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segunda-feira, 14 de julho de 2014

O ÚLTIMO ARTIGO...



... DE JOÃO CARLOS TEIXEIRA  GOMES
 PARA O JORNAL A TARDE

O BRASIL E O PADRÃO FIFA
  

Tendo tido o espaço da coluna reduzido e sendo um articulista de meros 15 dias, meu caminho agora é comentar simultaneamente assuntos diversos, pela regra jornalística que impõe que o comentarista esteja sempre próximo dos fatos. Farei artigos tipo “catadinho”, pensando se já não é tempo de guardar as chuteiras.

   Meu primeiro objetivo hoje é prestar comovida homenagem à memória do grande Plínio de Arruda Sampaio, que morreu, dia oito, aos 83 anos. Longa trajetória pública de notável coerência ideológica e dignidade política. Foi uma das mais atuantes figuras do Partido dos Trabalhadores, que abandonou em 2005, indignado com os rumos do petismo no poder. No auge da militância, jamais poderia imaginar que o PT vitorioso acabaria por transformar-se no valhacouto dos corruptos do mensalão. Depois que deixou o partido, foi execrado pelos espertalhões que se uniram a Maluf, Sarney, Collor, Calheiros e a escória do mesmo naipe, para,com tais aliados,se perpetuarem no poder fraudado. Na sua morte, silenciada pelo PT, lembremos aqui que Arruda Sampaio merece todas as homenagens do Brasil honrado.

     Meu segundo assunto hoje no “catadinho” é a melancólica Copa, grandiosa até que o Brasil tomou o baile histórico da Alemanha. D. Dilma e o eterno Lula já se preparavam para explorar eleitoralmente o sucesso esportivo do evento. Tanto assim que o governo federal aproveitou na TV o intervalo das partidas para fazer uma das mais custosas propagandas em torno da Petrobrás, na tentativa de limpar a imagem da empresa, arranhada pela absurda compra da refinaria, nunca explicada.Conhecendo bem a dependência do brasileiro ao poder, embora a indignação do público consciente com a situação do Brasil seja cada vez maior, não vai ser fácil mudar o placar do jogo eleitoral, com Dilma e Lula vestindo a camisa do Bolsa Família Futebol Clube. De resto, o adversário mais forte, o PSDB de Aécio, não tem boa tradição, pois não costuma jogar a favor do povo.

    Já o velho ardiloso Lula da Silva jamais imaginou que, trazendo para o Brasil a Copa que tantobeneficiou banqueiros e empreiteiros, iria levar tão longe a caminhada da Argentina (escrevo antes da final, mas, qualquer que tenha sido o resultado, “loshermanos” foram longe demais. Evoquemos o Uruguai de 50). Corremos o risco de transformar os estádios brasileiros no aprazível recreio dos rivais sul-americanos.

    Muito se falou no Brasil contra o Padrão Fifa. Mas, recordemos: o que eram os estádios brasileiros antes da Copa? Lugares desconfortáveis, de sanitários imundos, latrinas fétidas, lotações exageradas, acesso tumultuado, estruturas envelhecidas. Apenasnão era preciso superfaturar tanto para que os estádios ajudassem a fazer uma grande Copa, nem eles vão melhorar a qualidade do nosso futebol. Até porque, a Copa consolidou o que a imprensa esportiva tenta esconder há anos: o futebol brasileiro é decadente. O mundo evoluiu, o Brasil estagnou e retrocedeu. 
Contra a Alemanha, não houve “apagão” ou “pane”. Houve, sim, a desastrosa evidência de um retrocesso exposto e carimbado sete vezes.


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