sexta-feira, 12 de julho de 2013

MEU VELHO BAIRRO

  O bairro de Santo Antônio, centro histórico de Salvador, oferece um rico panorama arquitetônico e cultural da primeira capital do Brasil. 


Desde o Convento do Carmo, do século XVII, 



passando pela igreja do Boqueirão que ostenta uma das mais belas fachadas barrocas da Bahia, até o colorido casario eclético do fim do século XIX.   
    
 

e as mais singelas casinhas interioranas...


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Passou por diversas fases. Períodos de fausto, épocas de abandono e decadência.     


Aqui cheguei em 1975.                                                                       Em 1985 comprei a casa onde moro até hoje. Ela estava em triste estado, vazia por mais de dois anos.                                                                                                                 
 Pouco tempo depois, encantados pela beleza do antigo bairro, começaram a instalar-se  estrangeiros. Italianos, franceses, espanhóis, alemães... 


Muitos abriram pequenas e charmosas pousadas, 



a maioria com vista para a baia, possibilitando empregos e atraindo uma faixa importante do turismo cultural.                     

Hoje existe uma evidente reabilitação do bairro, não tanto no plano econômico – as tentativas de especulação fracassaram -, mas no aspecto sócio-cultural. 
São inúmeros os artistas visuais, músicos, poetas, jornalistas, fotógrafos, arquitetos, dançarinos, cineastas, atores que se mudaram para cá. Todos investindo no velho bairro suas parcas economias e seus ilimitados entusiasmos. 


Abrem-se ateliers e galerias, barzinhos e cafés...

A única falha foi a cargo de uma jovem senhora que, muito rica, achou que o único brilho de seu nome atrairia multidões de endinheirados.  Comprou 40 casas para um mítico projeto de shopping a céu aberto. Após os primeiros entusiasmos, desinteressou-se da fantasia. 


Agora são 40 casas prestes a ruir.                                                   Não se sabe de qualquer interesse em resolver o problema por parte das autoridades locais. Seja IPHAN, IPAC ou Prefeitura, órgão nenhum parece consciente dos inúmeros perigos que rondam uma área tombada pela UNESCO.                         Apesar das constantes denúncias – eu fui até ameaçado pelo IPHAN por causa de minhas incansáveis queixas - casos freqüentes de agressiva descaracterização continuam impunes.                                
                                                                       
Fica mais uma vez exemplificada a dicotomia entre entidades reféns de sua burocracia e arrogância e o espírito construtivo do povo – aquele mesmo que promove manifestações - tentando lutar contra a apatia e omissão daqueles que nos governam.             Ou fingem que nos governam...


Mesmo assim o bairro de Santo Antônio, com ou sem irresponsabilidades dos governantes, ainda é um lugar especial que muito lembra os pacatos vilarejos do interior.




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