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sábado, 2 de maio de 2015

MINHA LÍNGUA PORTUGUESA

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Saímos emocionados. Nó na garganta. Já no carro, meu irmão confessou: “A gente se sente tão orgulhoso de falar português!”. O Museu da Língua Portuguesa em São Paulo é um dos espaços mais belos, instigantes e dignos que conheço.
Aprendi a língua de Eça em Lisboa, durante quinze anos de prática, dentro do relativo academismo que até as varinas e os saloios dominam desde o Minho ao Algarve. Lembro de meu espanto ao ouvir “Me dê dois pão!”pela primeira vez, na soteropolitana padaria A Favorita. 
Até escrever n´A Tarde, o caminho foi longo, minha língua materna sendo o francês apimentado com expressões do árabe dialetal marroquino. No liceu Gouraud de Rabat, latim, inglês como segunda língua e espanhol como terceira. Em todas, admito, péssimo aluno. 
Mas, querendo ou não, algo ficará para sempre na memória do irrequieto ex-adolescente.

Foi aqui, na Bahia, que mergulhei com intensa volúpia na tentativa de dominar o português. Dois dedos no teclado da Olivetti. Modestamente, publicando no Shopping News. Mais tarde na Gula, gulosa revista paulista. No suplemento chefiado por Patinhas na Tribuna da Bahia. Aterrissando – agora mal equilibrado no computador cheio de armadilhas - por uns anos na Gazeta Mercantil e finalmente, desde 2010, neste centenário quotidiano que hoje me abriga. 
Não sei o que pode sentir alguém que nasceu na língua de Fernando Pessoa e Euclides da Cunha ao escrever, mas para mim, educado entre Molière e Balzac, poder me expressar lusitanamente – apesar de limitações mil – tem o sabor de uma constante vitória. É como se conseguisse andar em campos floridos, mas movediços. 
Descobrir uma nova palavra, encantamento. Abro o dicionário – sou fã de dicionários – e encontro: Esfolhear, Remeloso, Comutar, Ofegoso... Não parece música de Bartok ou Boulez? Gostaria de usar estas palavras, mas como, sem dar uma de sabichão novo-rico? 
Pois é... Assumo. Adoro minha língua portuguesa!

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