Finalmente Salvador tem o restaurante português que merece! A localização poderia ter mais identidade com uma cultura que impregna ainda hoje nosso quotidiano, a decoração interior idem. Estamos longe do Antiquárius do Rio de Janeiro. Mas o cardápio é prometedor e, quando chega, a encomenda vai além das expectativas. Era sexta-feira santa, casa cheia e 99% dos clientes pedindo bacalhau, como era de se esperar.
Nós também.
Mal chegamos, o garçom trouxe a carta dos vinhos. Não me conformo.
Que a gente tome algum aperitivo enquanto espera a mesa, normal. Mas não existe cliente gourmet, a não ser na Bahia, que peça a bebida antes de escolher o que vai comer. Salvo, é claro, em caso de uma garrafa absolutamente excepcional que, só por si, justificaria a ida a determinado restaurante.
A tradição é beber vinho tinto com carne vermelha e aves (conforme o preparo), e vinho branco com frutos do mar e peixe. No caso do bacalhau, prato forte em sabor, um vinho tinto não é descabido, desde que, leve, não abafe o sabor da comida. Mas vá explicar isso a clientela que ultimamente se pretende enóloga...
Desaconselho o couvert. Pães sem graça – que falta faz o pão saloio e o queijinho fresco! - microscópica dose de manteiga e insípido patê, pedacinhos de quiabo esquecíveis. Melhor teria sido pedir pasteis de bacalhau.
Minha confitada de bacalhau, farta e gostosíssima dose, nadando em azeite doce, foi servida com rodelas de batatas que, infelizmente, não têm a mesma textura que ao murro – apesar da definição no cardápio - e a cebolada poderia ter sido mais cozinhada.
O tinto alentejano Alabastro, delicioso, foi servido à temperatura ideal. Ou seja: fresco sem ser gelado.
As natas do céu, sobremesa que eu desconhecia, bem apresentado, foi um agradável complemento a uma excelente refeição. Posso fazer mais uma sugestão? Um restaurante português sem toucinho do céu é como uma bela moça benguela.
Mesas amplas, serviço atencioso e rápido.
Sem a menor dúvida, a culinária portuguesa encontrou finalmente em Salvador seu refúgio. Preços $$$.
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