Quando cheguei na Bahia – 21 de Maio de 1975 – comecei por me
hospedar durante umas semanas no Barra Turismo Hotel. Localização perfeita não
fosse que choveu a cântaro o tempo todo. Noites incluidas.
Depois me mudei para um palazzo: quarto e sala na Avenida
Princesa Isabel. O tédio. Seis meses.
Até que descobri uma cobertura na decadente rua do Passo. Dois magníficos terraços, um com vista para o mar, outro para o
Pelourinho. Fazia o impossível para chegar antes do pôr-do-sol. Os últimos
raios pintavam de dourado a fachada da igreja do Rosário. Orgia de
beleza.
Em 1985, comprei o casarão onde moro até hoje. Estava a
venda havia mais de dois anos. Abrigara a Hora da Criança e ainda voavam
os amáveis fantasmas de tantos músicos que lá foram ouvidos e estudados.
Não vou agora contar o que foram estes 38 anos –e mais! – de
vida íntima com este centro de todos os desprezos. Quando, ao princípio, achava
essencial freqüentar a “sociate”, que aliás nunca me aceitou totalmente, pois
eu escapava aos critérios requeridos. Senti a estranheza e até a
rejeição de morar nesta parte da cidade.
Não demorou dois anos até eu
entender que aquela não era minha praia. Sai das colunas sociais e me
concentrei no meu micro-reinado onde pude receber aqueles que eram realmente
importantes: os que fazem progredir uma civilização.
Recebi de Zubin Mehta a Jacqueline Bisset, passando por um rosário de princesas, duques e marqueses. Em outras circunstâncias, vieram Gil e Caetano, Marieta Severo e Regina Casé. Adélia Prado e Fernando Morais, Lindenbergue Cardoso e Ernst Widmer, Carybé, Alícia Alonso e os solistas da Orquestra Filarmónica de Moscou. Sem falar de meus fiéis amigos, a prata da casa, Tota e Teca, Elena Rodrigues, Fred Dantas, Mário Ulloa e tantos outros que tornariam fastidiosa esta lista.
Recebi de Zubin Mehta a Jacqueline Bisset, passando por um rosário de princesas, duques e marqueses. Em outras circunstâncias, vieram Gil e Caetano, Marieta Severo e Regina Casé. Adélia Prado e Fernando Morais, Lindenbergue Cardoso e Ernst Widmer, Carybé, Alícia Alonso e os solistas da Orquestra Filarmónica de Moscou. Sem falar de meus fiéis amigos, a prata da casa, Tota e Teca, Elena Rodrigues, Fred Dantas, Mário Ulloa e tantos outros que tornariam fastidiosa esta lista.
E o bairro de Santo Antônio continuava
ignorado pelos elegantes tupiniquins.
Mas a esta altura, eu podia esnobar os bairros ditos nobres de Salvador.
Aos poucos foram chegando.
Primeira safra, os estrangeiros que se encantaram com o ambiente de vila
provinciana. Aqui investiram suas economias para abrir pequenas pousadas e
oferecer empregos. Algumas bem sofisticadas, sempre preocupadas em manter o
espírito cultural do lugar. Na segunda safra, como pisando em ovos, paulistas,
cariocas, mineiros e, finalmente, os baianos!
Confesso que durante uns anos,
temei a asfixia num gueto exclusivo para gringos. Não fora minha intenção deixar
os encantos da Europa para vir morar num faz-de-conta.
E não é que o milagre aconteceu? Os
soteropolitanos descobriram o Santo Antônio! Verdade é que o bairro tinha sido
poupado da intervenção “enérgica” do velho Cabeça Branca e seus capengas,
Vivaldo e Adriana.
Hoje é uma data especial. No
jornal A Tarde, um longo artigo na página “Imóveis”. Leio que virou chiquérrimo
morar neste velho bairro e que o m2 é
dos mais caros da capital?!!!
Gente!... Virei chique!
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