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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O ROUBO DO STRADIVARIUS

Stradivarius roubado é recuperado
após 35 anos

Instrumento pertencia ao violinista Roman Totenberg, que morreu há três anos

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O Ames Stradivarius, roubado do violinista Roman Totenberg, em 1980, foi recuperado 35 anos depois Foto: AP

WASHINGTON — Em 1980, o violinista Roman Totenberg deixou seu adorado Stradivarius NO escritório para iR saudar os fãs após um concerto. Quando voltou, o instrumento havia desaparecido. A caixa foi encontrada mais tarde na Escola Longy de Música, em Cambridge, Massachusetts, onde ele dava aulas. Mas Totenberg, que morreu há três anos com 101, nunca reviu o violino.

Totenberg acreditava saber quem tinha roubado o violino, mas nunca houve provas suficientes para apresentar acusações. A busca ficou paralisada até junho deste ano, quando a sua filha mais velha, Nina Totenberg, recebeu um telefonema de um agente do FBI. O agente disse que estava olhando para o violino, sob custódia federal.

"Quase não acreditei", disse Nina. "Disse 'Tenho que ligar para minhas irmãs. Vou falar para elas não terem esperanças", mas ele respondeu 'não é preciso. Esse é o violino ''.
O instrumento, conhecido como Ames Stradivarius, foi feito na Itália em 1734 pelo luthier Antonio Stradivari e é uma das poucas centenas de Stradivarius no mundo. Eles podem atingir preços milionários em leilões, como o mais caro da história, vendido por US$ 15,9 milhões em 2011.



Nina Totenberg disse o violino ressurgiu em junho, quando uma mulher o levou para avaliação em Nova York e o avaliador avisou imediatamente as autoridades. A mulher foi casada com Philip S. Johnson, que morreu na Califórnia em 2011. Ela não quis comentar o caso pediu que seu nome não fosse publicado. Ela não foi acusada de qualquer crime.
O obituário de Johnson o descreve como "um excelente violinista de 40 anos", mas não especificou onde ou com quem tocava. Totenberg disse que ele era um violinista aspirante que foi visto ao redor do escritório de seu pai no momento do roubo. Segundo ela, diante da falta de provas a polícia não podia obter um mandado de busca para o Stradivarius.
"Antes não podíamos fazer nada. (Meu pai) seguiu em frente, comprou outro violino e viveu o resto de sua vida", acrescentou.

HISTÓRICO DE ROUBOS

Criança prodígio na Polônia, Roman Totenberg comprou o Stradivarius em 1943 por US$ 15 mil — atuais US$ 200 mil. Esse foi o único instrumento que ele tocou até ser roubado. Continou se apresentando até depois dos noventa anos e deu aulas na Universidade de Boston até a sua morte.

"Essa perda foi para o meu pai, como ele disse na época, como perder um braço", disse a filha Jill Totenberg, que trabalha como executiva de relações públicas em Nova York. "Recuperá-lo três anos depois de sua morte é para nós como voltar a tê-lo vivo."


Histórias de roubo não são incomuns para os Stradivarius, apesar de os instrumentos serem praticamente impossíveis de vender no mercado negro, disse David Schoenbaum, um professor aposentado que escreveu um livro chamado "O Violino".

"Essas coisas são muito valiosas e muito atraentes, tentando para o roubo, e há casos conhecidos de violinos roubados e desaparecidos por muitos anos", disse Schoenbaum. "É muito difícil de se livrar de um. Todos seguem você e se for a uma loja de penhores vai receber US$ 35. Você tem que levá-lo a um vendedor e ele chamaria a polícia de imediato."

Outro famoso Stradivarius, o Gibson, foi roubado em 1936 e o ladrão, um músico comum, admitiu os fatos em seu leito de morte, em 1985. Ele está agora nas mãos do violinista Joshua Bell.

Segue desaparecido um instrumento que pertenceu a Erika Morini. Ele foi roubado de seu apartamento em 1995 por alguém que tinha a chave do armário onde ficava guardado. Nada foi dito a ela sobre o roubo antes de sua morte semanas mais tarde.
O Stradivarius Ames está desgastado pelo uso, o que indica que não foi conservado de forma profissional, mas em geral está em bom estado. Agora, a família pretende vender o violino quando for devolvido, mas não a um colecionador.

"Estou feliz porque o violino, uma vez que for restaurado, poderá voltar às mãos de um grande artista", disse Totenberg.



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