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terça-feira, 14 de julho de 2015

MAL-ESTAR NA BARRA

Como presidente da Associação dos Moradores e Amigos da Barra - AMABARRA, venho, desde abril último, tentando fazer um pronunciamento na chamada "Tribuna do Povo" da Câmara de Vereadores de Salvador, a fim de levar problemas de meu bairro ao conhecimento dos edis e do público frequentador deste espaço, nominalmente franqueado a todos os cidadãos. 
Depois de muitos adiamentos, ficou marcada a minha manifestação para ontem, segunda-feira, dia 13 de julho de 2015. Apresentei-me no horário aprazado e cheguei a subir à tribuna, mas quanto eu me preparava para falar percebi que uma funcionária se empenhava em fazer com que vereadores da situação deixassem o recinto, no que foi de pronto obedecida. 
Quando, a seguir, se fez a verificação, constatou-se que não havia quorum. A manobra de esvaziamento foi feita às escâncaras, sem o menor pudor. Embora com o meu microfone desligado, protestei de imediato, chamando a atenção para o tratamento desrespeitoso dado não só a mim e à minha Associação como a todos os cidadãos presentes e, em última análise, a toda a sociedade civil soteropolitana.  Torno agora disponível neste espaço o pronunciamento que os edis precipitados numa fuga ridícua não quiseram ouvir. 
Como se pode ver, ele nada tem de bombástico nem encerra qualquer ataque a autoridades ou tomada de posição relativa ao jogo político eleitoreiro. Lamentamos o bisonho boicote que se tentou. Mas sabemos que ele está destinado ao fracasso: temos recebido muitas manifestações de apoio dos mais diversos setores da sociedade civil soteropolitana, que com razão se sente ofendida. 
Ela mostra, assim, que não se resigna ao silêncio imposto de forma autoritária nem admite ser menosprezada.
Regina Martinelli Serra



Vou começar saudando o Ilustríssimo Presidente da Mesa e seus componentes , os edis que compõem esta plenária, assim como os dignos representantes da sociedade civil aqui presentes e todos os cidadãos e cidadãs que me ouvem. 
Como presidente da Associação de Moradores e Amigos da Barra- AMABARRA , desde abril de 2014, solicitei espaço nesta Tribuna para falar do Projeto de Requalificação da Barra. 

Este projeto, feito sem participação da comunidade , resultou em uma série de problemas que demandam ajustes para que se obtenha sucesso. Reconhecemos a boa intenção da prefeitura, e a procuramos desde que soubemos pela imprensa de suas intenções de intervenção. Nossa atitude sempre foi a de buscar o diálogo no intuito de colaborar para que um bairro com a dinâmica, a história e a importância da Barra fosse respeitado e requalificado de maneira participativa e democrática. 

Infelizmente, quiçá por motivo de pressa e na tentativa de adequar-se ao cronograma de desembolso de recursos destinados às obras oportunizadas pela COPA, um conceito foi imposto pela administração e o cotidiano do bairro foi completamente modificado sem consulta prévia a moradores, comerciantes e demais usuários do bairro. Reconhecemos que, posteriormente, tivemos por parte de algumas secretarias e técnicos da PMS alguma acolhida e disposição para o diálogo, mas isto se deu com muito esforço e de modo precário. Tudo que pretendemos é garantir a nossa participação cidadã em planos e intervenções que afetam nossa vida, conforme nos garantem a Constituição e o Estatuto da Cidade. 

Consideramos que temos o direito de opinar e fazer críticas construtivas em defesa do interesse público. Lamentamos constatar que algumas pessoas insistem em nos atribuir interesses político partidários. Quem o faz, mente. Tentam desqualificar uma associação séria, inteiramente apartidária, que procura da melhor maneira refletir o que é discutido e aprovado em suas reuniões. Na semana passada a TRANSALVADOR acatou proposta da comunidade no sentido de abrir o trânsito na região do Porto da Barra durante a semana. Agradecemos e consideramos que outras medidas devem ser tomadas para retirar o tráfego pesado de ruas internas como a Rua Afonso Celso, predominantemente residencial, que absorveu todo o trânsito das Ruas Marques de Leão e Av. Oceânica. 

Em setembro de 2014, protocolamos ofício 51/2014 à então Secretaria Municipal de Urbanismo e Transporte, solicitando revisão e atualização do projeto de engenharia de tráfego para a Barra e áreas adjacentes. Tal não foi feito, e os problemas de mobilidade, apesar de minimizados, não foram resolvidos. Na região do Farol da Barra, duas ruas que agora 2 oferecem vagas de estacionamento, têm o mesmo sentido, o que obriga quem não é bem sucedido na primeira busca a fazer o circuito de todo o bairro para tentar estacionar na outra via. Quem vem da região de Ondina, precisa também ir até o Porto da Barra para chegar a esta área. Aproveito para falar da inexistência de abrigos nos pontos de ônibus das Ruas Miguel Bournier e Marquês de Caravelas, já que o representante da Associação Municipal e Metropolitana de Transportes (AMUT), Sr. Jorge, nos sucederá nesta tribuna. 

No lançamento da Agência Salvador Negócios, dia 06 do corrente mês, o Sr. Carlos de Souza Andrade presidente da Fecomércio, (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), destacou que a perda do dinamismo na região da Barra é maior do que no restante do setor em toda a nossa cidade. Trata-se de uma evidência inquestionável. Em vez de reconhece-la, há quem tente , a todo custo, minimizar a importância do comércio local ,ou mesmo menosprezá-lo, criticando sua suposta incapacidade de adaptação ao novo conceito. Novamente se verifica a falta de diálogo e a imposição de um modelo sem que antes se tenha propiciado a infraestrutura necessária para implantá-lo. Até o que foi proposto no Projeto de Requalificação apresentado à comunidade, está visivelmente incompleto. Faltam sanitários públicos, embutimento dos fios, quiosques para as baianas e vendedores de coco, drenagem pluvial , paisagismo e áreas de apoio ao turista. 

Vimos solicitar o apoio de todos os vereadores, quaisquer que sejam suas agremiações partidárias, para que olhem para a Barra como um patrimônio da cidade a ser preservado, não explorado. Por favor, visitem a Barra, consumam na Barra em todos os dias da semana. Deixem de evitá-la , ao contrário do que propunham aquelas placas colocadas no Largo da Vitória e na Av. Princesa Leopoldina durante as obras. Fazemos este apelo por ter constatado que a população continua a evitar nosso bairro mesmo depois da conclusão das obras. Isto se deve provavelmente à falta de sombreamento, à escassez de estacionamentos, ao nosso precário sistema de transportes, ao esvaziamento das ruas internas, escuras e inseguras.

 A nossa intenção ao apontar as deficiências não objetiva desqualificar a Barra mas obter do poder público as ações necessárias a tornar nosso bairro convidativo e funcional. Estamos de acordo com o favorecimento do pedestre mas não pela mera restrição ao uso do carro; é preciso tornar esta uma opção 3 natural e não uma imposição , que afasta os frequentadores. Temos um rico conjunto monumental que está sendo subutilizado ou até mesmo negligenciado com prejuízo para o turismo e para o desfrute cultural de nossos cidadãos. Temos uma das mais belas praias do mundo severamente poluída. Poderíamos ter equipamentos instalados que possibilitassem animação cultural , valorizando nosso artesanato, nossa culinária, nossas manifestações artísticas , de um modo muito mais profícuo que o uso periódico de vias públicas para esse fim, com inevitáveis transtornos. 

A AMABARRA empenha-se agora na criação do Parque Marinho da Barra, e a propósito disto já procurou as autoridades desta Casa. Esperamos que o projeto seja encampado pelos edis e efetivado em benefício de toda a cidade do Salvador, do Estado da Bahia e do Brasil. Também lutamos para que a ideia de planejamento participativo seja seriamente acatada por nossas autoridades. Lamentamos ainda não ter um Plano de Bairro, nem uma visão urbanística que integre realmente a Barra ao conjunto da cidade de Salvador. Nossas críticas não são destrutivas nem se baseiam em ficção. Isto que estamos expondo pode ser verificado por qualquer pessoa que circule pelo bairro. 

Apontamos problemas para ajudar a resolvê-los. Lamentamos que o diálogo com as autoridades municipais tenha sido interrompido de maneira brusca e unilateral, pelo simples fato de continuarmos a apontar problemas evidentes. Não abdicamos de nossa cidadania e vamos insistir no mote da participação democrática, inclusive participando das discussões sobre Salvador 500, PDDU e LOUOS. Reiteramos o convite a todos os vereadores e cidadãos aqui presentes para que visitem a Barra e participem do diálogo com nossos associados. Nossas reuniões acontecem toda última quarta-feira do mês na Associação Atlética da Bahia das 19h às 21h. 

Nosso e-mail amabarranovagestao@gmail.com 

Agradecemos a oportunidade que nos foi dada para falar nesta casa do povo de Salvador. 

Regina Martinelli Serra Presidente AMABARRA
 Conselheira Comunitária 
Subprefeitura Barra/Pituba

Um comentário:


  1. Acompanhando pela internet as questões urbanísticas, sociais e do patrimônio cultural e histórico levantadas nos bairros percebi que os baianos ainda não se deram conta de que o que na verdade está acontecendo, Além do descaso longevo de governantes e governantes, a cidade se tornou a materialização do autoritarismo sorrateiro, insidioso e cruelmente pérfido. Enquanto os movimentos em certa medida não se unificarem - a despeito das diferentes demandas e características de cada sítio - nem o Estado, nem o coronelzinho provinciano, adepto de uma visão estética suburbana e devastadora, irão se importar com os gritos e os sussurros das gentes. O brinquedinho é meu, eu quebro quanto eu quiser.

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