terça-feira, 9 de agosto de 2011

RETALHOS 48


Sempre fui ruim em matemáticas. Quer uma prova? Li na página 5 do Bahia Negócios – excelente publicação de Geraldo Vilalva - que o metrô de superfície, primeiro VLT do Nordeste, operando entre Juazeiro do Padre Cícero e a cidade do Crato (13 kms), tinha custado R$25 milhões.  O que, supostamente, daria pouco menos de 2 mi por kilômetro. Já na página 6 da mesma publicação, em Salvador um idêntico metrô de superfície entre o aeroporto 2 de julho e a avenida Bonocô usaria 20 kms. Custaria, portanto, uns 40 milhões. Certo? Errado! O título do artigo revela que “O projeto da OAS, Previ, Funcef e Petros para Salvador custará 3 bilhões”.  Tá vendo como não entendo nada de matemática?! Mesmo admitindo as tradicionais “gordurinhas”, ainda assim a diferença é simples e totalmente abismal.

Um play-boy, completamente bêbado, espatifou sua Ferrari contra outro carro, menos elegante. Uma bonita jovem, neta de importante político, morreu na hora. O matador, lamentando a triste perda de seu bólide, pagou uma fiança de 300 mil e foi liberado. O drama/acidente/fatalidade aconteceu entre gente das melhores famílias. Ainda bem. Imagine que o culpado fosse algum pé de chinelo... Que horror, que escândalo!

Como eu já calculava, o Balé de Cuba deu a prova dos nove: A dança acadêmica faleceu há muito tempo e somente os socialistas e afins ainda não foram ao enterro. A maioria entediada do público saiu do TCA antes do fim. Esta companhia, oriunda do Bolshoi, é tão chata e cafona quanto o padrinho. Vamos colocar um ponto final neste tipo de virtuosismo? É exatamente como um pintor tentando, no século XXI, recuperar o Impressionismo. Renoir e Monet, só mesmo para espírita sem cultura. Melhor economizar para assistir à companhia de Deborah Colker. São outros 500.

Alguém pode me explicar por que razão, nas adegas metidas e finíssimos secos e molhados tupiniquins, apesar do euro e dólar estarem lá embaixo, o preço dos vinhos importados continua nas alturas? Haja ganância!

Quem se interessa por fotografia deveria abrir o Google e conhecer as obras do belga Harry Gruyaert e do italiano Danilo Pavone, residente em Portugal.

El Cristo del Pacífico é uma realização a seis mãos de Norberto Odebrecht, Tati Moreno e Alan Garcia, ex-presidente do Peru. Aposta: quem dos três culpados tem o gosto mais abominável? Na hora em que se celebra o centenário da descoberta de Machu-Pichu, inaugurar algo tão kitsch quanto este monstrengo, que levantou em Lima pesada polêmica, encabeçada por Suzana Villarán, prefeita da capital. E mais: os peruanos idolatram outro Cristo: El señor de los Milagros, também chamado Cristo Moreno, por ter sido pintado em 1651 por Pedro Dalcon, escravo oriundo de Angola. Se, para nosso purgatório, somos obrigados a engolir, aqui na Bahia, os orixás do serralheiro mor, não há a mínima razão para obrigar os peruanos a tamanha poluição visual.

Não só do Reino Unido pipocam os protestos contra Ricardo Teixeira. No Rio de Janeiro um grande movimento de torcedores manifesta a necessidade de se ver afastado o presidente da CBF. Quem quiser saber mais pode acessar <wwwforaricardoteixeira.com.br>. E já agora, seria tão bom se fizessem a mesma coisa com aqueles 300 picaretas denunciados pelo então candidato Luis Inácio Lula da Silva!
Quem está em Salvador é o “restaurador” Orlando Ramos. Procura nos brechós do centro um lustre, de vidro e bem baratinho, para a igreja do convento de São Francisco em Cairu. Não é animador saber que alguém que mexe com dinheiro público tem tanto cuidado em não lesar o contribuinte?

Muito empenho é preciso para organizar um evento com cara de festival de cinema. O veterano Guido Araujo, o calejado Walter Lima e o novato Cláudio Marques bem sabem disso. Sempre falta apoio, mas nunca falta coragem. No VII Cine Futuro, quem apresentou “O homem que não dormia”, seu segundo longa-metragem, foi o Edgard Navarro. Mas ao que parece, na sala do TCA, durante a projeção, ninguém padeceu de insônia.

Você já notou que em todos os projetos sociais de casas populares, nunca se vê nenhuma árvore? Nada de mangueiras, amendoeira, palmeiras ou pitangueiras. Pobres só têm direito a sol e concreto. 

Thomas Friedman, jornalista de The New-York Times, está escrevendo um livro sobre política americana. Declara “... Necessitamos de um plano para a manutenção da grandeza americana e a sustentação do sonho americano por outra geração”. Fico sempre irritado quando alguém fala da “Grandeza” de seu país. Logo os EUA que têm uma dívida externa de trilhões de dólares! Nacionalismo leva a surtos de arrogância e xenofobia. Todos os países merecem respeito, seja a Moldávia, o Togo ou a Islândia. Patriotismo é identidade cultural, laços consangüíneos com a terra natal. Nacionalismo é fanatismo, cegueira. Quanto ao sonho americano, o planeta já pagou bastante caro por esta utopia. Além das guerras –Vietnam, Guatemala, Iraque, El Salvador, Afganistão etc. – fomos todos inundados pela Coca-Cola, Mc Donald, Wall-Mart, Ford, General Motors, bomba atômica, poluição ambiental e por ali vai. Melhor vivermos acordados e alertas. Nada deste negócio de sonhos de grandeza! 

Quem não se lembra da propaganda ultranacionalista da cerveja Schincariol, apregoando aos quatro ventos que era todinha brasileira? Pois os herdeiros acabam de vendê-la a japonesa Kirin!

Como perder um edital. É fácil. Basta confiar nas promessas de gráficas que até o último momento prometem entregar um orçamento e, quando não dá mais tempo para procurar outra, lhe deixam na mão. Foi exatamente aquilo que aconteceu com a gráfica Venture, de Salvador. Para cúmulo de ironia, o lema desta casa é “O tempo confirma a boa impressão”. Infelizmente, não deu para rir...

Muitos pensam que a África é o paraíso perdido. Não é bem assim. A escravidão é uma antiga tradição. Exemplo? Hoje nas florestas do Congo, os bantos caçam os pigmeus, especialmente as crianças, para vender-los como escravos. Outros são obrigados a trabalhar em fazendas recebendo dois metros de pano estampado no fim do mês, ou em usinas de azeite de dendê para produtos de beleza (A inglesa Unilever é um dos principais produtores), recebendo salário de 50 euros por mês. A etnia dos pigmeus está em via de extinção. Silvícolas, vivem nas florestas, que os bantos depredam para construir suas casas. Por não terem mais que um metro de meio de altura, são considerados sub-raça. Muito vulneráveis ás doenças dos habitantes das cidades, têm uma mortandade elevada. De cada três crianças, uma morre de malária.
Alías, é só abrir o Google: “Na República do Congo, onde pigmeus representam 5 a 10% da população, muitos pigmeus vivem como escravos de mestres Bantos. A nação está profundamente dividida entre estes dois grandes grupos étnicos. Os pigmeus escravos pertencem desde o nascimento até à sua morte aos mestres Bantos em um relacionamento que os Bantos chamam de honrada tradição. Chegam a ser considerados parte do seu patrimônio familiar e, como tais, são transmitidos como herança de geração em geração. Nessas condições, é o patrão negro quem responde por eles diante da sociedade. Defendem-nos em tribunais, onde às vezes os Pigmeu nem sequer têm o direito de comparecer, e conservam seus eventuais documentos públicos, que usam sem maiores controles. Os Bantos desfrutam dos bens que os Pigmeu caçam e colhem e exigem que trabalhem em seus campos. Em troca, lhes dão retalhos velhos de tecido, alguns produtos de cultivo e até suas cabanas, quando estas já estão semidestruídas.”


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails