quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

A MINISTRA DOS AGRO-TÓXICOS

AINDA NÃO ENTENDI ESTA ESCOLHA.
ESTOU PROFUNDAMENTE CHOCADO!



MINISTRO OLÍMPICO


 Ao montar seu novo ministério, a presidente Dilma tirou Aldo Rebelo do Esporte e o levou, com cartilha e tudo, para o de Ciência e Tecnologia. E, para o lugar de Rebelo, escalou o deputado mineiro, radialista, pastor evangélico, teólogo e animador de auditórios George Hilton. Houve quem se "estarrecesse" com isso. Outros viram um lado positivo: como Dilma só o escolheu para açucarar seu partido e garantir que este lhe dará vida mansa no Congresso, ele não deverá ficar muito tempo no cargo. Um ano, talvez.
Ah, bom. Mas, em um ano, o pastor Hilton terá se habilitado para comandar a versão mais ambiciosa dos Jogos Olímpicos desde Aquiles? Durante 16 dias em 2016, o Rio receberá 10.500 atletas de 205 países, que disputarão 302 eventos em 39 modalidades. Só a Vila Olímpica comportará 17.500 hóspedes; 22 mil jornalistas credenciados se espalharão pela cidade; e 70 mil bravos voluntários tentarão fazer com que ninguém tome o bonde errado.
Não sei se a garantia de que, no fim, tudo dará certo caberá ao COI (Comitê Olímpico Internacional), ao COB (Comitê Olímpico Brasileiro), à Prefeitura do Rio, ao Ministério do Esporte ou se um pouco a cada um ou apenas aos três primeiros. Porque, desde que se decidiu, há anos, que os Jogos seriam aqui, o dito ministério não conseguiu sequer criar um clima olímpico no país, para estimular a prática de certas modalidades e o surgimento de atletas de alto nível.
Dizem que, mesmo em futebol, o pastor Hilton mal sabe quem é a bola. Suas especialidades são levantamento de peso (foi apanhado num aeroporto com R$ 600 mil em dinheiro dentro de caixas) e corrida com barreiras (tem 14 processos judiciais nas costas em Minas Gerais, envolvendo cobranças, disputas e calotes).

Sua teologia deve ser a da libertação --quase todos esses processos foram arquivados. 

APPLE E TRABALHO ESCRAVO

BBC mostra condições degradantes em fábrica de iPhone e Apple responde: ‘profundamente ofendidos’

Emissora flagra jornadas de trabalho de até 16 horas e menino de 12 anos em mina. ‘Nós podemos melhorar. E o faremos’, rebate empresa



LONDRES — Um programa exibido pela BBC nesta quinta-feira está causando mal-estar entre a emissora e a Apple. A reportagem “Apple quebrou as promessas” mostrou as condições degradantes às quais os funcionários de uma fábrica da Pegatron em Xangai — que produz iPhones 6 — estão submetidos, como longas jornadas de trabalho e ausência de descanso semanal. Em uma mina de estanho na Indonésia, os jornalistas flagraram crianças trabalhando. Em e-mail assinado por Jeff Williams, vice-presidente global de operações, a empresa mais valiosa do mundo rebateu as acusações e se disse “profundamente ofendida”.

Repórteres da emissora britânica conseguiram se infiltrar como funcionários e mostraram turnos exaustivos de 12 horas diárias de trabalho, que em alguns dias chegaram a 16 horas, sem que os trabalhadores pudessem optar por não cumprir as horas extras. Um dos jornalistas foi obrigado a trabalhar por 18 dias seguidos, sem direito a qualquer folga.
— Mesmo que estivesse com fome, eu não conseguia me levantar para comer. Só queria deitar e descansar — relatou um repórter.

As condições dos dormitórios também impressionaram a reportagem. Num quarto minúsculo, 12 trabalhadores tentam conseguir espaço para descansar. Nas imagens é possível ver vários trabalhadores dormindo, esgotados, na linha de montagem. Em dado momento, um superior avisa sobre o risco de morrer eletrocutado pelos equipamentos.
Em e-mail enviado a 5 mil funcionários no Reino Unido e publicado pelo jornal “Telegraph”, a Apple acusa a emissora de ter omitido o posicionamento da empresa.

“Eu gostaria de mostrar fatos e outra perspectiva, que nós compartilhamos com a BBC com antecedência, mas que ficaram claramente ausentes do programa” afirmou Williams.
A BBC afirma que a Apple se negou a conceder entrevista para o programa.
Segundo o executivo, a “reportagem do Panorama supõe que a Apple não está melhorando as condições de trabalho”. “Deixe-me dizer uma coisa, nada está tão distante da verdade”. Williams afirma que há poucos anos, trabalhadores excediam as 60 horas semanais, sendo que mais de 70 horas era algo comum. Agora, a companhia ratreia os horários de mais de um milhão de trabalhadores e os fornecedores alcançaram índice de 93% de conformidade com o limite de 60 horas.

“Nós ainda podemos melhorar. E o faremos”, disse Williams.
A companhia diz manter 1,4 mil funcionários próprios na China gerenciando e supervisionando as operações dos fornecedores. Este ano, foram realizadas 630 auditorias na cadeia produtiva da Apple, com entrevistas a funcionários.
“A realidade é que nós encontramos violações em todas as auditorias que fizemos, não importa o quão sofisticada é a companhia. Nós encontramos problemas e implementamos melhorias”, afirmou o executivo.

A equipe de repórteres também visitou minas de estanho na Indonésia e flagraram crianças trabalhando em situação de alto risco. Rialto, um menino de 12 anos, trabalhava ao lado do pai dentro de uma cratera de 20 metros de profundidade:

— Eu tenho medo com os deslizamentos de terra. Isso pode acontecer — disse o menino à reportagem.
A Apple confirma as condições precárias entre os mineiros na Indonésia, mas justifica o uso do estanho lá explorado em seus produtos dizendo que está organizando os trabalhadores para melhorar suas condições:

“A Apple tem duas opções: nós poderíamos comprar estanho de fundições fora da Indonésia, o que provavelmente seria a medida mais fácil e nos protegeria das críticas. Mas seria o caminho preguiçoso e covarde, porque não faríamos nada para melhorar a situação para os trabalhadores indonésios, já que a Apple consome apenas uma pequena fração do estanho lá explorado. Nós escolhemos o segundo caminho, que é ficar e tentar conduzir uma solução coletiva”.


L

SIMPLES ASSIM

SE TIVESSE FALADO A VERDADE, 
DILMA TERIA SIDO REELEITA?


Ricardo Noblat

De Dilma, em 22 de outubro deste ano, às vésperas de se reeleger por uma vantagem modesta de votos:
- As pessoas são o centro do meu governo como foram o centro do governo Lula. Vamos mostrar que este país não vai voltar atrás. As duras conquistas não serão tiradas de nós.
De Dilma em mais de uma ocasião da campanha no primeiro e no segundo turnos:
- A inflação está sob controle. Não vou aplicar os métodos do PSDB. Não estou aqui para aumentar os juros e desempregar ninguém.
Da reeleição para cá, o Banco Central já aumentou os juros duas vezes. E a impressão digital do PSDB apareceu com nitidez no pacote de medidas anunciado, ontem, para organizar as finanças do governo que a presidente jamais admitiu que estivessem desorganizadas.
O pacote reúne mudanças que atingem o abono salarial, o seguro-desemprego, o seguro-desemprego dos pescadores artesanais, a pensão por morte e o auxílio-doença.
No blog do Planalto - e também no blog da Dilma -, o duro ajuste fiscal bancado por Joaquim Levy, futuro ministro da Fazenda, e destinado a economizar no próximo ano R$ 18 bilhões, foi apresentado sob a manchete: “Governo corrige distorções na concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários”.
Quem diria que benefícios conquistados pelos brasileiros que mais precisam seriam chamados de “distorções” por auxiliares de Dilma. Quem diria que Dilma e sua turma se valeriam da receita do PSDB para pôr a casa em ordem.
Estelionato é, segundo o Dicionário do Aurélio, o “ato de obter, para si ou para outrem, vantagem patrimonial ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo em erro alguém, por meio fraudulento”.
Substitua “vantagem patrimonial ilícita” por “vantagem eleitoral ilícita” para ter uma ideia do que cometeu Dilma na campanha em que se reelegeu.
Ela negou tudo ou quase tudo que começou a fazer para governar outra vez. Simples assim.

VOCÊ PODERIA VIVER COM TÃO POUCO?

Assembleia aprova aumento de salário de governador, vice, secretários e deputados

por Alexandre Galvão / Rebeca Menezes
Assembleia aprova aumento de salário de governador, vice, secretários e deputados
Foto: Max Haack / Ag. Haack / Bahia Notícias
A partir de 1º de janeiro de 2015, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), o vice, João Leão (PP), os deputados estaduais e os secretários irão ganhar mais. 

A Assembleia Legislativa da Bahia aprovou, nesta segunda-feira (29), por unanimidade o reajuste. Com a decisão, os salários dos parlamentares baianos passarão dos atuais R$ 20.042,44 para R$ 25.322,53 – o que representaria um impacto de mais de R$ 20,5 milhões aos cofres baianos. 

Já o governador eleito Rui Costa receberá, mensalmente, cerca de R$ 22 mil, enquanto o vice-governador e os secretários, na mesma época, passarão a receber quase R$ 19 mil. 

Também foi aprovado por unanimidade pelos deputados um projeto que garante segurança e motorista para os ex-governadores do Estado. 

As aprovações são válidas a partir de 1º de janeiro de 2015.

NARUH PAYNE...

... ESTÁ EM MINHA CASA.


VILLA-LOBOS: BACHIANA


NABUCO: CORO DOS ESCRAVOS


ODE Á ALEGRIA


ABSOLUTA FELICIDADE

Exibindo digitalizar0001 (1).jpg

MUITO BEM BOLADO, O DESENHO DO AMIGO PASQUALINO MAGNAVITA!

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

NEDERLANDS DANS THEATER


FÉ?


Os familiares dos executivos presos na operação Lava-Jato vão visitá-los na carceragem da PF em Curitiba usando camisetas onde se lê FÉ!

FÉ em quê ou em quem? 

FÉ na justiça? No Ministério Público? Em Dilma? Na boca fechada dos outros indiciados? Na atuação da polícia? No juiz Sergio Moro?

Será que essas pessoas rezam para o mesmo Deus para o qual nós rezamos?????

DEIXE A CRIANÇA MORRER!

CHOCOLATE, CHOCOLATE!

ACIMA DE QUALQUER IDEOLOGIA, A GULA UNE OS POVOS E AS SOCIEDADES
SE FALANDO EM CHOCOLATE, ENTÃO, A UNANIMIDADE SE TRANSFORMA EM ORQUESTRA SINFÔNICA!
SE ALGUM DIA O LEITOR EXIGENTE EM MATÉRIA DE CHOCOLATE FOR A PARIS. NÃO PERCA TEMPO. 
NA RUA DE RIVOLI, TEM DOIS TEMPLOS.

O PRIMEIRO É A CASA DE CHÁ ANGELINA, LENDÁRIO ENDEREÇO ONDE, CADA DIA OS FREQUENTADORES FAZEM FILA PARA BEBER UM CHOCOLATE QUENTE 

ACOMPANHADO DE UM "MONT BLANC", CREME DE CASTANHA COM CHANTILLY.


OUTRO ENDEREÇO, CONHECIDO DE TODOS OS CHOCOLATROS(?) É 

                        LA MAISON DU CHOCOLAT

TUDO ISSO QUE CONFESSAR QUE ACABO DE RECEBER ESTA CAIXA DE CHOCOLATE!


ECONOMIA COMPARTILHADA

Feliz 2015, 
com uma Economia Compartilhada


LOUANE EMERA

ESTA JOVEM CANTORA FRANCESA É A REVELAÇÃO
~COMO ATRIZ - 
DO FILME "A FAMÍLIA BÉLIER"


POR TRÁS DE WAGNER E DILMA

A presidente e sua criatura

ESQUEÇAM OS DOIS RETRATADOS 
E OBSERVEM O QUADRO DO FUNDO:
É UM GRANDE - PARECE MUITO GRANDE - 
QUADRO A ÓLEO DO ARTISTA SERGIPANO
FARÓLEO. COM QUEM TRABALHEI, 
NA MINHA GALERIA, DE 1975 A 1987, 
DATA EM QUE FALECEU.

FERNANDO CONCEIÇÃO: DEFESA

Quem nos defenderá do novo Ministro da Defesa?

NA VEZ ANTERIOR em que um ex-governador da Bahia, Waldir Pires (PT), foi nomeado comandante do Ministério da Defesa, os resultados foram os piores possíveis.
Em curto espaço de tempo (31/03/2006 a 24/07/2007) o Brasil assistiu duas catástrofes aéreas, com 353 mortos. Familiares desesperados, movimentos de insubordinação de setores da cúpula e de subalternos das Forças Armadas, greve de controladores de tráfego aéreo.
Lula, o presidente em pessoa, atropelou a hierarquia da Aeronáutica, cedeu à chantagem de grupos corporativos de militares e demitiu pela imprensa seu ministro. Que hoje é um das quatro dezenas de vereadores de Salvador.
A presidente e sua criatura
A presidente e sua nova criatura
A partir desse 1º de janeiro de 2015 o país tem outro ex-governador da Bahia no mesmo posto, Jacques Wagner (PT). Uma reincidência temerária.
Seus antecedentes no trato com as lideranças dos Policiais Militares no Estado, os índices de descontrole da violência e a alta taxa de criminalidade que seus 8 anos de governo ostentam, sugerem uma coisa em sua indicação: Dilma Rousseff procura sarna para se coçar.
Presidente eleita e reeleita nomeia quem quiser. Montou agora um Ministério Frankenstein. Com todos os ingredientes de um corpo desconjuntado. Se funcionará e até quando, veremos.
Jacques Wagner não soube negociar com os policiais. Prova? Durante sua gestão os baianos foram sacrificados com duas grandes greves desses agentes públicos armados. A anarquia, a bagunça, o medo, a depredação e as vinditas ganharam as ruas, acuando a população. O sangue, principalmente preto e pobre, jorrou às escâncaras.
Como consequência política nessa área, o conselheiro de Dilma colheu dois frutos amargos. A derrota eleitoral para a Prefeitura de Salvador em 2012 (ACM Neto bateu a máquina petista), é um desses.
O segundo é a afirmação de um policial afastado, Marco Prisco (PSDB), como liderança emergente no associativismo da corporação. Ainda agora, mesmo preso por decisão do Supremo Tribunal Federal, o “Soldado Prisco” obteve 108.104 votos que o tornaram um dos mais bem votados deputados estaduais em 2014.
De 2007, quando assumiu o governo estadual, até hoje, quando deixa para assumir um Ministério da República, Wagner coleciona números sombrios de assassinatos no Estado. Números que sempre vieram em crescendo.
Recentes publicações frutos de estudos sérios, que podem ser acessadas aqui, e aqui e ainda aqui, demonstram ser a Bahia um dos Estados brasileiros onde mais ocorre mortes violentas. De civis. E também de policiais.
Eleito vereador na greve de 2012, o líder da PM "Soldado Prisco" sai-se vitorioso para a Assembléia em 2014
Eleito vereador na greve de 2012, o líder da PM “Soldado Prisco” sai-se vitorioso para a Assembléia em 2014
O discurso oficial de seu governo é o de colocar a responsabilidade nas vítimas que, complementa a falácia, são tragadas pela “guerra do tráfico de drogas”. Guerra essa que, infelizmente, parece, seu governo perdeu.
Ao reconhecer em entrevista que – para além das milícias – as organizações do crime organizado se entranharam pelos territórios da Bahia, cujas fronteiras porosas são um convite ao negócio, o governo baiano admite sua derrota.
Com pesar se faz essa constatação. E maior pesar ainda por se saber que essa politica de morticínio e de insegurança tende a continuar.
O pupilo de Wagner feito governador, Rui Costa, manterá o mesmíssimo secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa. Quanto torcemos para essas observações serem por eles contrariadas, se revelarem infundadas e erráticas!
Wagner no Ministério desde esse 1º de janeiro fará diferente do ex-governador baiano que o antecedeu no posto?

A INTELIGÊNCIA POLÍTICA DO GOVERNO DILMA

 "A inteligência política 
do governo Dilma é precária"
Murillo de Aragão
O cientista político e consultor que orienta banqueiros e empresários no Brasil e no exterior explica por que o Congresso reage ao Planalto
FELIPE PATURY E MARCELO SPERANDIO
29/12/2014 08h00

Antes de tomar decisões envolvendo o Brasil, os gestores de 80 fundos de investimento escutam o cientista político Murillo de Aragão. Fundador da consultoria Arko Advice, Aragão mantém uma clientela de grandes bancos e multinacionais. Todos querem examinar os desafios que o governo Dilma Rousseff tem pela frente e suas chances de superá-los. Aragão deixa claro que Dilma precisará de mais perícia do que tem mostrado até agora. “Ela precisa recuperar a economia, dialogar mais e melhor com sua base no Congresso e isolar a Petrobras do petrolão.” Depois de uma conferência com 200 clientes de Cingapura, o autor de Reforma política, o debate inadiável concedeu a seguinte entrevista.

ÉPOCA – Que desafios a presidente Dilma Rousseff enfrentará em 2015?

​Murillo de Aragão – Ela precisará resolver de forma eficiente três heranças do primeiro mandato. A primeira: a economia está malparada, porque a credibilidade fiscal foi seriamente abalada. A segunda herança é a questão política, que nunca foi bem resolvida em sua gestão. O apoio dos políticos ao governo Dilma sempre foi instável. Isso foi agravado pela eleição, porque, nos Estados, houve disputa entre os aliados do Planalto. A terceira herança é o petrolão. No fundo, ele trata da forma de como se faz política no Brasil. Ela precisará recuperar a economia, dialogar mais e melhor com sua base no Congresso e isolar a Petrobras do petrolão.

ÉPOCA – Quais são os riscos econômicos?

Aragão – Os riscos estão em duas dimensões: a situação real e a sensação térmica. Em 2014, a economia não foi bem, mas a sensação térmica era confortável. Por isso, não atrapalhou muito o desempenho eleitoral de Dilma. Se a sensação térmica da economia piorar em 2015, a popularidade dela, que vem crescendo, poderá começar a cair. Para que Dilma tenha autoridade diante do Congresso e força eleitoral para indicar seu sucessor em 2018, é essencial que as expectativas econômicas sejam minimamente positivas.

>> Marcos Mendes: "Um Estado grande não reduzirá a desigualdade"

ÉPOCA – O senhor pode fazer uma análise mais detalhada do risco político?

Aragão – Há um ponto de interrogação no Congresso por causa de duas questões. Uma é de aspecto formal: as eleições para as presidências da Câmara e do Senado. A outra questão está relacionada ao alcance das investigações do petrolão. Se elas tiverem o caráter devastador que muitos sugerem, o petrolão afetará a elite parlamentar brasileira. Algumas das principais lideranças do Congresso poderão ser atingidas pelas investigações. Esse é um problema que se torna ainda maior dentro de um governo com deficit político.

ÉPOCA – O que o senhor quer dizer com deficit político?

Aragão – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou uma base política grande, que o protegia e tinha autonomia propositiva. Era um governo com força para propor e ser atendido pelo Congresso. Essa base era mantida por um diálogo eficiente. Lula tinha disposição para a conversa com as lideranças políticas, empresariais, sindicais e de movimentos sociais. Existia um software de diálogo, que facilitava o trânsito do governo com o Congresso e com a sociedade. No governo Dilma, essa dinâmica perdeu as qualidades que tinha. O relacionamento entre o governo e o Congresso se tornou cada vez mais áspero, marcado pela  impaciência de lado a lado. É esse o deficit político de que falo. Ele aumentou com a eleição, porque muitos aliados do governo no plano federal se sentiram traídos ou esquecidos nas disputas estaduais. Houve a sensação de que a relação do PT com os demais partidos não era confiável. Dilma entra em 2015 com um sério deficit político.

ÉPOCA – Houve um governo que começasse cercado por tantas incertezas?

Aragão – O início do segundo governo Dilma guarda relação com o segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e com o primeiro mandato de (Luiz Inácio) Lula (da Silva). No caso de Fernando Henrique, a base política auxiliou o presidente a recuperar o país de uma crise cambial. Lula tinha amplo apoio popular, acabara de ser bem eleito. Isso o ajudou a encarar a questão financeira e a resgatar a credibilidade econômica. Dilma começa o novo mandato com desafios bem maiores que os antecessores. Poderá haver uma conjunção horrível para ela mais à frente: a economia pode ir mal, a popularidade pode cair e o apoio no Congresso pode ser perdido. É a tempestade perfeita.

ÉPOCA – O governo não tem instrumentos para ultrapassar essa turbulência?

Aragão – Em tese, sim, mas a inteligência política do governo Dilma é precária, com uma sucessão de erros incrível. É diferente dos mandatos de Lula, que exibiram um elevado quociente de inteligência política. Observe que, entre as gestões de Fernando Henrique e Lula, os parlamentares ficaram 12 anos sem votar vetos presidenciais. Com Dilma, o governo irritou tanto o Congresso que ele passou a votar os vetos presidenciais. É um absurdo o Parlamento se eximir dessa responsabilidade? Sim, mas ele estava acomodado. O Congresso só saiu da letargia porque estava aborrecido com o governo Dilma. Outro exemplo é o orçamento impositivo. Ouço falar dele há 30 anos. Só agora esse debate avançou. Por quê? Porque o Congresso se sente rebaixado em sua relação com o Planalto. São ações de retaliação, decorrentes da falta de inteligência política do atual governo.

ÉPOCA – A ameaça de uma crise detonada pelo petrolão, com uma sequência de processos de cassação no Congresso, poderá impulsionar a reforma política?

Aragão – Toda vez que surge uma crise, se fala na reforma política. Com isso, nas últimas décadas, ela vem ocorrendo em fatias. Parece que, agora, existe um interesse maior dos atores políticos em fazê-la. Há um movimento na sociedade, liderado por algumas entidades, a favor da reforma. O petrolão quebrou o modo como a política brasileira e as campanhas eleitorais foram financiadas até hoje. É necessário partir para um novo modelo. Não é possível que um país como o Brasil gaste R$ 5 bilhões em campanhas eleitorais, como ocorreu em 2014. Precisamos impor um limite para essas despesas. O teto deveria ser definido em lei. Quem o ultrapassasse deveria ser cassado. Também seria bom fazer coincidir os calendários das eleições municipais, estaduais e presidencial. O país se mobilizaria de uma vez só e daria um horizonte de mais estabilidade aos governos eleitos. O Congresso funcionaria melhor. Outra coisa: grande produção legislativa não significa qualidade legislativa. Não se deve medir a eficiência do Parlamento pelo volume de leis aprovadas. Os avanços democráticos precisam ser preservados. Se for mantido o atual sistema político, a degradação será inevitável.

ÉPOCA – É possível que um Congresso composto de 28 partidos tenha um bom fluxo de trabalho?

Aragão – Possível é, mas é difícil. Exige uma perícia que a gente não conhece. Nosso sistema partidário é gelatinoso. A lei atual permite que novos partidos sejam criados para “pescar” parlamentares noutras legendas e, depois, sejam fundidos em outros mais velhos. É uma forma de os parlamentares eleitos por um partido mudarem para outro sem perder o mandato. É tudo legal, mas é uma fraude.

ÉPOCA – Caso a reforma política seja esquecida, o sistema político poderá ser empurrado para mudanças autoritárias?

Aragão – Não vejo a possibilidade de um autoritarismo de forma clássica, como uma volta dos militares ao poder. Percebo que a disfunção democrática agravará o autoritarismo que hoje já existe na relação entre o Estado e a sociedade. O autoritarismo se manifestará com o caráter subalterno do cidadão perante o Estado, com a prevalência dos interesses das corporações sobre o bem comum, com a apropriação do interesse público em detrimento do interesse da sociedade, com o sequestro da política pelos políticos. Essas soluções autoritárias representam os maiores desafios para o Brasil. Se não melhorarmos o sistema político, a disfunção se agravará.

ÉPOCA – O resultado da eleição presidencial mostra que surgiu um antipetismo no país?

Aragão – Sim, especialmente no eleitorado mais urbano e instruído. Ao mesmo tempo, também houve um volume de abstenções, de votos brancos e nulos. Isso deve ser considerado. O que há não é um país dividido em dois, mas em três. A gente vive um paradoxo. De um lado, temos uma presidente reeleita com a maioria dos votos. Do outro, a maioria do eleitorado não está engajada a favor dela. É um governo que agrada muito, mas também desagrada muito. A situação é complicada para Dilma. No Brasil, o presidente sempre ganhou pelo consenso. Pela primeira vez, a eleição foi vencida pelo dissenso. 

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SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO?

Em Brasília, tenente dá voz de prisão a funcionário da TAM após perder voo

Ele e a mulher se atrasaram por causa de troca de portão de embarque.
Casal diz ter sido alvo de chacota; funcionário afirma que foi agredido.

Área interna do Aeroporto JK, em Brasília (Foto: Jua Pita/Inframerica/Divulgação)

Um tenente da Aeronáutica deu voz de prisão a um funcionário da TAM na manhã desta segunda-feira (29) depois de se atrasar e encontrar os portões para embarque fechados no Aeroporto Internacional de Brasília. Ele estava acompanhado da mulher e afirma que o homem fez chacota da situação deles. O funcionário nega e diz que foi agredido pelo casal.
O caso é investigado pela Polícia Civil. Em depoimento prestado à corporação, o casal conta que aguardava o embarque no portão 29 e só foi avisado da transferência para o portão 19 ao pedir informações no balcão. O tenente e a mulher embarcariam para Curitiba (PR).
Os dois foram os únicos dos 163 passageiros a não embarcar no voo. Em nota, a TAM afirma que o funcionário agiu conforme as orientações da empresa e declarou que ele não será punido.
A Polícia Federal chegou a dar suporte, depois de ser acionada pela administração do aeroporto. Os envolvidos foram ouvidos na 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) e liberados em seguida.Procurada pelo G1, a Força Aérea Brasileira disse que ainda não tinha sido oficialmente informada sobre o caso. Por isso, afirmou, não podia comentar o assunto.
Maranhão
O caso lembra o do juiz Marcelo Baldochi, titular da 4ª Vara Cível de Imperatriz, no Maranhão, que, no começo do mês, deu ordem de prisão a três funcionários também da TAM ao ser impedido de pegar o voo após o término dos  procedimentos de embarque.
No último dia 17, o juiz foi afastado do cargo enquanto o caso é analisado pelo Tribunal de Justiça do Maranhão. Cabe recurso à decisão, mas Baldochi só podera reassumir suas funções se houver nova decisão permitindo a volta dele ao cargo.
Um dia antes, ele prestou depoimento à Corregedoria de Justiça do Maranhão, mas as declarações dele não foram tornadas públicas. O G1 não conseguiu contato com o magistrado.
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