Conheça Marcus Vinicius, menino de 11 anos que faz renda de bilro em Florianópolis
Nascido em uma família de rendeiras, garoto aprendeu aos oito a tecer com a mãe e a avó
Marcus Vinicius tinha oito anos quando a professora mostrou um livro à turma em que ele reconheceu a fotografia da mãe e da avó. Mais tarde, em casa e com a página aberta, quis saber o que elas faziam:
— Renda de bilro — respondeu-lhe a mãe.
A pergunta seguinte foi tecida de curiosidade.
— Eu também posso aprender?
Três dias depois, nascia a primeiras peça. A mãe reparou que o menino tinha jeito. Para estimulá-lo, tratou de providenciar os equipamentos necessários ao futuro artesão que iria fazer guardanapos, porta-copos, porta-bandeja. A almofada ganhou capa com xadrez miúdo em tom claro, substituindo o chitão florido normalmente usado. O recheio podia ser folha de bananeira, mas ela buscou capim na encosta do morro. Com um detalhe: o miolo tinha que ficar duro para receber os alfinetes. O caixote também devia ser menor do que o normal, suficiente para amparar a almofada e baixinho para seguir o tamanho de quem devia tocar o chão com os pés.
— Renda de bilro — respondeu-lhe a mãe.
A pergunta seguinte foi tecida de curiosidade.
— Eu também posso aprender?
Três dias depois, nascia a primeiras peça. A mãe reparou que o menino tinha jeito. Para estimulá-lo, tratou de providenciar os equipamentos necessários ao futuro artesão que iria fazer guardanapos, porta-copos, porta-bandeja. A almofada ganhou capa com xadrez miúdo em tom claro, substituindo o chitão florido normalmente usado. O recheio podia ser folha de bananeira, mas ela buscou capim na encosta do morro. Com um detalhe: o miolo tinha que ficar duro para receber os alfinetes. O caixote também devia ser menor do que o normal, suficiente para amparar a almofada e baixinho para seguir o tamanho de quem devia tocar o chão com os pés.
Hoje Marcus Vinicius Assunção Silva, 11 anos, é aluno do 6º ano na Escola da Fazenda, no Campeche, Sul da Ilha de Santa Catarina. Tem comportamento de uma criança tranquila e responde com abraços ao elogio da mãe:
— É um filho da paz.
O caçula de três irmãos vem de uma família com tradição na arte de tecer. A mãe, Ilza Maura Assumpção, é costureira e aprendeu a fazer renda com a avó dele, Osneia, filha de Jobelina, que também sabia dançar bilros por entre os dedos e ver as linhas pintando desenhos. O interesse do menino pela arte continua com o passar dos anos. Assim como o hábito de dar as peças que faz de presentes. Mas quando participa de eventos, decide vender o artesanato e investir o dinheiro:
— Compro material, como linhas. Mas também picolés.
Marcus Vinícius tem compromisso marcado para 21 de outubro, quando em Florianópolis é comemorado o Dia da Rendeira. A data foi escolhida porque em 21 de outubro de 1747 partiram as primeiras embarcações dos Açores com destino a Santa Catarina. Ocasião em que deve ser paparicado pelas senhoras rendeiras. Nesses contatos, ele conheceu um rendeiro homem, Edivaldo Pedro de Oliveira, o Dinho. Ambos têm algo em comum: a descoberta na infância do gosto pela renda. Dinho, 60 anos, tinha 12 quando rompeu a tradição dos meninos irem para o mar ajudar os pais nas pescarias. O morador do Pântano do Sul, hoje referência na arte catarinense, preferia ficar na casa de uma prima aprendendo o trabalho manual.
Marcus Vinicius gosta de visitar o Armazém da Renda, no Mercado Público de Florianópolis. O espaço serve para exposições, acervo audiovisual e oficinas demonstrativas de renda de bilro. O lugar foi criado para valorizar o ofício das cerca de 300 rendeiras em atividade. Também para fortalecer as formas de transmissão de saberes e fazeres tradicionais da produção artesanal.
Marcus Vinicius é bom aluno. Gosta de Matemática, Educação Física e História. Dança capoeira, joga futebol, aprende piano. Quando chove, fica na internet. Se faz sol, solta pipa. A conversa com ele não inspira a clássica pergunta para crianças:
— O que você quer ser quando crescer?
A resposta parece tecida no tempo da infância.
— Quero ser menino.
— É um filho da paz.
O caçula de três irmãos vem de uma família com tradição na arte de tecer. A mãe, Ilza Maura Assumpção, é costureira e aprendeu a fazer renda com a avó dele, Osneia, filha de Jobelina, que também sabia dançar bilros por entre os dedos e ver as linhas pintando desenhos. O interesse do menino pela arte continua com o passar dos anos. Assim como o hábito de dar as peças que faz de presentes. Mas quando participa de eventos, decide vender o artesanato e investir o dinheiro:
— Compro material, como linhas. Mas também picolés.
Marcus Vinícius tem compromisso marcado para 21 de outubro, quando em Florianópolis é comemorado o Dia da Rendeira. A data foi escolhida porque em 21 de outubro de 1747 partiram as primeiras embarcações dos Açores com destino a Santa Catarina. Ocasião em que deve ser paparicado pelas senhoras rendeiras. Nesses contatos, ele conheceu um rendeiro homem, Edivaldo Pedro de Oliveira, o Dinho. Ambos têm algo em comum: a descoberta na infância do gosto pela renda. Dinho, 60 anos, tinha 12 quando rompeu a tradição dos meninos irem para o mar ajudar os pais nas pescarias. O morador do Pântano do Sul, hoje referência na arte catarinense, preferia ficar na casa de uma prima aprendendo o trabalho manual.
Marcus Vinicius gosta de visitar o Armazém da Renda, no Mercado Público de Florianópolis. O espaço serve para exposições, acervo audiovisual e oficinas demonstrativas de renda de bilro. O lugar foi criado para valorizar o ofício das cerca de 300 rendeiras em atividade. Também para fortalecer as formas de transmissão de saberes e fazeres tradicionais da produção artesanal.
Marcus Vinicius é bom aluno. Gosta de Matemática, Educação Física e História. Dança capoeira, joga futebol, aprende piano. Quando chove, fica na internet. Se faz sol, solta pipa. A conversa com ele não inspira a clássica pergunta para crianças:
— O que você quer ser quando crescer?
A resposta parece tecida no tempo da infância.
— Quero ser menino.
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