Augusto Sampaio
Em recente artigo (ATarde, 28/11/15), ilustre médico distribuiu
puxões a torto e a direito, quase arrancando as orelhas de um juiz e dos colegas
em geral. Sem ele, o dilúvio?
Dentre as reprovações, bradou contra a
fosfoetenolamina, droga de possível efeito anticâncer, mas não liberada pela
Anvisa. Penso de modo semelhante, mas os desesperados devem ter voz. Sabine
Righetti, jornalista e doutoranda em política científica pela Unicamp declarou: “sou cientista, sim, mas
também a filha de Carmen e sei que é insuportável ver a minha mãe – sempre tão
falante, animada e forte como uma típica alemã – definhar… que se danem os
protocolos científicos”.
Tornada famosa, a substância já era conhecida dentro
da USP há pelo menos 10 anos, mas somente agora é que foi exposta ao respeitável
público sua presumida ação anti-câncer.
Daí, os desenganados ou perto disso,
passarem a implorar por ela, sem saber
que o uso em humanos depende de uma cadeia de testes. Claro que assim deve
ser, mas, uma pergunta: para os doentes que recentemente conheceram esse
potencial medicamento inteiramente fabricado em nosso país, já desesperançados,
aplicar-se-ão todos os rigores da técnica?
Presumidos riscos estarão acima do
direito de uma inesperada chance de sobreviver? Ora, se não adotamos a pena
capital e consta que foram realizados ensaios em animais, os enfermos graves terão
que, resignados, aguardar conclusões que podem levar anos?
Experimentos em anima nobili obrigam a dar
conhecimento prévio ao doente sobre possíveis riscos, tudo documentado, com a assinatura
do paciente e/ou de um familiar próximo e com testemunhas. Neste caso, caberia
também à justiça zelar pelos moribundos? Obviamente sim, ainda que a ciência considere
serem os resultados, imprecisos. Diante disso, o certo seria disponibilizar cuidadosamente
a fosfoetanolamina, sem negligenciar a continuação das pesquisas.
Depois de o STF ter concedido liminar favorável a um
paciente, o desembargador José Renato Nalini, do STJ, retificou sua decisão que
vetava o acesso público à droga. Deve ter concluído que a compaixão, gêmea da
esperança, pode e deve sensibilizar a justiça.
Sentenciou: “não se pode ignorar os relatos de pacientes que apontam melhora
no quadro clinico”. Agora, o governo paulista solicitou ao Ministério da Saúde
o uso compassivo da droga, decerto pelo erro estratégico da USP.
Ainda sobre ouvidos, os meus arderam ao ler,
horrorizado, outras censuras, agora pelas dosagens da vitamina D sem provas de
seus benefícios e por receitarmos esse nutriente mais do que antes. Sem espaço
para o contraditório, reconfirmo: as evidências da importância da vitamina D, no
fim sintetizada como hormônio, nos rins, são incontestáveis.
A quem interessar possa, sugiro acessar regularmente o
Vitamin D Council, criado e dirigido pelo médico americano, John Cannell. O Google
ajudará, sem puxões de orelhas.
Augusto Sampaio
asampaio56@gmail.com
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