quinta-feira, 8 de setembro de 2011

RETALHOS 51

É sempre no canto dos jornais que aparecem as notícias mais escabrosas. Um curto artigo com o título “Experiência dos EUA causou 83 mortes” revela algo absolutamente impensável da tão propagada democracia americana. Entre 1946 e 1949 – ou seja, ao sair da II Guerra Mundial – cientistas americanos usaram 5500 pessoas como cobaias, inoculando sífilis e gorroneia em 1300, sem as vítimas saberem. Não na Califórnia ou no Oregon, mas na paupérrima Guatemala. Como todos sabem, a vida de índios não tem a menor importância. E, na mesma época, o mesmo país teve o desplante de julgar os médicos nazistas que fizeram experiências com judeus! Para finalizar, o cientista Stephen Hauser, declara “... Não sabemos até que ponto estas mortes estiveram direta ou indiretamente relacionadas com estes experimentos”. Você, leitor, pode imaginar algo mais cínico que esta declaração? Mas isso, gente, é caso para ser levado a um Tribunal Internacional! Ou não é? É bom lembrar que a mesma bela democracia, que colonizou a Guatemala com a United Fruit Company, é responsável por uma guerra civil que durou 36 anos, matando cem mil pessoas e exilando mais de um milhão.

Pedro Simon, líder da frente suprapartidária de combate a corrupção, não está conseguindo sensibilizar seus colegas. Por que será? Mais, melhor não esquentar a cabeça, porque lá em cima, naquele planeta-modelo de todas as virtudes, não é diferente.

“La voix humaine” foi escrita em 1932 por Jean Cocteau para provar que podia conceber uma peça de teatro sem efeitos nem cenários especiais. Este drama de 45 minutos foi magistralmente musicado por Francis Poulenc em 1959. Muitas sopranos famosas interpretaram a balzaquiana abandonada por outra mais nova. A montagem apresentada no teatro Molière da Aliança Francesa de Salvador nos deu a oportunidade de mergulhar numa ópera densa e muito bem orquestrada, com audaciosas intervenções eletrônicas. Talvez tenha pecado pela escolha de uma soprano muito jovem e com evidentes falhas técnicas. Mas ficou o prazer de ouvir uma composição com um saudável toque de contemporaneidade. (Veja no Garimpo Musical)  

A morte de um bezerro no último final de semana após uma prova de bulldog (?) na Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos amplificou as críticas de entidades de proteção animal sobre maus-tratos no principal rodeio do país. Além de protestar contra a prova do bulldog (na qual o bezerro é imobilizado), ONGs voltaram a questionar o manejo dos animais no rodeio. No bulldog, um bezerro foi retirado da arena carregado após ser derrubado. Ele caiu e ficou imóvel ao ser derrubado por Cesar Bosco. Como não se levantava, precisou ser levado na carroceria de um veículo. Ao ser constatado que ele ficou tetraplégico, foi sacrificado. Os Independentes, entidade que organiza a festa, nega que haja maus-tratos nas modalidades em Barretos. Para a presidente da Uipa (União Internacional Protetora dos Animais), Vanice Orlandi, a crueldade é inerente ao rodeio. Ela diz que um laudo da USP mostra que o bulldog pode provocar hemorragia interna nos bezerros. "A queda forçada do animal pode gerar o rompimento de um órgão." BOL
As duas patas traseiras de um touro travaram na noite deste sábado (27) durante o Barretos Internacional Rodeio. O público na noite era estimado em 50 mil pessoas. O caso aconteceu durante a montaria do peão James Willian Marris. O touro deu cerca de três pulos e caiu com as patas traseiras no chão, de acordo com testemunhas. O animal tentava se levantar, mas estava com as patas paralisadas e saiu da arena se arrastando pelas patas dianteiras. BOL.
O homem continua sendo o mais cruel animal na face da terra. Será que Deus o fez realmente à sua imagem?

Falsas promoções, hotéis vazios anunciados completos, destaque escancarado para os hotéis parceiros... Um sindicato de hoteleiros franceses, apoiado pelo governo, entrou na justiça contra manipulações comerciais desleais dos sites Expedia, Hotels.com e Tripadvisor. As empresas acusadas já estão modificando sua política para não esbarrar no descrédito ou na mais radical interdição.

“A economia americana é corroída, em larga medida, pelo militarismo, alimentado pelos profundos interesses do complexo industrial-militar, que se alastram e se entrelaçam dentro de governo, quer seja republicano ou democrata, com propinas, suborno, pagamento de comissões aos que propiciam as encomendas, e contribuições para a campanha eleitoral dos partidos políticos. A indústria bélica, com toda a cadeia produtiva, constitui outra bolha. Mais dia menos dia deve estourar.  O poderio militar dos Estados Unidos tem limites econômicos.”  Luis Alberto Moniz Bandeira ao jornal A Tarde. 
Continua a queda vertiginosa de Ricardo Teixeira, agora sob possível investigação da Procuradoria Geral da República. Muitos duvidam que se segure até a Copa do Mundo. 
                                       
O tenor Ramon Vargas deu uma aula de Bel Canto no TCA. Pena a OSBA ter roubado boa parte do tempo de apresentação com excesso de aberturas e intermezzos,  impedindo o famoso mexicano de cantar quatro árias. O programa escolhido também poderia ter sido menos básico. Duvido que, no Metropolitan, ouse brindar o público com estas redundâncias. E aquela tarantela rossiniana – e em bis! – francamente... Por que não cantou o Barbeiro de Sevilha, quando Rossini deu o melhor de si? Mesmo assim, não houve como não se deixar seduzir pelo domínio e potência da voz. Bravo!





Nos comentários deste blog “Olá, Ganhei de herança um quadro deste pintor que meus pais ganharam de presente de casamento. Laiana Santos Wawzyniak”, muito fácil, Laiana: seus pais são velhos amigos meus, do tempo do Mercado Modelo, e este quadro fui eu que ofereci como presente de casamento! Mande um abraço a Valentim, seu pai!

Finalmente, fui descobrir o restaurante português Casa Lisboa. Pode-se afirmar sem medo que este é o único em Salvador que apresenta um cardápio de essência lusitana. O cenário poderia ter mais identidade, o cardápio evidenciar os peixes das carnes, a longa e farta adega mereceria uma carta mais formal e clara e o vinho tinto não deveria chegar a uma temperatura... islandesa. De resto, o patrão atencioso e discreto, o serviço é bom, os pratos generosos – cansei do minimalismo da nouvelle cuisine mal interpretada – e a cozinha caprichada. Pela primeira vez comi, na Bahia, um excelente bacalhau, digno do Gambrinus. Só me fez falta o toucinho do céu.
Apareceu no jornal A Tarde e em alguns canais de televisão uma notícia escabrosa: a cúpula do Poder Judiciário cogitaria aumentar seus parcos salários de R$26.000,00 para míseros R$34.000,00 (números aproximados) gerando uma despesa em cascata para o contribuinte de mais uns insignificantes 7 bilhões. Posso lembrar a estes digníssimos doutores o estado vergonhoso de nossas prisões, onde seres humanos são amontoados que nem galinha de aviário? Sem possibilidade de educação, profissionalização e futura reinserção na sociedade. O que temos no Brasil, salvo raras e honrosas exceções, são fábricas de bandidagem, escolas do crime.  O leitor já imaginou o que se poderia construir de cárceres decentes com 7 bilhões? Os presos são seres humanos que precisam ter uma chance de serem úteis à sociedade. Com esta dinheirama, o crime poderia ser em boa parte reduzido a níveis mais aceitáveis. Porque, do jeito como tratamos esta gente, só teremos mais criminalidade, mais magistrados e juízes pedindo cada vez mais dinheiro e o povo cada vez mais trancafiado por trás de suas residências engradadas.

Noite excepcional de jazz no TCA com o quarteto Branford Marsalis. Quando temos a sorte de receber músicos deste calibre, não dá para entender porque a sala não fica abarrotada. Boa música, seja popular ou erudita, é puro deleite. Quando os músicos se despediram, olhei para meu relógio e constatei que tinham tocado 75 minutos. E eu convencido de que ainda teríamos meia hora de prazer!


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