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sábado, 18 de abril de 2015

CIRANDA DAS OMISSÕES


Juca Ferreira, novamente ministro da Cultura – e um dos poucos nomes adequados à sua missão – esteve em Salvador. Visitou Santa Engrácia, digo o Museu da Cultura Afro-Brasileira, em gestação desde 2002. Ocupar o surreal Tesouro, desprovido de qualquer área verde, essencial nas culturas e rituais africanos, sempre me pareceu contra-senso. 



Visitou o Trapiche Barnabé – ainda aguardando o alvará do IPHAN - e um centro histórico em frangalhos (obrigado, Conder!) onde o IPHAN - de novo! - somente intervém quando o orçamento da obra ultrapassa vários milhões.  

Tivesse mais tempo, tê-lo-ia levado a passear pelas ruas de meu bairro. O Santo Antônio já foi digno de brilhar na lista da UNESCO. Hoje não mais.  
Em 1997, durante seis meses de transtorno, poeira e lama, a Rua Direita foi esburacada pela Embasa, Coelba e Telebahia. O projeto era enterrar toda a fiação. 18 anos se passaram. 


O emaranhado da fiação aérea continua sendo a risada condescendente dos turistas. Garagens, esquadrias de alumínio, puxadinhos, contadores da Coelba nas fachadas azulejadas, imóveis de vários andares, descaracterizações e vandalismos mil, sem que jamais seja mandado um só fiscal do palácio da Bela Adormecida, lá na imunda ladeira do Berquó. 
Já sei. Tem gente que não vai gostar do desabafo. Funcionários públicos que nós pagamos com suados impostos e que não cumprem com suas obrigações.




A avacalhação do bairro não é tanto culpa dos moradores e comerciantes, mas muito mais dos três poderes que se omitem e em nada informam quanto às restrições do casario tombado como Patrimônio Mundial e muito menos quanto às vantagens.

 O município, por exemplo, alguma vez esclareceu que imóveis antigos, conforme a idade, têm direito a polpudo abatimento no IPTU? 
Na ciranda da mudez, o NUDEPHGAC (Ministério Público) também tem sua parte. Duas queixas por mim devidamente protocoladas nunca obtiveram a mínima resposta.

Cansativa, esta ciranda!

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