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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

NÃO Á NOVA ESTAÇÃO DA LAPA

ADRIELLY OLIVEIRA CARNEIRO


Salvador, 13 de Janeiro de 2015
Ao Prefeito de Salvador ACM Neto
Ao Secretário de Urbanismo Silvio Pinheiro
Ao Secretário de Mobilidade Fábio Mota
Escrevemos esta carta com o objetivo de questionar o novo projeto da Estação da Lapa, que em breve será de motivo intervenções por parte do governo municipal.
A Estação da Lapa, executada em 1986 pelo arquiteto João Filgueiras Lima, Lelé, é um dos mais importantes espaços públicos de Salvador, representando um dos únicos meios de acesso de massa à região do Centro, sendo fundamental para mobilidade de milhares de usuários por dia. A estação está inserida numa região muito particular da cidade, pertencente ao Centro Antigo e próxima ao Centro Histórico, e por sua implantação consegue conectar os Barris à Piedade.
Os projetos de Lelé são marcados por sua evidente preocupação com a cidade e pelo aproveitamento de luz e ventilação naturais, sinais de preocupação econômica e ambiental.
A necessidade de uma atualização da Estação não é questionada. Uma reforma que crie condições de trazer maior conforto e fruição para este local pode melhorar o cotidiano de milhares de soteropolitanos. Entretanto o projeto divulgado não respeita a importância da estação atual, obra relevante no movimento moderno baiano, sendo um dos primeiros terminais de transbordo do Brasil. As imagens preliminares do projeto mostram um total desacordo entre a obra de arquitetura e a cidade.
Além de as imediações da Estação da Lapa já contarem com dois Shoppings Centers, a criação do mais um Shopping na região central, levando a uma maior concentração de serviços, virá a enfraquecer ainda mais o comércio da Avenida Sete e Baixa dos Sapateiros, que sim deveria ser o alvo das atenções dos investimentos municipais. Ali, incentivos fiscais e acessibilidade para pedestres são apenas duas iniciativas básicas mais que urgentes para a região.

O volume da construção indicado nas imagens divulgadas é incompatível com a implantação no vale, levando a um incremento de densidade construtiva em um local onde a qualidade ambiental já está extremamente prejudicada por uma ocupação maciça e descontrolada. Ali se precisa de abertura, mais ventilação, áreas verdes: o contrário daquilo que está representado nas imagens divulgadas do referido projeto. Soma-se a isso a proximidade com o Convento da Lapa, edifício tombado, cuja ambiência estaria completamente descaracterizada diante da construção de tal volume que viria a funcionar como uma barreira entre o Convento e o vale.
Por isso defendemos a realização de Concurso Público de Projetos de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo para áreas estratégicas da cidade, que podem tornar sua realização mais transparente e democrática, e garantir a maior qualidade das intervenções urbanas pelos seguintes motivos:
1. Diversifica o repertório de soluções possíveis para atender a complexidade, seja do projeto arquitetônico ou do projeto urbanístico alvo de intervenção;
2. Promove a seleção de projetos qualificados, com equipes interdisciplinares, a partir de termo de referência elaborado de forma participativa e de critérios técnicos adotados por uma comissão de julgamento;
3. Define que o vencedor desenvolva e coordene todas as etapas de projeto de maneira integrada, a partir da formação de equipes multidisciplinares com perfil específico para a demanda e competência comprovada. Com isso, a etapa de planejamento torna-se mais precisa, resultando em obras mais eficientes do ponto de vista dos seus custos/ benefícios;
Deste modo, emitimos a nossa contrariedade com o projeto apresentado e reforçamos o apelo à realização projetos que contem com maior participação da sociedade, que levem em conta a importância do patrimônio histórico e arquitetônico da cidade de Salvador, projetos que dialoguem com as reais necessidades da população e entendam as suas especificidades.

Um comentário:

  1. Quem sai aos seus não degenera.
    O mini feitor só irá voltar atrás com o MP intervindo.
    Pelo que li em algum lugar, e não sei se procede, o projeto e a exploração por 35 anos coube a um contraparente dele.
    Não esqueçam de que a Bahia ainda é um feudo. E Salvador é o manso senhorial. Alguns conseguem estar no manso servil e todos nós, os sem vozes,estamos nas terras comunais.

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