OS OVOS DE OURO DA RUA CHILE

Dono de currículo prestigioso - em Londres a palavra Savoy significa absoluta confiabilidade - o ainda jovem empresário Antônio Mazzafera, mineiramente silencioso, acaba de comprar 124 imóveis (entre prédios, lojas e salas) na Rua Chile e adjacências pela bagatela de R$150 mi. Como não parabenizar alguém que, vindo de fora, descobre a galinha dos ovos de ouro?

O PALACE HOTEL VOLTA A SEU BRILHO

 O glamour do Palace Hotel ressurgindo de suas cinzas e alguns preciosíssimos edifícios salvos do arruinamento... Pesquisando no Google, se algumas soluções me pareceram precipitadas, a proposta devolverá a esta parte do centro histórico a autoestima perdida. Talvez os soteropolitanos esqueçam seu ridículo preconceito quanto ao centro histórico da primeira capital do Brasil. 

A área Chile nunca foi residencial, mas sim comercial. Comércio, escritórios e consultórios movimentaram o bairro por muitas décadas, até começar a praga dos shopping centers. Estes, na maior parte da Europa, proibidos dentro do perímetro urbano, preservando assim o comércio de rua. 

Poderia continuar a tecer louvores a tão instigante projeto não fosse a estranha postura do Iphan. De um lado, libera sem demora todos os alvarás para este empreendimento. De outro, eliminando o ETELF por imperial decisão, autoriza a derrubada de 31 imóveis coloniais, expulsando seus miseráveis e assustados moradores. 

O superintendente convive socialmente com o empresário. 

Será que existe uma decisão deliberada de prejudicar os humildes no único intuito de favorecer a empresa Fera?

A PREFEITURA DERRUBOU, COM AVAL DO IPHAN, 
31 IMÓVEIS TOMBADOS PELA UNESCO.

Alguém falou “Não se faz omeletes sem quebrar ovos!”. Só que não é de ovos que se trata, mas sim de seres humanos. As oportunas chuvas torrenciais de abril permitiram o descalabro. Já os arcos da ladeira da Conceição tiveram mais sorte, pois os moradores se beneficiaram de um levante da opinião pública. 

A administração do Iphan precisa ser totalmente reestruturada. Com urgência. No debate da Faculdade de Arquitetura, isso ficou bem claro.