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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

KÁTIA ABREU É KÁTIA ABREU

IVAN VALENTE


Na primeira entrevista organizada após a posse, a Ministra Katia Abreu, da pasta da Agricultura, não só confirmou o que se esperava de uma latifundiária empedernida, como desfilou um conjunto de mentiras encampadas pelo discurso ruralista por ela representada na Confederação Nacional da Agricultura e agora no Ministério.
A somatória de impropérios por ela pronunciada começa com a ideia de que "não há mais latifúndios no país". Sendo que o Brasil é um dos maiores exemplos de concentração fundiária no planeta. 
Quando é sabido que 0,3% das propriedades concentram 30% das áreas de produção agropecuária. Com aquela frase ela, também, quis embutir a ideia de que não há terra improdutiva no Brasil e que todas as propriedades obedecem ao dispositivo constitucional da "função social da propriedade". 
Ou seja, reforma agrária, segundo ela, é questão pontual. E não me invadam terra, por favor! Katia Abreu mostra que a "a modernidade" chegou ao campo e que a luta social pela reforma agrária é inútil.Haja estômago!
Mas quando se refere a questão indígena ela se supera, como bem convém a uma ruralista radical que na sua posse fez "uma declaração de amor" aos seus colegas de bancada. Ela foi capaz de dizer que : os índios saíram da floresta e passaram a descer para as áreas produção. 
Ou seja, não foram os madeireiros, os a gropecuaristas e mineradoras que, com suas "motoserras e correntões", invadiram as florestas, ocuparam terras indígenas, grilaram terras e mataram índios, apoiados, muitas vezes pelo Exército, Polícia e Justiça. 
Ela culpa os índios pelos conflitos existentes. Quanta mentira e insensatez. Mas, ela é muito boazinha e se mostra disposta a "ajudar os índios a produzirem", se colocando como parceira dessa colaboração. Ou seja, Katia Abreu quer que os índios não sejam mais índios, mas produtores rurais e pecuaristas "produtivos".
Essa é a Ministra que Dilma Rousseff colocou no Ministério da Agricultura, de onde estará em posição privilegiada para inviabilizar a reforma agrária e a demarcação das terras indígenas (com a aprovação da PEC 2015). 
A maior responsabilidade pelo retrocesso das pautas que interessam a justiça social no Brasil é da própria presidente da República. 
E não foi por falta de informação e aviso.
Ivan Valente

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