Confesso estar animado com os primeiros passos da presidente Dilma. O discurso proferido dias atrás demonstrou nítido distanciamento de seu popularesco antecessor. Falou muito e muito bem da importância da educação. Quem esqueceu os incessantes apelos do senador Cristovão Buarque, que chegou a ser ministro do Lula e foi demitido de forma tão grosseira, como o leitor deve se lembrar? Será que desta vez, sem demagogia, o Brasil acertou na votação? Poderíamos acreditar, não fossem os que não desgrudam: Sarney, Renan, Collor, Maluf e um espeto de ministros para lá de sinistros.
Seria e devia... Pouco antes de zarpar do trono onde grudou durante 30 anos com a conivência de Omar Suleiman, um dos mais sanguinários comparsas da obscura CIA, Hosni Mubarak tinha aceitado a instalação na América Latina de uma sucursal do enorme Museu de Arqueologia do Cairo. A pouca distância da capital do México, a charmosa cidade de Cuernavaca seria a escolhida. Para construir o edifício, organizar e manter as coleções, o órgão preferencial seria o Guggenheim. Este mesmo que devia ter criado algas nas águas mornas da Baia de Guanabara e foi embora sem que ninguém soubesse why. Provavelmente mais um caso de corrupção que deve ter passado muito por cima dos Fernandinhos Beira-mar...
Me dá um dinheiro aí! O Exterminador do Futuro, João Choramingão, chutado do PMDB, foi a Brasília para pedir ingresso no Partido Verde. Mas quem acredita num partido que, afogado em crenças medievais, se dá ao luxo de expulsar um Juca Ferreira? Outra coisa: quem pagou as despesas de viagem deste prefeito desastrado?
O boato mais insistente nos corredores da Secretaria Estadual da Bahia é a próxima saída do bonitinho Daniel Dantas, nomeado, não se sabe com quais outros argumentos, diretor dos museus pelo ex-secretário. O homem não tem a mínima formação no assunto e, quanto a formação cultural, nem sabe distinguir entre grego e latim.
Mergulhei com fascínio no livro “O fim é meu princípio” de Tiziano Terzani, um dos mais importantes jornalistas do século XX. Este trecho parece uma premonição da crise que a Bahia está atravessando: “O problema é que tudo está corrompido. As afinidades com o poder, a necessidade da proteção do poder criaram uma situação que não é a de antes, quando a força do jornalismo era sua independência. Uma independência também econômica. Quando os periódicos dependem da publicidade, como ocorre na Itália, e a publicidade está nas mãos de quem tem o poder político, como você pode ser livre? Quando os jornais são propriedade de grandes empresas contra quem jamais poderás escrever e que tem seus interesses políticos, que soluções vais encontrar para fazer verdadeiro jornalismo?”
O acontecido com o folclórico delegado de Itaparica não foi trágico por milagre. A polícia aliviada vai celebrar uma missa pelo renascimento do coroa bigodudo. Resta a lamentar que a baia continue entregue a tão incompetente TWB. Mas afinal quem controla esta empresa? Quem são os (ir)responsáveis?
Quem estava na porta do hotel Convento do Carmo, dia desses, de terno escuro e gravata de listas, era o Ataliba, prefeito PT de Maragogipe. Homem afável e grande folião, não parece mais satisfazer seu eleitorado. Dizem que pouco ou nada tem feito durante estes últimos seis anos, embora o município seja talvez o mais rico do Recôncavo baiano. Más línguas cochicham que ele acabaria de comprar uma lancha ultra-rápida pelo valor de R$150 mil. Falta comprovar. Mesmo assim, o boato demonstra que o atual prefeito está com a reputação tomara que não caia. Se, na próxima eleição, voltar o tal de Gabriel, dono de impressionante folha corrida, ou outro picareta do mesmo rebanho, a culpa será de que podia ter feito algo e nada fez.
E por falar nesta linda cidade a beira do Paraguaçu plantada, a TVE apresentou há poucos dias um documentário sobre o carnaval de Maragogipe. Rebuscado, pretensioso, metido a poético-onírico, com depoimentos sem nexo... Constrangedor. Quem pagou?
Ao sabor dos escândalos de Berlusconi, fomos informados pela jovem e bela piranha marroquina das amizades suspeitas com o ditador líbio Muhamar Khadafi. Os mais velhos devem se lembrar de outro escândalo, mais de 30 anos atrás, quando a imprensa marrom da Itália levantou as suspeitas da homossexualidade do líbio ridículo, cujas freqüentes viagens a Roma teriam sido motivadas por jovens efebos da Via Appia.
A Odebrecht pode ser muito rica e poderosa, mas não brilha pelo bom gosto em matéria cultural. Depois de impor os folclóricos orixás do Tati Moreno aos baianos e turistas no Dique do Tororó e até no metrô de São Paulo, não é que agora vai aprontar no Peru? O coitado do Alan Garcia vai agora ter que engolir um Cristo mais alto que o Redentor! O mais triste é que a maioria do povo aceita a até acha legal. O monstrengo deverá ser, sem dificuldade, considerado o primeiro dos Sete Horrores do Mundo, oportuno contraponto ás Sete Maravilhas. Acho que nosso governador deveria mandar uma carta aos peruanos para se desculpar pela agressão. Resta lamentar a falta de bons escultores na Bahia, fora uma ou outra raríssima e honrosa exceção.
A Internet proporciona momentos preciosos, tanto na pesquisa dos mais variados temas como na descoberta de velhos filmes, antigas músicas, poesias e danças. Para quem gosta ou trabalha com fotografia, o Flick é mais um instrumento importante. Entrei aos poucos, primeiro com amador, mais tarde como “pro”, pagando uma nota razoável. Uma das vantagens era saber a freqüência dos acessos. E não é que, mal paguei a anuidade cortaram a contagem dos acessos? Senti-me frustrado, reclamei, mas a única resposta foi que não reembolsavam o investimento. Sinto-me lesado.
Recebi pela Internet... “Peça teatral nova em cartaz no Forte São Marcelo!! O nome da peça é "Novas Diretrizes para Tempos de Paz". Ficará em cartaz até 25 de fevereiro, no Museu do Forte São Marcelo, de terça a sexta. Com saída da escuna do Terminal Náutico da Bahia (comércio, perto do Mercado Modelo) às 17h. O valor do ingresso é de R$ 40 a inteira e R$ 20 a meia, com a travessia de escuna inclusa. Com duração de 50 min. a peça se passa durante a Era Vargas, no final da Segunda Guerra Mundial, narrando a história de um polonês, que tenta entrar no Brasil e acaba interrogado por um agente alfandegário e ex-torturador da polícia política, gerando um grande embate ideológico que discute a condição humana, a arte, os horrores da guerra, a tortura e o preconceito. A encenação acontece em espaço aberto, na parte de cima do forte, ao pôr-do-sol. Uma boa oportunidade para conhecer o forte e assistir a uma boa peça. Atenção: Se você repassar esta mensagem para pelo menos 20 dos seus contatos nos próximos 10 minutos você poderá ganhar em breve mais um espaço cultural em Salvador. Caso não o faça, um dia sua única opção será o pagodão, o axé e outras drogas similares!Não quebre essa corrente!” Tudo bem, mas a peça vai precisar ser de altíssimo padrão de qualidade para atrair público em espaço lindo com certeza, mas de difícil acesso.
Há exatamente um ano, o senador Jarbas Vasconcellos jogou uma bomba no lamaçal brasiliense, numa entrevista á revista Veja, denunciando a corrupção deslavada de seu próprio partido, o PMDB. Como era de se esperar, o escândalo acabou em vago protesto e não deu em nada. A única retaliação foi o afastamento do pernambucano do poder de decisão, como se fosse o anormal da família. O tal partido continua firme, com as mais lamentáveis figuras da política brasileira, apoiando o governo e por ele apoiado.
Uma leitora baiana tem um filho estudando em Buenos-Aires. Como o garoto ainda não encontrou forma de sobreviver, a mãe precisa remeter mensalidade para ele. Mas: “Uma única agência do Banco do Brasil, rua Pará, na Pituba, faz este serviço em Salvador. Cheguei por volta das10:45. Senha N°16. Estavam atendendo as senhas 1 e 2. Só dois funcionários para toda a cidade! Um deles atendendo um casal por quase 3 horas. Havia portanto UM funcionário para atender todas as outras pessoas. Tempo de espera: 3 horas. O ar condicionado está quebrado, verdadeiro pandemônio. Muitas pessoas estavam retornando por não terem conseguido atendimento no dia anterior.” Mas o Banco do Brasil continua gastando uma nota em propaganda enganosa!
Edwy Plenet, jornalista francês que seria um pouco o Assange gaulês, defende com unhas e dentes o Wikileaks no seu famoso blog Mediapart : « Ninguem se engane : a perseguição ao Wikileaks é uma caçada à Internet e, de forma mais abrangente, à extensão de nossas liberdades de informação e comunicação. A personificação midiática e jurídica acerca do fundador do Wikileaks permite a dispersão do foco. As revelações dos correios diplomáticos americanos, que sucedem aos documentos desastrosos sobre as guerras sórdidas do Afanistão e do Iraque, a pertinencia, gravidade e legitimidade, são abafadas por esta campanha. Assange e WikiLeaks se tornaram a contra-gosto os herois de uma novela criminosa, enquanto se afastam, numa confusão voluntária, as importantes informações de interesse público, em especial sobre as consignas de espionagem generalisada impostas pela secretária de Estado Hillary Clinton aos diplomatas americanos, como se fossem agentes da CIA. » Para quem domina o francês vale a pena abrir o bem informado e opinativo blog Mediapart.
Última hora! Acabo de receber um e-mail do Walson Botelho, fundador e diretor do belo Balé Folclórico da Bahia: “... Pois é, enquanto a caravana passa por aí, nós estamos arrasando pelos EUA e cumprindo nossa missão, fazendo o que esta terra não faz, nem por ela mesma nem por nós. São 3 meses de turnê por 40 cidades. colocamos o nome da Bahia nos mais importantes jornais do planeta enquanto o governo baiano nos trata como qualquer coisa. Veja algumas das críticas e matérias que tivemos por aqui. Beijos e até final de março. Te deixarei atualizado das coisas pelas bandas de cá. Vavá” Seguem em anexo os recortes de vários jornais americanos de grande circulação, como o New York Time, o Boston Globe e o Dance Magazine.
A única possibilidade de sobrevivência de qualquer regime democrático está na sua oposição.
Caro Dimitri, suas postagens, comentários, observações, além de pertinentes, são cheios de verve.
ResponderExcluirUm abraço amigo de,
Maria da Conceição Paranhos