e caminhos de ferro, academias e hospitais, tudo, absolutamente tudo que existe no pais, como resultado trabalho manual, como emprego de capital, como acumulação de riqueza, não passa de uma doação gratuita da raça que trabalha à que faz trabalhar.
Por esse sacrifícios sem número, por esses sofrimentos, cuja terrível concatenação com o progresso lento do país faz da história do Brasil um dos mais tristes episódios do povoamento da América, a raça negra fundou, para outros, uma pátria que ela pode, com muito mais direito, chamar sua. Suprima-se mentalmente essa raça e o seu trabalho, e o Brasil não será, na sua maior parte, senão um território deserto, quando muito um segundo Paraguai, guarani e jesuítico.
Nessas condições é tempo de renunciarmos ao usufruto dos últimos representantes dessa raça infeliz. Vasconcelos, ao dizer que nossa civilização viera da costa d’África, pôs patente, sem querer, o crime do nosso país escravizando os próprios que o civilizaram. Já vimos com que importante contingente essa raça concorreu para a formação do nosso povo. A escravidão moderna repousa sobre uma base diversa da escravidão antiga: a cor preta. Ninguém pensa em reduzir homens brancos ao cativeiro: para este ficaram reservados tão somente os negros. Nós não somos um povo exclusivamente branco, e não devemos portanto admitir essa maldição pela cor; pelo contrário, devemos tudo fazer por esquecê-la.
A escravidão, por felicidade nossa, não azedou nunca a alma do escravo contra o senhor - falando coletivamente - nem criou entre as duas raças o ódio recíproco que existe naturalmente entre opressores e oprimidos. Por esse motivo, o contato entre elas sempre foi isento de asperezas, fora da escravidão, e o homem de cor achou todas as avenidas abertas diante de si. Os debates da última legislatura, e o modo liberal pelo qual o Senado assentiu à elegibilidade dos libertos, isto é, ao apagamento do último vestígio de desigualdade da condição anterior, mostram que a cor no Brasil não é, como nos Estados Unidos, um preconceito social contra cuja obstinação pouco pode, o talento e o mérito de quem incorre nele. Essa boa inteligência em que vivem os elementos, de origem diferente, da nossa nacionalidade é um interesse público de primeira ordem para nós.
Ouvi contar que, estando Antônio Carlos a ponto de expirar, um indivíduo se apresentava na casa onde finava o grande orador, instando por vê-lo. Havia ordem de não admitir pessoas estranhas no quarto do moribundo, e o amigo encarregado de executá-las teve que recusar ao visitante esse favor - que ele implorava com água nos olhos - de contemplar antes da morte o último dos Andradas. Por fim, notando a insistência desesperada do desconhecido, perguntou-lhe o amigo que estava de guarda: “Mas por que o senhor quer tanto ver o sr. Antônio Carlos?” “Por que quero vê-lo?”, respondeu ele numa explosão de dor, “Não vê a minha cor! Pois se não fosse os Andradas, que éramos nós no Brasil? Foram eles que nos deram esta pátria!”
Sim, foram eles que deram uma pátria aos homens de cor livres, mas essa pátria, é preciso que nós a estendamos, por nossa vez, aos que não o são. Só assim poder-se-á dizer que o Brasil é uma nação demasiado altiva para consentir que sejam escravos brasileiros de nascimento, e generosa bastante para não consentir que o sejam africanos, só por pertencerem uns e outros à raça que fez do Brasil o que ele é.
PEQUENOS TRECHOS DO LIVRO
O escravo de um ano, quando passou a lei (1871), podia ser resgatado pela mãe por um preço insignificante; como ela, porém, não tinha esse dinheiro, a cria, não foi libertada e é hoje um moleque (o triste vocabulário da escravidão usado em nossa época, e que é a vergonha da nossa língua, há de reduzir de muito no futuro as pretensões liberais da atual sociedade brasileira), de treze anos, valendo muito mais; em pouco tempo será um preto de dobrado valor. Quer isso dizer que a dívida do escravo para com o senhor quadruplicou e mais ainda, porque ele não teve meios de pagá-la quanto era menino. Tomemos um escravo moço, forte, e prendado (na escravidão quanto mais vale física, intelectual e moralmente o homem, mais difícil é resgatar-se, por ser maior o seu preço. O interesse do escravo é assim ser estúpido, estropiado, indolente e incapaz). Esse escravo tinha vinte e um anos em 1871 e valia 1500$. Não representava capital algum empregado porque era filho de uma escrava, também cria da casa. Suponhamos, porém, que representasse esse mesmo capital e que fora comprado naquele ano. Ele era assim uma letra de 1500$ resgatável pelo devedor à vista, porquanto lhe bastava depositar essa quantia para ser forro judicialmente. Em 1871, porém, esse homem não tinha pecúlio algum, nem achou quem lhe emprestasse. Durante os doze anos seguintes viu-se na mesma situação pecuniária. O aluguel, no caso de estar alugado, o serviço não remunerado no caso de servir em casa, não lhe deixavam sobra alguma para o começo de um pecúlio. Nesses doze anos o salário desse homem nunca foi menor de 30$00 por mês (servindo em casa, poupava igual despesa ao senhor) o que dá um total de 4:320$000, desprezando-se os juros. Deduzida desta quantia o preço original do escravo, restam 2:820$000 que ele pagou ao senhor por não ter podido pagar-lhe a dívida de 1:500$000 em 1871, além de amortizar toda a dívida sem nenhum proveito para si. Se em 1871 alguém lhe houvesse emprestado aquela soma a juros de doze por cento ao ano para a sua liberdade, ele a teria pago integralmente, dando uma larga margem para doenças e vestuário, em 1880, e estaria hoje desembaraçado. Como não achou, porém, esse banqueiro, continua a pagar sempre juros de mais e vinte por cento sobre um capital que não diminui nunca. Feito o cálculo sobre o capital todo empregado em escravos e o juro desse capital representado pelos salários pagos ou devidos ter-se-á idéia do que é a usura da escravidão. É preciso não esquecer também que grande parte dos escravos é propriedade gratuita, isto é, doação das mães escravas ao seus senhores. A lei de 28 de setembro reduziu a escravidão a uma dívida pignoratícia: os altos juros cobrados sobre essa caução, que é o próprio devedor, fazem dessa especulação o mais vantajoso de todos os empregos de capital. Esse mesmo estado que não se importa com essa onzena levantada sobre a carne humana e extorquida à ponta de açoite, esteve muito tempo preocupado em conseguir sobre a sua fiança para os proprietários territoriais, dinheiro a sete por cento ao ano garantido pela hipoteca desses mesmos escravos.
Artigo proposto por Nabuco, para o projeto de Constituição do Império
Artigos como estes, por exemplo - os quais seriam repelidos pela atual legislatura com indignação -, expressam sentimentos que, se houvesse impulsado e dirigido séria e continuamente os poderes públicos, teriam feito mais do que nenhuma lei para moralizar a sociedade brasileira.Artigo 5. Todo escravo, ou alguém por ele, que oferecer ao senhor o valor por que foi vendido, ou por que for avaliado, será imediatamente forro. — Artigo 6. Mas se o escravo ou alguém por ele, não puder pagar todo o peço por inteiro, logo que apresentar a sexta parte dele, será o senhor obrigado a recebê-la, e lhe dará um dia livre na semana, e assim à proporção mais dias quando for recebendo as outras sextas partes até o valor total. — Artigo 10. Todos os homens de cor forros, que não tiverem ofício ou modo certo de vida, receberão do Estado uma pequena sesmaria de terra para cultivarem, e receberão, outrossim, dele os socorros necessários para se estabelecerem, cujo valor irão pagando com o andar do tempo. — Artigo 16. Antes da idade de doze anos não deverão os escravos ser empregados em trabalhos insalubres e demasiados; e o Conselho [o Conselho Superior Conservador dos Escravos, proposto no mesmo projeto] vigiará sobre a execução deste artigo para o bem do Estado e dos mesmos senhores. — Artigo 17. Igualmente os conselhos conservadores determinarão em cada província, segundo a natureza dos trabalhos, as horas de trabalho, e o sustento e o vestuário dos escravos. — Artigo 31. Para vigiar na estrita execução da lei e para se promover por todos os modos possíveis o bom tratamento. morigeração e emancipação sucessiva dos escravos, haverá na capital de cada província um Conselho Superior Conservador dos Escravos. Isso dava-se no Norte. Que no Sul a causa da Independência esteve intimamente associada com a da emancipação, prova-a a atitude da Constituinte e de José Bonifácio. Aquela em um dos artigos do seu projeto de Constituição inscreveu o dever da assembléia de criar estabelecimentos para a “emancipação lenta dos negros e sua educação religiosa e industrial”. A Constituição do Império não contém semelhante artigo. Os autores desta última entenderam não dever nodoar o foral da emancipação política do país, aludindo à existência da escravidão, no presente. A palavra libertos do artigo pelo qual esse são declarados cidadãos brasileiros e do artigo 94, felizmente revogado, que os declarava inelegíveis para deputados, podia referir-se a uma ordem anterior à Constituição e destruída por esta. No mais os estatutos da nossa nacionalidade não fazem referência à escravidão. Essa única pedra, posta em qualquer dos recantos daquele edifício, teria a virtude de convertê-lo com sua fachada monumental do artigo 179 num todo monstruoso. Por isso os organizadores da Constituição não quiseram deturpar a sua obra descobrindo-lhes os alicerces. José Bonifácio, porém, o chefe desses Andradas - Antônio Carlos tinha estado muito perto do cadafalso no movimento de Pernambuco - em quem os homens de cor, os libertos, os escravos mesmos, todos os humildes da população que sonhavam a Independência tinham posto a sua confiança, redigira para ser votado pela Constituinte um projeto de lei sobre os escravos
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Por que roubam os comunistas?
No passado comunista comia "criancinhas", hoje - no poder, "come ($$)" em
nome das criancinhas...
Em 1989, aos 26 anos, o cineasta Steven Soderbergh ficou famoso com Sexo,
mentiras e videotape. Duas décadas depois, lançou Che, um épico dividido em
duas partes, ou dois filmes em sequência: no primeiro, Che Guevara vira
guerrilheiro em Cuba; no segundo, ele vai para a Bolívia instalar um foco
revolucionário. No primeiro, Che sai consagrado, aos 30 anos. Do segundo,
saiu morto, carregado por um helicóptero.
A cena final do primeiro filme é inesquecível. Pode ser vista como um
trailer do pesadelo ético que a esquerda viveria na América Latina a partir
de então. O protagonista Che Guevara (Benicio del Toro) vai pela estrada,
dentro de um jipe sem capota, na direção de Havana. É janeiro de 1959. O
ditador Fulgencio Batista fugiu. Fidel Castro venceu. De repente, passa
pelo jipe um vistoso conversível, dirigido por um dos comandados de Che. No
automóvel, moços e moças festejam, cabelos ao vento. Che ordena que parem.
“Que carro é este?”, pergunta ao motorista. “Era de um francoatirador”, diz
ele. O comandante se enfurece. Manda que seu subordinado volte, devolva o
carro e só depois vá para Havana, a pé, se for preciso.
A mensagem do líder era simples e direta: a revolução não era um movimento
de ladrões.
Na biografia que John Lee Anderson escreveu sobre Guevara, há uma passagem
parecida. De novo, estamos às voltas com automóveis. Agora, Che é ministro
das Indústrias, no regime comunista de Havana. Certo dia, seu
vice-ministro, Orlando Borrego, aparece na repartição com um Jaguar
esporte, novinho, que encontrara numa fábrica. O chefe o interpela aos
palavrões e o obriga a devolver o carro. Borrego passaria os 12 anos
seguintes dirigindo um Chevy mais simples, sem opcionais. Outra vez, a
mesma mensagem: a revolução não admite ladrões.
Acontece que a História (com “H” maiúsculo, como alguns preferem) não é
heroica. Ela é uma piadista. Quando morreu pelas armas dos militares
bolivianos, Che estava magro e doente. E os ladrões proliferaram nas
fileiras de esquerda. Rechonchudos e felizes. Não roubaram apenas
automóveis, mas utopias. Transformaram sonhos dos camaradas em butim. Estão
por aí, de terno, gravata e dinheiro vivo dentro de casa. Nisso se resume o
grande dilema existencial e político das organizações de esquerda.
Comunistas, quando corruptos, roubam a razão pela qual morreram todos os
guerrilheiros
Ao se acovardar diante da corrupção ou, pior, ao julgar que podem se
extrair vantagens táticas da corrupção, um partido de esquerda abdica de
acreditar na igualdade de oportunidades. Logo, abdica de sua herança
simbólica e de nomes como Che Guevara. É bem verdade que Che se tornou um
homem embrutecido, violento, comandando execuções às centenas, sem processo
justo. O lendário guerrilheiro foi, a seu modo, um misto de verdade e de
loucura (“tanta violência, mas tanta ternura”). Fez sua guerra, sujou as
mãos de sangue e topou pagar o preço de sua escolha. O que importa, agora,
é que ladrão ele não foi. E isso importa porque não foi a selvageria da
batalha que corrompeu a esquerda: foi o roubo.
Passemos ao Brasil de 2011. Passemos para hoje. Estamos aí atordoados com
mais um escândalo, outra vez embaralhando ONGs, mas agora com militantes e
ex-militantes do PCdoB e autoridades do Ministério dos Esportes. Passarão
meses, talvez anos, até que saibamos quem de fato tem culpa no cartório, se
é que o tabelião e os cartorários não estavam no esquema. Desde já, porém,
sabemos que há milhões e milhões de reais em irregularidades, tudo em nome
de dar assistência a crianças carentes que não recebiam assistência
nenhuma.
A corrupção virou a pior forma de barbárie de nossa democracia não apenas
porque mercadeja com o destino de crianças ou porque sacrifica vidas em
hospitais imundos e estradas abandonadas, mas principalmente por ter
transformado a política numa indústria complexa, cuja finalidade é a
apropriação da riqueza de todos para fins privados (e fins partidários são
fins privados). Na esquerda, a corrupção se qualifica: emprega métodos
bolcheviques e se justifica sob licenças ideológicas que enaltecem o crime
comum como se ele fosse a própria trilha de libertação dos oprimidos. É uma
corrupção delirante, que se julga uma nova modalidade de guerrilha contra o
capital, mas que, no fundo, presta serviços ao que há de pior no capital.
Comunistas e socialistas, quando corruptos, roubam enfim a razão pela qual
morreram todos os guerrilheiros. Traindo seus mortos, traindo os
desaparecidos, o corrupto de esquerda se sente vitorioso. Acha que pode
passear de conversível sem ser incomodado.
O problema é nossa direita tão pouco convive com a ética e as preocupações sociais.
Afinal, o que nós resta? O navio negreiro continua alimentando nosso país.
Dimitri
nome das criancinhas...
Eugênio Bucci
Época - 24/10/2011
Em 1989, aos 26 anos, o cineasta Steven Soderbergh ficou famoso com Sexo,
mentiras e videotape. Duas décadas depois, lançou Che, um épico dividido em
duas partes, ou dois filmes em sequência: no primeiro, Che Guevara vira
guerrilheiro em Cuba; no segundo, ele vai para a Bolívia instalar um foco
revolucionário. No primeiro, Che sai consagrado, aos 30 anos. Do segundo,
saiu morto, carregado por um helicóptero.
A cena final do primeiro filme é inesquecível. Pode ser vista como um
trailer do pesadelo ético que a esquerda viveria na América Latina a partir
de então. O protagonista Che Guevara (Benicio del Toro) vai pela estrada,
dentro de um jipe sem capota, na direção de Havana. É janeiro de 1959. O
ditador Fulgencio Batista fugiu. Fidel Castro venceu. De repente, passa
pelo jipe um vistoso conversível, dirigido por um dos comandados de Che. No
automóvel, moços e moças festejam, cabelos ao vento. Che ordena que parem.
“Que carro é este?”, pergunta ao motorista. “Era de um francoatirador”, diz
ele. O comandante se enfurece. Manda que seu subordinado volte, devolva o
carro e só depois vá para Havana, a pé, se for preciso.
A mensagem do líder era simples e direta: a revolução não era um movimento
de ladrões.
Na biografia que John Lee Anderson escreveu sobre Guevara, há uma passagem
parecida. De novo, estamos às voltas com automóveis. Agora, Che é ministro
das Indústrias, no regime comunista de Havana. Certo dia, seu
vice-ministro, Orlando Borrego, aparece na repartição com um Jaguar
esporte, novinho, que encontrara numa fábrica. O chefe o interpela aos
palavrões e o obriga a devolver o carro. Borrego passaria os 12 anos
seguintes dirigindo um Chevy mais simples, sem opcionais. Outra vez, a
mesma mensagem: a revolução não admite ladrões.
Acontece que a História (com “H” maiúsculo, como alguns preferem) não é
heroica. Ela é uma piadista. Quando morreu pelas armas dos militares
bolivianos, Che estava magro e doente. E os ladrões proliferaram nas
fileiras de esquerda. Rechonchudos e felizes. Não roubaram apenas
automóveis, mas utopias. Transformaram sonhos dos camaradas em butim. Estão
por aí, de terno, gravata e dinheiro vivo dentro de casa. Nisso se resume o
grande dilema existencial e político das organizações de esquerda.
Comunistas, quando corruptos, roubam a razão pela qual morreram todos os
guerrilheiros
Ao se acovardar diante da corrupção ou, pior, ao julgar que podem se
extrair vantagens táticas da corrupção, um partido de esquerda abdica de
acreditar na igualdade de oportunidades. Logo, abdica de sua herança
simbólica e de nomes como Che Guevara. É bem verdade que Che se tornou um
homem embrutecido, violento, comandando execuções às centenas, sem processo
justo. O lendário guerrilheiro foi, a seu modo, um misto de verdade e de
loucura (“tanta violência, mas tanta ternura”). Fez sua guerra, sujou as
mãos de sangue e topou pagar o preço de sua escolha. O que importa, agora,
é que ladrão ele não foi. E isso importa porque não foi a selvageria da
batalha que corrompeu a esquerda: foi o roubo.
Passemos ao Brasil de 2011. Passemos para hoje. Estamos aí atordoados com
mais um escândalo, outra vez embaralhando ONGs, mas agora com militantes e
ex-militantes do PCdoB e autoridades do Ministério dos Esportes. Passarão
meses, talvez anos, até que saibamos quem de fato tem culpa no cartório, se
é que o tabelião e os cartorários não estavam no esquema. Desde já, porém,
sabemos que há milhões e milhões de reais em irregularidades, tudo em nome
de dar assistência a crianças carentes que não recebiam assistência
nenhuma.
A corrupção virou a pior forma de barbárie de nossa democracia não apenas
porque mercadeja com o destino de crianças ou porque sacrifica vidas em
hospitais imundos e estradas abandonadas, mas principalmente por ter
transformado a política numa indústria complexa, cuja finalidade é a
apropriação da riqueza de todos para fins privados (e fins partidários são
fins privados). Na esquerda, a corrupção se qualifica: emprega métodos
bolcheviques e se justifica sob licenças ideológicas que enaltecem o crime
comum como se ele fosse a própria trilha de libertação dos oprimidos. É uma
corrupção delirante, que se julga uma nova modalidade de guerrilha contra o
capital, mas que, no fundo, presta serviços ao que há de pior no capital.
Comunistas e socialistas, quando corruptos, roubam enfim a razão pela qual
morreram todos os guerrilheiros. Traindo seus mortos, traindo os
desaparecidos, o corrupto de esquerda se sente vitorioso. Acha que pode
passear de conversível sem ser incomodado.
O problema é nossa direita tão pouco convive com a ética e as preocupações sociais.
Afinal, o que nós resta? O navio negreiro continua alimentando nosso país.
Dimitri
O que é uma "Boa Fotografia"?
No excelente blog de Marcos Palacios, os amadores de fotografias devem ler esta matéria
http://gjol.blogspot.com/2011/11/um-programa-capaz-de-discernir-o-que-e.html
http://gjol.blogspot.com/2011/11/um-programa-capaz-de-discernir-o-que-e.html
terça-feira, 22 de novembro de 2011
"É mais fácil vigiar um ladrão do que dois..."
... ESCREVEU O PADRE VIEIRA
TAPAJÓS E CARAJÁS: FURTO, FURTEI, FURTAREI
Essa foi a vaia mais estrondosa e demorada de toda a história da Amazônia. Começou no dia 4 de abril de 1654, em São Luís do Maranhão, com a conjugação do verbo furtar e continuou ressoando em Belém, num auditório da Universidade Federal do Pará, na última quinta-feira, 6 de outubro de 2011, quando estudantes hostilizaram dois deputados federais que defendiam a criação dos Estados de Tapajós e Carajás.
A vaia, que atravessou os séculos, só será interrompida no dia 11 de dezembro próximo, quando quase 5 milhões de eleitores paraenses irão às urnas para votar, num plebiscito, se querem ou não a criação dos dois Estados desmembrados do Pará, que ficará reduzido a apenas 17% de seu atual território caso a resposta dos eleitores seja afirmativa.
A proposta de divisão territorial não é nova. Embora o fato não seja ensinado nas escolas, o certo é que Portugal manteve dois estados na América: o Estado do Brasil e o Estado do Maranhão e Grão-Pará, cada um com governador próprio, leis próprias e seu corpo de funcionários.
Somente um ano depois da Independência do Brasil, em agosto de 1823, é que o Grão-Pará aderiu ao estado independente, com ele se unificando.
Pois bem, no século XVII, a proposta era criar mais estados. Os colonos começaram a pressionar o rei de Portugal, D. João IV, para que as capitanias da região norte fossem transformadas em entidades autônomas. O padre Antônio Vieira, conselheiro do rei de Portugal, D. João IV, convenceu o monarca a fazer exatamente o contrário, criando um governo único do Estado do Maranhão e Grão-Pará sediado inicialmente em São Luís e depois em Belém.
Para isso, o missionário jesuíta usou um argumento singular. Ele alegava que se o rei criasse outros estados na Amazônia, teria que nomear mais governadores, o que dificultaria o controle sobre eles. É mais fácil vigiar um ladrão do que dois, escreveu Vieira em carta ao rei, de 4 de abril de 1654: “Digo, senhor, que menos mal será um ladrão que dois, e que mais dificultoso será de achar dois homens de bem que um só”.
Num sermão que pregou na sexta-feira santa, já em Lisboa, perante um auditório onde estavam membros da corte, juízes, ministros e conselheiros da Coroa, o padre Vieira, recém-chegado do Maranhão, acusou os governadores, nomeados por três anos, de enriquecerem durante o triênio, juntamente com seus amigos e apaniguados, dizendo que eles conjugavam o verbo furtar em todos os tempos, modos e pessoas. Vale a pena transcrever um trecho do seu sermão:
“Furtam pelo modo infinitivo, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes em que se vão continuando os furtos. Esses mesmos modos conjugam por todas as pessoas: porque a primeira pessoa do verbo é a sua, as segundas os seus criados, e as terceiras quantos para isso têm indústria e consciência”.
Segundo Vieira, os governadores ”furtam juntamente por todos os tempos”. Roubam no tempo presente , “que é o seu tempo” durante o triênio em que governam, e roubam ainda ”no pretérito e no futuro”.
Roubam no passado perdoando dívidas antigas com o Estado em troca de propinas, “ vendendo perdões” e roubam no futuro quando “empenham as rendas e antecipam os contrato, com que tudo, o caído e não caído, lhe vem a cair nas mãos”.
O missionário jesuíta, conselheiro e confessor do rei, prosseguiu: “Finalmente, nos mesmos tempos não lhe escapam os imperfeitos, perfeitos, mais-que-perfeitos, e quaisquer outros, porque furtam, furtavam, furtaram, furtariam e haveriam de furtar mais se mais houvesse. Em suma, que o resumo de toda esta rapante conjugação vem a ser o supino do mesmo verbo: a furtar, para furtar. E quando eles têm conjugado assim toda a voz ativa, e as miseráveis províncias suportado toda a passiva, eles como se tiveram feito grandes serviços tornam carregados de despojos e ricos; e elas ficam roubadas e consumidas”.
Numa atitude audaciosa, padre Vieira chama o próprio rei às suas responsabilidades, concluindo: “Em qualquer parte do mundo se pode verificar o que Isaías diz dos príncipes de Jerusalém: Os teus príncipes são companheiros dos ladrões. E por que? São companheiros dos ladrões, porque os dissimulam; são companheiros dos ladrões, porque os consentem; são companheiros dos ladrões, porque lhes dão os postos e os poderes; são companheiros dos ladrões, porque talvez os defendem; e são finalmente, seus companheiros, porque os acompanham e hão de acompanhar ao inferno, onde os mesmos ladrões os levam consigo”. Os dois novos Estados – Carajás e Tapajós – se criados, significam mais governadores, mais deputados, mais juizes, mais tribunais de contas, mais mordomias, mais assaltos aos cofres públicos. Por isso, o Conselho Indígena dos rios Tapajós e Arapiuns, sediado em Santarém, representando 13 povos de 52 aldeias, se pronunciou criticamente em relação à proposta. Em nota oficial, esclarece:
“Os indígenas, os quilombolas e os trabalhadores da região nunca estiveram na frente do movimento pela criação do Estado do Tapajós, porque essa não era sua reivindicação e também porque não eram convidados. Esse movimento foi iniciado e liderado nos últimos anos por políticos. E nós temos aprendido que o que é bom para essa gente dificilmente é bom para nós”.
José Ribamar Bessa Freire
09/10/2011 - Diário do Amazonas
O professor José Ribamar Bessa Freire coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ), pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO).
TAPAJÓS E CARAJÁS: FURTO, FURTEI, FURTAREI
Essa foi a vaia mais estrondosa e demorada de toda a história da Amazônia. Começou no dia 4 de abril de 1654, em São Luís do Maranhão, com a conjugação do verbo furtar e continuou ressoando em Belém, num auditório da Universidade Federal do Pará, na última quinta-feira, 6 de outubro de 2011, quando estudantes hostilizaram dois deputados federais que defendiam a criação dos Estados de Tapajós e Carajás.
A vaia, que atravessou os séculos, só será interrompida no dia 11 de dezembro próximo, quando quase 5 milhões de eleitores paraenses irão às urnas para votar, num plebiscito, se querem ou não a criação dos dois Estados desmembrados do Pará, que ficará reduzido a apenas 17% de seu atual território caso a resposta dos eleitores seja afirmativa.
A proposta de divisão territorial não é nova. Embora o fato não seja ensinado nas escolas, o certo é que Portugal manteve dois estados na América: o Estado do Brasil e o Estado do Maranhão e Grão-Pará, cada um com governador próprio, leis próprias e seu corpo de funcionários.
Somente um ano depois da Independência do Brasil, em agosto de 1823, é que o Grão-Pará aderiu ao estado independente, com ele se unificando.
Pois bem, no século XVII, a proposta era criar mais estados. Os colonos começaram a pressionar o rei de Portugal, D. João IV, para que as capitanias da região norte fossem transformadas em entidades autônomas. O padre Antônio Vieira, conselheiro do rei de Portugal, D. João IV, convenceu o monarca a fazer exatamente o contrário, criando um governo único do Estado do Maranhão e Grão-Pará sediado inicialmente em São Luís e depois em Belém.
Para isso, o missionário jesuíta usou um argumento singular. Ele alegava que se o rei criasse outros estados na Amazônia, teria que nomear mais governadores, o que dificultaria o controle sobre eles. É mais fácil vigiar um ladrão do que dois, escreveu Vieira em carta ao rei, de 4 de abril de 1654: “Digo, senhor, que menos mal será um ladrão que dois, e que mais dificultoso será de achar dois homens de bem que um só”.
Num sermão que pregou na sexta-feira santa, já em Lisboa, perante um auditório onde estavam membros da corte, juízes, ministros e conselheiros da Coroa, o padre Vieira, recém-chegado do Maranhão, acusou os governadores, nomeados por três anos, de enriquecerem durante o triênio, juntamente com seus amigos e apaniguados, dizendo que eles conjugavam o verbo furtar em todos os tempos, modos e pessoas. Vale a pena transcrever um trecho do seu sermão:
“Furtam pelo modo infinitivo, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes em que se vão continuando os furtos. Esses mesmos modos conjugam por todas as pessoas: porque a primeira pessoa do verbo é a sua, as segundas os seus criados, e as terceiras quantos para isso têm indústria e consciência”.
Segundo Vieira, os governadores ”furtam juntamente por todos os tempos”. Roubam no tempo presente , “que é o seu tempo” durante o triênio em que governam, e roubam ainda ”no pretérito e no futuro”.
Roubam no passado perdoando dívidas antigas com o Estado em troca de propinas, “ vendendo perdões” e roubam no futuro quando “empenham as rendas e antecipam os contrato, com que tudo, o caído e não caído, lhe vem a cair nas mãos”.
O missionário jesuíta, conselheiro e confessor do rei, prosseguiu: “Finalmente, nos mesmos tempos não lhe escapam os imperfeitos, perfeitos, mais-que-perfeitos, e quaisquer outros, porque furtam, furtavam, furtaram, furtariam e haveriam de furtar mais se mais houvesse. Em suma, que o resumo de toda esta rapante conjugação vem a ser o supino do mesmo verbo: a furtar, para furtar. E quando eles têm conjugado assim toda a voz ativa, e as miseráveis províncias suportado toda a passiva, eles como se tiveram feito grandes serviços tornam carregados de despojos e ricos; e elas ficam roubadas e consumidas”.
Numa atitude audaciosa, padre Vieira chama o próprio rei às suas responsabilidades, concluindo: “Em qualquer parte do mundo se pode verificar o que Isaías diz dos príncipes de Jerusalém: Os teus príncipes são companheiros dos ladrões. E por que? São companheiros dos ladrões, porque os dissimulam; são companheiros dos ladrões, porque os consentem; são companheiros dos ladrões, porque lhes dão os postos e os poderes; são companheiros dos ladrões, porque talvez os defendem; e são finalmente, seus companheiros, porque os acompanham e hão de acompanhar ao inferno, onde os mesmos ladrões os levam consigo”. Os dois novos Estados – Carajás e Tapajós – se criados, significam mais governadores, mais deputados, mais juizes, mais tribunais de contas, mais mordomias, mais assaltos aos cofres públicos. Por isso, o Conselho Indígena dos rios Tapajós e Arapiuns, sediado em Santarém, representando 13 povos de 52 aldeias, se pronunciou criticamente em relação à proposta. Em nota oficial, esclarece:
“Os indígenas, os quilombolas e os trabalhadores da região nunca estiveram na frente do movimento pela criação do Estado do Tapajós, porque essa não era sua reivindicação e também porque não eram convidados. Esse movimento foi iniciado e liderado nos últimos anos por políticos. E nós temos aprendido que o que é bom para essa gente dificilmente é bom para nós”.
José Ribamar Bessa Freire
09/10/2011 - Diário do Amazonas
O professor José Ribamar Bessa Freire coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ), pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO).
Tá tudo dominado!
1. Os três advogados PRESOS juntos com o traficante Nem: André Luiz Soares Cruz (disse ser cônsul honorário do Congo), Demóstenes Armando Dantas Cruz (disse ser funcionário do consulado, porém, além de advogado do traficante “Nem da Rocinha” ele é também Diretor do Conpej ) e Luiz Carlos Cavalcante Azenha.
2. Os advogados André Luiz Soares Cruz e Demóstenes Armando Dantas Cruz são muito próximo do Dr. Jovenal da Silva Alcântara Assessor Especial do Governador Sérgio Cabral. Os dois advogados são muito influentes e poderosos.
3. O CONPEJ realizou no dia 18 de maio a sua já tradicional cerimônia de entrega dos certificados aos alunos que concluíram os cursos Periciais nos últimos meses, tanto na modalidade "Presencial" como EaD, com a presença de diversas autoridades e personalidades do executivo e do judiciário, tendo como homenageado especial o Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de janeiro Exmo. Dr. Reinaldo Pinto Alberto Filho que recebeu a Moção da Ordem do Mérito Pericial pelos relevantes serviços prestados na defesa da atividade pericial e do aprimoramento profissional dos peritos, através de seu brilhante livro“ da Perícia ao Perito”.
Estiveram também presentes a mesa como convidados especiais: o Dr. Jovenal da Silva Alcântara Assessor Especial do Governador do Estado do Rio de Janeiro, Dr. Cláudio Jorge Diretor da Fazenda Publica, Dr. Marcos de Oliveira Siliprandi Diretor de Identificação Civil do Detran, Dr. Roberto Barbosa Delegado de Policia Federal, Dr. Julio César Valente Trancoso Presidente do Clube de Assistência aos Servidores Públicos, Dr. Demonstenes Cruz Advogado e Diretor do Conpej, e Dr. André Luiz Soares Cruz Advogado. Fotos da cerimônia de entrega dos certificados:
Na seta vermelha, o Dr. André Luiz Soares o "cônsul"
4 . Um delegado da Polícia Civil "aparece do nada" quando o traficante Nem da Favela da Rocinha ia ser preso, tenta ficar com a ocorrência e tirar o carro sem que o porta-malas fosse aberto, o que só não conseguiu por que PM honestos furaram o pneu do veículo, e a Polícia Federal chegou a tempo.
Esse tal "delegado" foi chamado pelos Doutores do "crime", os advogados que davam fuga ao bandido Nem, e já tinham tentado subornar os PM com um milhão de reais.
O tal "delegado" é investigado, e a "cúpula" da Polícia Civil diz que não houve nada de errado, já que a "verdade" era que o traficante Nem estaria negociando a sua rendição.
Mas para ficar mais confuso, o traficante Nem ia fingir que estava sendo preso, quando na verdade estaria se entregando para evitar supostas retaliações, isso tudo é alegado pela "cúpula" da Polícia Civil, conforme a matéria publicada em vários jornais do Rio de Janeiro.
Essa "rendição" do Nem era tão secreta, mas tão secreta, que ninguém sabia, nem a Polícia Militar e nem a Polícia Federal.
Mas Beltrame depois de alertado pela "cúpula" da Polícia Civil mudou de idéia, e passou a dizer que sabia, e aí?
Só um detalhe, o traficante Nem disse várias vezes a Polícia Federal que NUNCA negociou a sua rendição, e que estava fugindo.
5. Algo de podre no ar....
- O que há escondido por trás da prisão do traficante Nem? Quem são as pessoas, os verdadeiros "tubarões", que protegiam o bandido?
- Como uma pessoa, no caso o advogado, Dr. André Luiz Soares Cruz, se passa por Cônsul, comete crime de corrupção ativa (pena de 2 a 12 anos de cadeia) tentando subornar policiais militares com até R$ 1 milhão para ajudar um traficante a fugir, isso sem considerar a possibilidade do crime de associação ao tráfico. e não fica preso?
- Quem realmente é esse advogado, Dr. André Luiz Soares Cruz, e quem são seus amigos?
- Muito estranho essa "historinha" da "cúpula" da Polícia Civil para tentar justificar a presença desse tal "delegado", eu particularmente prefiro acreditar em duendes, fadas, e coelhinho da páscoa.
- Fica a dúvida no ar, o que há por trás da prisão do Nem?
- Existem fatos que ainda não foram esclarecidos, por exemplo, essa historinha desse "delegado".
- O traficante Nem revelou a Polícia Federal que "policiais" receberiam propina de R$ 500 mil reais por mês. Quem são esse policiais?
Ahhh, se o Brasil fosse um país sério? Complicado....
A verdade é: “O Nem hoje é um arquivo vivo, e corre sério risco de ser "suicidado", além do que tem muita, mas muita gente mesmo sem dormir no Rio desde que o bandido foi preso.”
Que a POLÍCIA FEDERAL cuide da vida do Nem para que ele derrube a república dos bandidos engravatados do Rio.
Aguardem!
-
2. Os advogados André Luiz Soares Cruz e Demóstenes Armando Dantas Cruz são muito próximo do Dr. Jovenal da Silva Alcântara Assessor Especial do Governador Sérgio Cabral. Os dois advogados são muito influentes e poderosos.
3. O CONPEJ realizou no dia 18 de maio a sua já tradicional cerimônia de entrega dos certificados aos alunos que concluíram os cursos Periciais nos últimos meses, tanto na modalidade "Presencial" como EaD, com a presença de diversas autoridades e personalidades do executivo e do judiciário, tendo como homenageado especial o Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de janeiro Exmo. Dr. Reinaldo Pinto Alberto Filho que recebeu a Moção da Ordem do Mérito Pericial pelos relevantes serviços prestados na defesa da atividade pericial e do aprimoramento profissional dos peritos, através de seu brilhante livro“ da Perícia ao Perito”.
Estiveram também presentes a mesa como convidados especiais: o Dr. Jovenal da Silva Alcântara Assessor Especial do Governador do Estado do Rio de Janeiro, Dr. Cláudio Jorge Diretor da Fazenda Publica, Dr. Marcos de Oliveira Siliprandi Diretor de Identificação Civil do Detran, Dr. Roberto Barbosa Delegado de Policia Federal, Dr. Julio César Valente Trancoso Presidente do Clube de Assistência aos Servidores Públicos, Dr. Demonstenes Cruz Advogado e Diretor do Conpej, e Dr. André Luiz Soares Cruz Advogado. Fotos da cerimônia de entrega dos certificados:
Na seta vermelha, o Dr. André Luiz Soares o "cônsul"
4 . Um delegado da Polícia Civil "aparece do nada" quando o traficante Nem da Favela da Rocinha ia ser preso, tenta ficar com a ocorrência e tirar o carro sem que o porta-malas fosse aberto, o que só não conseguiu por que PM honestos furaram o pneu do veículo, e a Polícia Federal chegou a tempo.
Esse tal "delegado" foi chamado pelos Doutores do "crime", os advogados que davam fuga ao bandido Nem, e já tinham tentado subornar os PM com um milhão de reais.
O tal "delegado" é investigado, e a "cúpula" da Polícia Civil diz que não houve nada de errado, já que a "verdade" era que o traficante Nem estaria negociando a sua rendição.
Mas para ficar mais confuso, o traficante Nem ia fingir que estava sendo preso, quando na verdade estaria se entregando para evitar supostas retaliações, isso tudo é alegado pela "cúpula" da Polícia Civil, conforme a matéria publicada em vários jornais do Rio de Janeiro.
Essa "rendição" do Nem era tão secreta, mas tão secreta, que ninguém sabia, nem a Polícia Militar e nem a Polícia Federal.
Mas Beltrame depois de alertado pela "cúpula" da Polícia Civil mudou de idéia, e passou a dizer que sabia, e aí?
Só um detalhe, o traficante Nem disse várias vezes a Polícia Federal que NUNCA negociou a sua rendição, e que estava fugindo.
5. Algo de podre no ar....
- O que há escondido por trás da prisão do traficante Nem? Quem são as pessoas, os verdadeiros "tubarões", que protegiam o bandido?
- Como uma pessoa, no caso o advogado, Dr. André Luiz Soares Cruz, se passa por Cônsul, comete crime de corrupção ativa (pena de 2 a 12 anos de cadeia) tentando subornar policiais militares com até R$ 1 milhão para ajudar um traficante a fugir, isso sem considerar a possibilidade do crime de associação ao tráfico. e não fica preso?
- Quem realmente é esse advogado, Dr. André Luiz Soares Cruz, e quem são seus amigos?
- Muito estranho essa "historinha" da "cúpula" da Polícia Civil para tentar justificar a presença desse tal "delegado", eu particularmente prefiro acreditar em duendes, fadas, e coelhinho da páscoa.
- Fica a dúvida no ar, o que há por trás da prisão do Nem?
- Existem fatos que ainda não foram esclarecidos, por exemplo, essa historinha desse "delegado".
- O traficante Nem revelou a Polícia Federal que "policiais" receberiam propina de R$ 500 mil reais por mês. Quem são esse policiais?
Ahhh, se o Brasil fosse um país sério? Complicado....
A verdade é: “O Nem hoje é um arquivo vivo, e corre sério risco de ser "suicidado", além do que tem muita, mas muita gente mesmo sem dormir no Rio desde que o bandido foi preso.”
Que a POLÍCIA FEDERAL cuide da vida do Nem para que ele derrube a república dos bandidos engravatados do Rio.
Aguardem!
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MESTRE DO ORIGAMI
Você pode imaginar a reação da garçonete que recebe uma gorjeta nesta forma?
Descobra o virtuosismo deste americano que transforma em arte as notas de U$1,00 e, no final, veja a beleza de sua forma de vida.
Descobra o virtuosismo deste americano que transforma em arte as notas de U$1,00 e, no final, veja a beleza de sua forma de vida.
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segunda-feira, 21 de novembro de 2011
RETALHOS 58
Dando continuidade aos trabalhos rotineiros de fiscalização em estabelecimentos comerciais pela Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Prevenção à Violência (SESP), chegou a vez dos chamados restaurantes de luxo de Salvador. A vistoria é realizada pela Coordenadoria de Defesa do Consumidor (Codecon) da SESP desde terça-feira (8) e dezenas de estabelecimentos já foram visitados. Entre os aspectos que são observados na fiscalização estão o acondicionamento dos alimentos, data de validade, condições de higiene, entre outros.
Nos dois primeiros dias de trabalho, seis restaurantes e hotéis foram multados por irregularidades, sendo eles, o Restaurante Soho na Bahia Marina, o Restaurante UIT, o Hotel Othon e o Hotel Pestana, por servirem aos clientes alimentos com data de validade vencida.
O Restaurante Lafaiete e o Hotel Pestana foram autuados pelo mau acondicionamento dos alimentos, já o Botequim Café no Ondina Apart Hotel estava utilizando alimentos que não possuíam etiquetas com data de validade. Em contrapartida, o Baby Beef do Iguatemi e o Barbacoa não apresentaram nenhuma irregularidade.
As fiscalizações vão continuar, segundo o secretário da SESP, Marcelo Abreu: “Não raras vezes os restaurantes classe e nem sempre oferecem produtos e serviços com a qualidade estabelecida pelas leis de proteção ao consumidor ou que justifique os altos valores cobrados”, afirma.
Nos dois primeiros dias de trabalho, seis restaurantes e hotéis foram multados por irregularidades, sendo eles, o Restaurante Soho na Bahia Marina, o Restaurante UIT, o Hotel Othon e o Hotel Pestana, por servirem aos clientes alimentos com data de validade vencida.
O Restaurante Lafaiete e o Hotel Pestana foram autuados pelo mau acondicionamento dos alimentos, já o Botequim Café no Ondina Apart Hotel estava utilizando alimentos que não possuíam etiquetas com data de validade. Em contrapartida, o Baby Beef do Iguatemi e o Barbacoa não apresentaram nenhuma irregularidade.
As fiscalizações vão continuar, segundo o secretário da SESP, Marcelo Abreu: “Não raras vezes os restaurantes classe e nem sempre oferecem produtos e serviços com a qualidade estabelecida pelas leis de proteção ao consumidor ou que justifique os altos valores cobrados”, afirma.
Placar da Hotelaria dá cartão vermelho a 5 cidades A terceira edição do Placar da Hotelaria 2015, estudo realizado pelo Fohb e Hotel Invest, que traça estimativas semestrais sobre o setor no País, foi apresentada hoje durante o Conotel, em São Paulo. O presidente do Fohb, Roberto Rotter, e o representante da Hotel Invest, Diogo Canteras, falaram sobre os resultados da análise, que leva em consideração a demanda e oferta hoteleira nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014.
“A metodologia utilizada na pesquisa não contou somente com informações do Fohb, mas também com trabalho de campo da Hotel Invest”, disse Rotter. Ele ressaltou que o estudo não visa frear os investimentos na hotelaria em si, mas apresentar a situação do setor para que não haja super-oferta após a Copa. “Novos hotéis são bem-vindos, desde que permaneçam rentáveis”, complementou.
CARTÕES
Canteras, por sua vez, comparou os dados desta com a edição passada e afirmou que as notícias não são animadoras. “Os investidores devem tomar cuidado com as cidades de Belo Horizonte, Salvador, Cuiabá, Brasília e Manaus, que receberam ‘cartão vermelho’”, disse. O representante da Hotel Invest falou que estas cidades apresentam alto risco de investimento por conta da possível falta de demanda. A média mostrada na projeção foi pouco acima de 50%.
As cidades de Natal, Porto Alegre e Recife receberam cartão amarelo, que representa risco moderado de investimento. “Apesar de a classificação em nossa pesquisa demandar cautela, estes destinos estão bem próximos de uma situação confortável”, disse Canteras, que revelou 70% de média de ocupação para estas cidades-sede.
Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro representam baixo risco para os investidores em hotelaria. O estudo completo do terceiro Placar da Hotelaria 2015 tem apoio do Senac-SP.
Uma curiosidade: Por que este blog tem tantos leitores na Eslovênia?
“Luiza, João e Tatiana”, uma opereta baiana. Sugerimos à teatróloga Aninha Franco, expert no assunto, uma montagem de vários trechos de operetas. Enquanto esperamos a decisão da dinâmica moça, já vou adiantando algumas sugestões. Como abertura, “Fortuna Imperatrix Mundi” da ópera Carmina Burana de Carl Off.
Parece religiosa, mas não é. Até é muito pagã! A seguir, entre as várias escolhas possíveis, nada melhor que a ária “Uma morena y uma rúbia” da zarzuela La Verbena de La Paloma , já que durante um bom tempo nosso prefeito hesitou entre a falsa loira Maria Luiza e a autêntica morena Tatiana.
Por meio da apresentação, que tal “Moi, j´aime les militaires” de A Grande Duquesa de Gerolstein, de Hoffenbach?
Em contraponto romântico, podemos imaginar a Tatiana no papel da pequena sereia salvando nosso audacioso nadador.
Mas, como o roteiro ainda não está totalmente pronto, melhor aguardar para o final feliz.
Que será no 31 de dezembro de 2012.
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