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sábado, 7 de fevereiro de 2015

IEMANJÁ E A REVOLTA DOS MALÉS



Adeptos mais ufanistas das religiões de matriz africana repetem que o cristianismo tem só dois milênios, enquanto o culto aos Orixás remontaria a cinco mil anos. Não há provas arqueológicas de tamanha antiguidade. Iemanjá, por exemplo, na imagem como é cultuada no Brasil, esbelta mulher branca com cabelo lisos, vestida de seda branca e azul, tal imagem é invenção brasileira do século XX, às vezes também representada como Janaina, a sereia mãe d’água. Há sete distintas Iemanjás na mitologia afro-brasileira, sendo sincretisada com diversos títulos de Nossa Senhora: da Purificação, das Candeias, Candelária, etc. É a orixá mais popular em todo o Brasil, sendo homenageada com rosas, perfume de alfazema, bonecas barbies, champanhe, elementos  inexistentes na pré-história africana. Como todas as religiões, o Candomblé sempre teve a sabedoria de incorporar elementos novos em sua tradição ritual. Igual ao cristianismo, devedor do judaísmo e das mitologias grecoromanas. Como dizia a sapiente Yalorixá Olga de Alaketu, “o deus de Roma é um, os orixás são outros, mas a união faz a força!”
O historiador João Reis fez palestra na Biblioteca Central em lembrança dos 180 anos da revolta dos Malês (1835). Desconstruiu o imaginário dos mais ufanistas que pintam a Mama África como paraíso terreal: mostrou a existência pré-colonial da escravidão e etnocentrismo, abomináveis condutas supra-raciais. Equivocou-se ao negar peremptoriamente que o étimo nagô, como eram chamados os ioruba entre os portugueses e franceses, destilava odioso preconceito inter-trbial, como ensina Vivaldo da Costa Lima, que realizou pesquisa in loco: “o antigo apelido de anagô, em fõ, significa piolhento” . Lembrou que os revoltosos muçulmanos afro-baianos pretendiam manter a escravidão e como fiéis seguidores de Maomé, menosprezavam os negros “pagãos” que cultuavam os Orixás.
Felizmente prevaleceram  a Rainha do mar e a Stella maris. Muito mais tolerantes que a sharia que manda apedrejar as adúlteras e os gays.


Luiz Mott
Fone: 71 - 3328.3782 / 9128.9993


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