terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

ESMAGADOS NA CÂMARA

Dilma e PT 

esmagados na Câmara


por Samuel Celestino
Dilma e PT esmagados na Câmara

Foto: Agência Brasil
O que neste domingo aconteceu no Congresso Nacional – Câmara e Senado – era de certo modo esperado, mas não da forma como se manifestou, como de há muito não ocorre em tempos de democracia, depois do sepultamento da ditadura militar. O governo Dilma e o principal partido que a sustenta, o PT, foram esmagados na Câmara com a vitória estonteante de Eduardo Cunha, do PMDB, que ganhou sem necessitar do segundo turno. 
Não foi apenas a vitória que demonstrou a situação em que se encontra o governo da República. A presidente de tudo fizera inclusive mobilizar seus ministros, para eleger o deputado petista Arlindo Chinaglia, cuja votação foi desmoralizante, derrubando o Palácio do Planalto. Esperava-se, a princípio, uma decisão em segundo turno entre os dois principais candidatos à presidência. Quando os votos foram contados espraiou-se a estupefação: Cunha ganhou em primeiro lugar, com desmoralizantes 267, mais do que a metade dos votos da Câmara, contra meros 136 votos de Chinaglia e, para piorar, 100 votos de Júlio Delgado que foi ajudado pela oposição, representada pelo PSDB, que pretendia votar em Cunha no segundo turno. 
Não foi uma desmoralização para o deputado derrotado, mas, sim, para o Palácio do Planalto, para Rousseff e o PT e partidos aliados. De tudo foi feito para derrotar Cunha, só não se esperava que desse justo o inverso com a desmoralização do governo. 
Cunha desde o início se lançou candidato, mas não para fazer oposição à presidente. Queria acabar com a submissão da Câmara dos Deputados ao governo da República. O PT perdeu todos os lugares na Mesa da Câmara, e Rousseff já não está mais em condições de impor nada ao Legislativo, ao contrário, ficará refém, porque seus projetos só serão aprovados os que forem do interesse da nação. Perde ainda o mando que sempre ocorreu do Executivo sobre o Legislativo, que agora é livre. De igual maneira se observou no Senado, embora o senador Renan Calheiros fosse apoiado por Dilma. 
Mas o PT, que nele votou, e o governo não arrastaram uma palha, por estarem centrados no resultado da Câmara dos Deputados. Deu-se que o senador, também do PMDB, Luiz Henrique, recebeu nada menos de 31 votos, contra 49 de Calheiros, que deve estar se retorcendo em dores o que pode considerar traição do Palácio do Planalto. O PMDB (que já comandava) vai continuar comandando as duas Casas, mas com o fim da submissão na Câmara. 
O PT fica de fora da Mesa Diretora pela primeira vez desde que chegou ao poder da República e, de resto, o futuro, como se utiliza no jargão político, “a Deus pertence”. 
Foi uma derrota esmagadora, total, absoluta.

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