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sexta-feira, 13 de março de 2015

ROMBO NA PETROBRAS...

mostra a dissolução moral do poder

JC Teixeira Gomes

Fiz uma viagem recente e gostaria de estar narrando fatos interessantes aos meus leitores, mas tenho sido obrigado a adiar meu projeto, diante da calamitosa situação nacional: afinal, é um privilégio dispor de um espaço para defender o interesse público, função básica do jornalismo conseqüente.
    Não sei se acontece o mesmo com a maioria dos leitores, mas sinto particular dificuldade em assimilar os dados espantosos do rombo na Petrobras, com números que se agigantam a cada dia: mais do que perplexo, eles me deixam atônito, com crescente incapacidade de compreender como foi possível roubarem tanto no Brasil, sem uma pronta e enérgica reação do poder. Torna-se óbvio que o comprometimento foi geral. Todos os ovos podres, numa mesma cesta.
    O mais recente dado a me causar espanto foi a revelação de que o ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, está sendo obrigado pelo Ministério Público a devolver aos cofres nacionais a extraordinária quantia de 182 milhões de reais, do total que ele já acumulava no exterior, como um dos beneficiários do esquema petista de corrupção na empresa. Amigos leitores, tomemos fôlego para repetir: 182 milhões de reais! Isto apenas em consequência das propinas que recebeu, como um dos integrantes do sistema de ladroagem instituído pelo PT e só descoberto através da delação premiada. 182 milhões de reais num único bolso, fora o que está lá fora e ainda não se sabe! Não há loteria igual.
    Pois bem, leitor amigo: tentemos raciocinar juntos para imaginar o que, no conjunto de toda a roubalheira já denunciada, não só a Petrobras mas todo o Brasil perdeu em investimentos, construção e aparelhamento de hospitais e escolas, melhoria da segurança pública, obras de infraestrutura econômica, ampliação de estradas, aeroportos, portos e ferrovias, empreendimentos na área cultural e até esportiva, enfim, na melhoria da qualidade de vida do cidadão brasileiro, pois a riqueza produzida em todos os níveis gera também os impostos que dinamizam a vida social e consolidam o progresso de um país. Você, leitor amigo, que se espanta a cada dia com as incessantes notícias do saque, pare um pouco, na intimidade do seu lar, para avaliar a extensão do prejuízo, concretamente embutido na assombrosa ciranda dos números já divulgados. Não se espante apenas, pense no que lhe foi roubado a cada dia pelos dirigentes da Petrobrás e pelos governantes petistas, sob cujo poder o descalabro vinha ocorrendo.  E não se esqueça de que você já tinha sido suficientemente tungado pela quadrilha do mensalão!
      A roubalheira começou antes, era do tempo de Fernando Henrique, como já foi denunciado pelo petismo acuado? Vá lá que seja verdade, não duvidemos, a dilapidação do dinheiro do povo é prática antiga no Brasil. Mas, e daí? Em que a suposta culpa do governo de FHC pode absolver a ação mais recente (e já comprovada) da quadrilha petista? O que a sociedade brasileira não aceita é que a tática das acusações generalizadas seja empregada pelos delinquentes já conhecidos, para protelar investigações e assegurar a impunidade tão comum em nossos deploráveis hábitos políticos.
     Na longa sequência de dilapidação do dinheiro do povo, que mancha toda a história nacional, o roubo na Petrobras tem dimensão única. Há uma propaganda safada, veiculada nos últimos tempos na TV para confundir o público, evocando as conquistas da Petrobras e sua história de superação de desafios. Pois bem: o maior dos desafios será doravante o de varrer da sua direção os criminosos que o poder político ali instala, como solidários agentes da pilhagem, do saque e da afronta à dignidade nacional. Pois, afinal, nunca antes foi tão exposta no país a dissolução moral do poder.


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