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sexta-feira, 3 de julho de 2015

A ARTE DA PEDRA PORTUGUESA

ARTISTA PORTUGUÊS CRIA ROSTO DE AMÁLIA EM CALÇADA DE LISBOA

Amalia


O artista Alexandre Farto, que assina como Vhils, criou o rosto de Amália Rodrigues em calçada portuguesa, em colaboração com calceteiros da Câmara de Lisboa, uma obra que será desvendada na quinta-feira e vai ser capa de um disco.

A obra, que teve “dois a três meses de preparação mais quatro semanas de trabalho com os calceteiros” da Câmara de Lisboa e da Escola de Calceteiros de Lisboa, é a primeira de Vhils em calçada portuguesa, contou o próprio à agência Lusa.

Alexandre Farto escolheu trabalhar com este material, “muito importante para a história de Lisboa”, para “valorizar o lado artístico da calçada portuguesa e os calceteiros”. “A ideia era mais fazer uma colaboração com os calceteiros do que ter uma obra minha, misturando duas linguagens e fazendo um paralelismo com a arte pública mais antiga da cidade”, disse.

O desafio para criar o rosto da fadista partiu de Ruben Alves, o realizador de “A Gaiola Dourada”, que quando idealizou a capa do disco que andava a preparar – “Amália, As Vozes do Fado”, uma homenagem com fadistas da nova geração – se lembrou que “o fado é uma música urbana que nasceu nas ruas”, tal como o trabalho de Vhils.

“Ele aceitou logo o desafio e foi mais longe do que a minha proposta, sugerindo que o rosto fosse feito em calçada portuguesa”, contou Ruben Alves à Lusa.
Apesar de ser em calçada portuguesa, o retrato “aparece como uma onda do mar que [começa no chão e] subiu a parede”, explicou Vhils, acrescentando: assim, quando chover, “faz chorar as pedras da calçada”, havendo uma ligação ao fado.


Com o disco, no qual participam, entre outros, António Zambujo, Carminho, Camané, Gisela João e Ricardo Ribeiro, o realizador quer passar “uma imagem atual do fado, sem desvirtuar as músicas originais”.
“Amália, As Vozes do Fado”, que estará à venda a partir do dia 17 de julho, conta ainda com a participação da irmã da fadista, Celeste Rodrigues, “que canta um tema que Amália nunca tinha gravado”, do brasileiro Caetano Veloso, da cabo-verdiana Mayra Andrade e do angolano Bonga, que faz um dueto com Ana Moura numa música produzida por Branko (dos Buraka Som Sistema).


Ruben Alves admitiu que este último tema, “Malhão”, poderá ser alvo de algumas críticas, por ter sido produzido por um músico mais ligado à música eletrónica, mas Amália “também foi muito criticada e será super visionária, sempre à frente”.



“O Fado cheira sempre a saudade”

No início deste ano, o artista português Aires Fumega criou um mosaico em pedaços de azulejo com o retrato de Amália Rodrigues. A obra (foto em destaque) com o nome “O Fado cheira sempre a saudade” é parte integrante do projeto “Mulheres para Sempre”, que se mantém em digressão pelo Brasil
“Mulheres  para Sempre” é um conjunto de 12 obras de duas grandes divas: Amália Rodrigues e Elis Regina.


Aires Fumega nasceu em Vila Verde, Braga, e a sua paixão pela arte em pedaços de azulejo teve início em 1989, aquando uma visita de estudo a Barcelona. O Parque Guëll, obra emblemática do grande Antoni Gaudí, do início do sec. XX, serviu de inspiração ao trabalho que desenvolve.
A figura feminina, com estilo, sensualidade e mistério, é normalmente o tema das suas obras.
Fotos ©Aires Fumega

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